Cuidados paliativos é uma abordagem de atenção em saúde que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes que enfrentam doenças graves, crônicas ou terminais. O foco principal é aliviar o sofrimento, controlar sintomas e proporcionar suporte emocional, psicológico e espiritual, tanto para os pacientes quanto para suas famílias. Essa abordagem é multidisciplinar, envolvendo uma equipe de profissionais, que trabalham juntos para atender às necessidades individuais de cada paciente.
Nesse cenário, inclui-se o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), que através do Programa Melhor em Casa, é uma modalidade de atendimento que inclui cuidados paliativos em domicílio. Tal atendimento corrobora com os cuidados paliativos, pois buscam oferecer um atendimento mais humanizado e de qualidade aos pacientes e suas famílias de maneira integral..
O trabalho, ora apresentado, se deu na cidade de Itatiaia, Rio de Janeiro, em pacientes acamados e domiciliados portadores de doenças crônico-degenerativas, no ano de 2024 e 2025. A equipe do Serviço de Atendimento Domiciliar do município de Itatiaia viu a necessidade de maior envolvimento das famílias nesse processo, realizando reuniões entre os familiares do paciente e a equipe com o objetivo de promover a compreensão, possibilidades terapêuticas e decisão compartilhada no cuidado do paciente e familiar juntamente com a equipe profissional.
Objetivo Geral:
Descrever a avaliação e intervenção da equipe interdisciplinar nos cuidados paliativos frente às experiências e vivências do núcleo familiar de pacientes atendidos em domicílio.
Trata-se de um estudo transversal, de abordagem qualitativa, cujo cenário foi o Programa Melhor em Casa (PMC), do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), da Prefeitura Municipal de Itatiaia-RJ.
A coleta de dados foi realizada entre 2024 e 2025, com consentimento dos participantes, com base na Política Nacional de Cuidados Paliativos e na abordagem familiar sistêmica, a partir da construção do Plano Terapêutico Singular (PTS), utilizado na identificação dos pacientes enquadrados no contexto dos cuidados paliativos exclusivo. Foram selecionadas cinco famílias, dos quais os pacientes apresentavam doença avançada sem possibilidade de terapia modificadora de doença. Posteriormente, foram realizadas reuniões entre equipe interdisciplinar e familiares, a fim de promover um atendimento amplo às famílias e definir o plano avançado de cuidados paliativos dos pacientes.
A partir de narrativas dos familiares e do saber dos profissionais durante as reuniões, foram traçadas condutas compartilhadas. A análise de dados foi realizada através da compreensão dos envolvidos no que se refere ao diagnóstico e ao prognóstico, no sentido de promover melhor qualidade de vida e alivio do sofrimento no âmbito do processo de adoecimento, bem como de finitude.
O estudo contemplou fatores relacionados à compreensão, possibilidades terapêuticas e decisão compartilhada entre equipe interdisciplinar e familiares no processo de luto. A experiência familiar possibilitou manifestações de sentimentos, tomada de consciência, responsabilização e tomada de decisão.
As famílias em sua totalidade apresentaram surpresa inicial, quando foram apresentadas as medidas de paliação e seus objetivos e de maneira satisfatória houve a compreensão da evolução da doença e do quadro clínico. Diante disso, foi pedido pela equipe que as famílias conversassem a respeito para poderem decidir se aceitariam medidas de prolongamento de vida tais como; Ressuscitação Cardio- Pulmonar (RCP), Entubação Oro Traqueal (TOT), Hemodiálise e internação em Unidade de Terapia Intensiva, ou medidas de conforto como, analgesia.
Em resposta, obtivemos o desejo das famílias de que seu ente querido permanecesse em casa sob medidas de conforto e sob os cuidados da equipe, apenas uma família manifestou-se temerosa em relação a possibilidade de óbito na residência, mas manteve o desejo das medidas de conforto, uma família ainda apresenta-se sob estado de negação, temor e culpa mostrando-se resistente aos cuidados paliativos e a conduta da equipe, para isso, convocamos novas reuniões para que possamos esclarecer dúvidas e ajudar na melhor condução do caso para que o paciente e a família possam passar por esta dificuldade com menores danos emocionais.
Ao analisar os resultados alcançados por este estudo, percebemos que em todos os casos, como não havia tratamento modificador da doença, o planejamento de cuidados do paciente incluiu manutenção das medidas já estabelecidas, medidas de conforto como oxigenoterapia, analgesia. Em concordância com as famílias os pacientes não seriam beneficiados com suporte avançado de vida e, portanto sem indicação técnica de intubação orotraqueal, ventilação mecânica invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, internação em Unidade de Terapia Intensiva ou Terapia Renal Substitutiva, uma vez que estes agregam maior comorbidade ao quadro.
Tornou-se claro que a temática encontra-se no início das discussões, tanto para a equipe interdisciplinar, quanto para as famílias. Tal incipiência fica evidenciada nas famílias que foram selecionadas para o estudo, pacientes com limitações terapêuticas curativa. Porém essa incipiência mostrou-se produtiva possibilitando e direcionando as intervenções nos casos estudados.
Rua Antônio José Pereira, 114 - Vila Odete, Itatiaia - RJ, Brasil
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