Olá,

Visitante

Descentralização da imunização no município de Marialva(PR)

Em 1986 o município contava com uma sala de vacinação no Centro Municipal de Saúde e três salas distribuídas uma em cada distrito de Santa Fé, Cambuí e Aquidaban. No ano de 2000 essa sala central foi transferida para o prédio do Pronto Atendimento Municipal no centro do município, a sala do distrito de Santa Fé foi fechada, e a população do município todo só podia contar com três salas de vacina. Até 2015 foram abertas apenas duas salas de vacina, uma na Vila Antônio e outra no João de Barro, atingindo neste momento cinco salas de vacina para uma população aproximada de 34.000 mil habitantes. Com a implantação das equipes de estratégia saúde da família esse panorama começou a mudar, primeiro porque a população usuária do SUS aumentou consideravelmente e segundo que a população tinha acesso as unidades próximas de suas casas mas tinham a necessidade de se deslocarem para ter acesso a vacinação em outros pontos, desfavorecendo a vinculação desses pacientes que não entendiam porque tinham que usar as unidades próximas as suas casas para consultas e outros serviços e tinham que se deslocar para vacinação, provocando um descontentamento. Visto que a vacinação é uma das ações realizadas na atenção básica de maior impacto na redução das doenças imunopreveníveis e o PNI brasileiro, além das 19 vacinas no calendário de rotina, promover campanhas de vacinação contra influenza, poliomielite, agora recentemente sarampo e covid, e também que a atenção básica é a porta de entrada dos usuários, somos responsáveis por articular uma rede capaz de identificar as dificuldades de acesso da população. Além de manter altas coberturas vacinais, outro ponto fundamental para proporcionar a proteção adequada é a administração das vacinas na idade recomendada, assim vinculando a imunização aos serviços da atenção básica favorece e possibilita a busca ativa das crianças faltosas pelas equipes e promover a educação continuada.

Após avaliação das dificuldades elencadas pela população e das falhas do processo de trabalho da imunização foram enumerados a necessidade da disponibilização de adequadas salas de vacina em todas as unidades de saúde, falta de uma central de imunização para realizar a adequado abastecimento e armazenamento dos imunobiológicos, falta de definição de fluxos assistenciais, falta de protocolos, insuficiência de educação continuada para as equipes, falta de supervisão dos dados enviados pelo sistema próprio e a falta de monitoramento dos indicadores de vacinação. Com a publicação da Pesquisa Imunizasus, mais algumas ações complementares foram implementadas, seguindo as orientações para promover a melhora da cobertura vacinais.

O processo de reestruturação do serviço de imunização foi pautado em três eixos: acesso a vacinação, sistemas de informação, e comunicação e educação juntos. Assim em 2017 iniciou-se o processo de estruturação do acesso, com a inserção de salas de vacina nas unidades básicas de saúde que não dispunham deste serviço, neste processo cada sala de vacina foi devidamente equipada com geladeiras científicas, ar condicionado, equipamentos de informática, adesivos de paredes, mesas, cadeiras giratórias, caixas térmicas, termômetros de máxima e mínima, materiais de uso diário e impressos, buscando assim manter um padrão das salas. A primeira a sala inaugurada foi na clínica da mulher em novembro de 2017, na sequência foi no Planalto em março de 2018, depois Shenandohá em novembro de 2018, Regência em fevereiro de 2019 e por último Vila Brasil em julho de 2019. Em cada abertura de sala, os profissionais foram treinados na sala central, para depois assumirem suas respectivas salas. A central de imunização foi alocada em fevereiro de 2020 em sala própria na Secretaria de Saúde, contando hoje com espaço adequado, com 3 geladeiras científicas, um freezer para armazenamento de gelox, caixas térmicas grandes para transporte dos imunobiológicos, equipamentos de informática e ar condicionado e materiais de uso diário. Buscando reduzir as barreiras de acesso nas restrições de horário e local das salas de vacinas, instituiu-se um calendário fixo mensal para vacinação noturna e um sábado ao mês garantindo acesso aos pais que tem dificuldade de acesso. Instituiu-se o cartão sombra para controle dos agentes de saúde utilizando uma planilha de identificação de nascidos vivos por mês possibilitando a busca ativa principalmente das crianças dos serviços de saúde privados, podendo assim transcrever os imunobiológicos para o sistema possibilitando melhorar a cobertura vacinal e implementou-se um fluxo de notificação de criança com atraso vacinal. Segundo e paralelo, foi implementado o uso de um sistema de informação, possibilitando assim uma facilidade para controle de vacinas, registros adequados, onde após o envio dos relatórios mensais, é realizada conferência dos dados que chegam no e-gestor (sistema oficial) possibilitando assim adequar dados em tempo oportuno. Avaliando o número insuficiente de profissionais de saúde para atender à demanda, em abril de 2022 foram contratadas e capacitadas duas técnicas de enfermagem para realizar a cobertura de férias, atestados e licenças das vacinadoras, garantindo assim que as salas de vacinas não sejam fechadas. Em novembro de 2022, após a 15ª Regional de Saúde comunicar a descentralização do SIES, o município realizou uma capacitação para toda a equipe de vacinação e implementou o uso do SIES em todas as salas de vacina. Foi implementado em dezembro de 2022, o monitoramento mensal do INDICADOR Proporção de vacinas do calendário básico de vacinação da criança com coberturas vacinais alcançadas, e o monitoramento do indicador do Programa Previne Brasil de Cobertura das vacinas de Poliomielite e Pentavalente, com posterior discussão em reunião mensal com as equipes de vacinação. Na última supervisão de sala de vacina realizada pela 15ª Regional de Saúde, foram identificadas apenas duas pendências: a falta de gerador de energia no prédio e a falta de manutenção preventiva das câmaras de vacina. Na sequência foram traçadas metas para solucionar as pendências, onde foi solicitado que a central seja transferida para o prédio do antigo Pronto Atendimento Municipal, que já possui um gerador instalado e serviço de segurança 24 horas promovendo assim uma efetiva supervisão de qualquer problema com falta de energia. E para resolver a falta de manutenção preventivas das câmaras de vacina, foi aberta uma licitação de manutenção preventiva e corretiva; Terceiro, para atender o eixo de comunicação e educação, foi estabelecido um fluxo contínuo com a imprensa, onde todas ações são divulgadas em tempo oportuno, combatendo a circulação de informações falsas, distorcidas e descontextualizadas. A educação entrou em pauta permanente, pois é de extrema importância a sensibilização das equipes de vacinação, desta forma definiu-se um cronograma anual de reuniões e capacitações permanentes para as equipes de imunização, pois assim é mais fácil monitorar os indicadores, sensibilizando as equipes. E para finalizar, buscou-se definir estratégias integradas com pontos de apoio institucionais que poderiam promover ações benéficas para aumentar a cobertura vacinal que foram: Secretaria de Educação e Conselho Tutelar. Nas escolas municiais, em conjunto com Programa Saúde na Escola definiu-se uma estratégia de verificação dos esquemas vacinais, como informativo para os pais caso a criança possua alguma vacina em atraso; nas escolas particulares definiu-se a mesma estratégia de conferência de situação vacinal das crianças atreladas a equipe central. Com o Conselho Tutelar foi definido e desenhado os Fluxos de notificação dos responsáveis pelos menores com vacina em atraso, promovendo assim uma rede bem articulada e uma efetiva comunicação com o conselho tutelar.

