Conforme orientação da OPAS sobre testagem amostral aleatória para o vírus da Febre do Oropouche em exames que apresentaram resultado negativo para as arboviroses Dengue e Chikungunya o Laboratório da FUNED cumpriu tal determinação onde foram encontrados para o município de Ipatinga amostras de duas pacientes que apresentaram resultado detectável em exame de RT-PCR para o vírus da Febre do Oropouche. Tão logo o município foi informado pela esfera administrativa estadual e rapidamente iniciaram as ações de planejamento para o enfrentamento à nova arbovirose com a qual se deparou. Trata-se de duas pacientes, idosas que residem em bairros com características semirrurais, sendo eles Pedra Branca e Chácaras Oliveira. A Febre do Oropouche é uma arbovirose transmissível principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses conhecido como maruim, ou mosquito pólvora, e com possibilidade de transmissão pelos mosquitos Aedes serratus e Culex quinquefasciatus. No Brasil tem acometido com maior intensidade a região norte, mas também tem sido encontrado casos nos estados: BA, ES, PI, SC, MT, MA, RJ e PR. No dia 23/05/2024 a FUNED comunicou ao CIEVS Minas sobre 4 amostras detectáveis para o vírus do Oropouche. Dentre os 4 casos identificados, dois são os casos do município de Ipatinga, um para o município de Gonzaga e outro para o município de Congonhas. O objetivo desta ação é a contenção da disseminação da doença (Bloqueio de Transmissão), onde visa-se eliminar a possibilidade do vetor de conseguir se reproduzir ou completar seu ciclo biológico, evitando assim os possíveis encontros destes com o ser humano dentro do raio de ação. Por não haver um Protocolo específico de ações de campo para combate à Febre do Oropouche, o departamento se empenhou ao máximo possível para atender o bloqueio com a máxima urgência.
Em função da biologia, comportamento e do ciclo reprodutivo dos principais vetores da Febre do Oropouche, para as ações de bloqueio de transmissão nas localidades acometidas, foram traçados um raio de 300 metros a partir das residências das duas pacientes dos referidos casos, dentro desta área as ações se pautaram com objetivo de eliminação de pontos com acúmulo de água parada, onde os mosquitos pudessem encontrar acesso para deposição de ovos para reprodução. Também foi providenciada a remoção do acumulado de matéria orgânica em decomposição em local úmido e sombreado, todo o material recolhido foi armazenado em sacos plásticos de 200 litros onde puderam ser retirados do local, prensados em prensa hidráulica de caminhão de recolhimento e transporte de rejeitos e enviados pelo mesmo caminhão ao aterro sanitário municipal. Alguns imóveis apresentavam plantação de bananeiras, nestes locais havia uma grande deposição de folhas em decomposição, todo este material foi removido em uma grande ação que contou com a participação dos ACE do município de Ipatinga, juntamente com a Equipe da Fundação Nacional da Saúde (FUNASA) que compõe a equipe da Força Tarefa de enfrentamento às endemias. Após esta tratativa inicial, a ação seguinte foi a dedetização com uso de inseticidas, sendo utilizado o Alfa-cipermetrina, Fludora e Cielo conforme as características de cada local
Foi removido um volume aproximado de 31.000 m3 de resíduos de matéria orgânica de quintais das residências e áreas públicas, dentro do raio de ação. Embora não foi possível a instalação de armadilhas para coleta e verificação específica para as espécies vetores da Febre do Oropouche, foi notado pelos moradores das localidades uma grande redução do número mosquitos. Não houve mais registros de casos confirmados, nem notificação para Febre do Oropouche para as localidades, nem para o município de Ipatinga. Apesar de em outras cidades da mesma Unidade Regional houve posteriormente a detecção de novos casos com confirmação laboratorial. Desde 29/05/2024 a a 07/08/2024, Ipatinga confirmou 3 casos de um total de 162 casos, pelo agravo, que compõe os 35 municípios, da regional de Saúde de Coronel Fabriciano-MG. Observa-se que os esforços da equipe no manejo ambiental e educação em saúde contribuíram para baixa incidência da patologia em Ipatinga.
Conclui-se que as arboviroses, recente a Febre do Oropouche, desperta a atenção, para a exigência de priorização das medidas emergenciais pelos gestores, mudança do olhar da equipe de ações para além da atuação cartesiana da vista domiciliar, se fez necessário a conscientização da população sobre a importância da adoção de medidas preventivas no combate as referidas doenças, situando-a como atores sociais corresponsáveis, que na atualidade foram mais efetivas. Nesse contexto, a gestão percebeu os espaços públicos como oportunidade de construção do saber e disseminação do conhecimento no combate as arboviroses, mediante uma abordagem multidisciplinar. Destaca-se que, no mundo globalizado, as informações de diversas modalidades e espaços educacionais desempenham um papel importante. Ao incorporar desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, o processo educacional pode fomentar a formação de novas reflexões que ativamente defendam a qualidade de vida. A Educação em Saúde traz uma transformação para desvendar a atual racionalidade para enfrentar a crise que estamos vivenciando, para construir uma racionalidade ambiental orientada para o futuro, para construir uma consciência, um novo conceito, denominado “conhecimento ambiental”, sobre a correlação de diferentes formas de vida e as relações entre elas, permitindo uma relação Educação e Saúde equilibrada.
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