- Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
Délis Pâmella de Fátima Dantas Lima
- 15 abr 2024
Os saberes populares acerca das plantas medicinais atravessa gerações. O uso de fitoterápicos para diversos propósitos é comum entre a população, segundo Soares e Pessoa (2022) “estima-se que 82% dos brasileiros usem produtos à base de plantas medicinais para cuidar da saúde”. No dia a dia de muitos habitantes de Macapá, é comum encontrar indivíduos que relatam possuir em sua casa plantas com propriedades medicinais, seja pela vantagem terapêutica que oferecem ou pela economia em comparação aos remédios produzidos em laboratórios.
Em períodos que ocorrem surto de gripe no município, por exemplo, é comum ouvir orientações acerca da preparação de chás e/ou “misturas” para amenizar os sintomas da doença. Ouvindo essas recomendações tão frequentemente e com tanta propriedade, teve-se a iniciativa de organizar uma oficina de conhecimentos populares sobre plantas medicinais, seu modo de cultivo e uso para fins medicamentosos e/ou alimentares. O presente estudo teve como participantes pacientes de um grupo terapêutico chamado Saúde em Movimento, localizado na Unidade Básica de Saúde Brasil Novo, zona norte de Macapá. A oficina ocorreu no período matutino, das 7h30min às 11h00min, no período correspondente ao mês de julho de 2023, totalizando 15 pacientes.
Relatar sobre o cultivo e uso de plantas medicinais tendo como palestrantes pacientes de um grupo terapêutico.
A troca de experiências foi enriquecedora visto que o conhecimento sobre as inúmeras doenças e as plantas que as combate, tratam ou auxiliam no tratamento foi surpreendente. Dessa forma, os problemas de saúde ou desconfortos mais citados foram a hipercolesterolemia, inflamações, gripe, dores, gases, tosse e relacionados ao aparelho digestivo. Foi possível observar que a utilização de plantas medicinais pode ser influenciada por diversos fatores, como a informação acessível no ambiente, a aprendizagem individual e a difusão social. Nota-se que isso independe da idade, visto que mesmo as participantes mais jovens já possuem informações sobre o uso medicinal, seja para alívio imediato de uma dor, seja para tratamento auxiliar de uma doença. Salienta-se que as participantes informaram os devidos cuidados para não haver uma superdosagem, por exemplo, e o cuidado com a higienização antes do preparo.Houveram orientações acerca da utilização da planta para cada condição “clínica”, sua dosagem, duração do tratamento e os cuidados no cultivo (plantas que precisam do sol e aquelas que não sobrevivem aos raios solares).
A Atenção Primária à Saúde é um campo fértil para troca de informações levando em consideração os saberes populares e priorizando a prevenção de doenças e seus agravos. O uso de plantas medicinais como meio de interação entre os pacientes de um grupo terapêutico se mostrou de forma muito satisfatória e evidencia-se que todos somos transmissores do conhecimento, seja ele empírico ou científico. O empoderamento de indivíduos se dá de diversas maneiras e oportunizar ambientes em que eles se tornem protagonistas é uma forma eficaz para alcançar esse fim.
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