Atualmente o município de Marialva conta com nove salas de vacina, distribuídas em sete unidades básicas de saúde urbanas e duas unidades rurais, realizado assim a cobertura de 100% do município, que hoje possui 47.028 habitantes (IBGE, 2022). Todas as salas foram equipadas com câmaras de vacina garantindo assim a qualidade dos imunobiológicos para a população. Conta também com uma central de imunização adequada, possibilitando a abastecimento em tempo oportuno para todas as unidades e com um veículo próprio, possibilitando ações extramuro nas empresas, nas instituições de longa permanência, nos setores públicos, favorecendo assim uma melhora da cobertura e atendimento àquelas pessoas que tem dificuldade de acesso. Podemos observar que estamos vivenciando um momento muito delicado em relação ao Programa Nacional de Imunização, visto a crescente onda de desinformação e propagação de fake News, mas levar informações científicas e confiáveis promove estimulo a segurança das vacinas. Mesmo que o declínio das coberturas vacinais sejam globais, ainda é possível reverter essa redução a partir de ações estruturais, como a implantação de novas salas, flexibilização de horários de atendimento, o fortalecimento dos processos de trabalho dos autores envolvidos na imunização como vacinadores, agentes comunitários de saúde e médicos, associando ao monitoramento dos indicadores e ao fortalecimento da rede de apoio (Conselho Tutelar, Ministério Público, educação). Visto que em 2019 a OMS, definiu a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças mundiais à Saúde Pública, é de extrema urgência trabalharmos para aumentar cada dia mais nossas coberturas vacinais. Assim buscamos que nossas coberturas vacinais voltem a subir, pois o município traz um histórico de boas coberturas vacinais de BCG, Febre Amarela em < 1 ano, Meningo C em < 1 ano, Penta em < 1 ano, Pneumocócica < 1 ano, Rotavírus, Tríplice Viral D1 e D2 conforme descrição. Em 2017 apresentou a menor cobertura de todas as vacinas foi de BCG com 95%, em 2018 foi de 86% de Febre amarela e BCG, em 2019 foi 89% de pentavalente e em 2020 foi 89% em BCG, no ano de 2021 que foi uma ano atípico devido a pandemia, a menor cobertura foi de BCG atingindo 65,95%. Ao analisar as coberturas de 2022, podemos observar um aumento nas coberturas vacinais novamente, onde a BCG subiu de 65,95% no ano anterior para 88,38%, e um salto de homogeneidade das vacinas preconizadas para menores de 1 ano de 70% para 80% neste mesmo ano. Claro que para atingir as coberturas preconizadas pelo Ministério acima de 95% ainda estamos distantes, mas com salas de vacina em todas as unidades de saúde da zona urbana, com monitoramento de indicadores e supervisão podemos evoluir cada vez mais. Como o Brasil possui um dos melhores Programas de Imunização gratuitos do mundo, estamos fazendo com que esses imunobiológicos cheguem a população com garantia de qualidade, avançando a cada ano, promovendo assim promoção a saúde e prevenção de doenças.

Principal

Patrícia Hernandes Soares

ideiasus@gmail.com

Coautores

Patrícia Hernandes Soares

A prática foi aplicada em

Todos os Municípios (RS)

Santa Fé

Todos os Municípios (SC)

Paraná

Sul

Esta prática está vinculada a

Projeto ImunizaSUS

Endereço

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Conta vinculada

A prática foi cadastrada em

30 ago 2023

e atualizada em

26 set 2023

Início da Execução

Fim da Execução

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

Arquivos

TAGS

Você pode se interessar também

Práticas
A potência do microplanejamento no fortalecimento das ações de imunização em Esperança – PB.
Paraíba
Práticas
Grupo de trabalho Proteja: estratégias de combate à obesidade infantil no município de Alagoinhas – PB
Paraíba
Práticas
Expansão do teste do pezinho no município de Umbuzeiro – PB : garantindo triagem neonatal nas comunidades rurais.
Paraíba