A integralidade no cuidado às Pessoas que Vivem com HIV/AIDS (PVHIV) é mais do que um princípio do SUS — é uma prática cotidiana que exige escuta, presença e articulação de saberes. Em Laranjal do Jari/AP, essa prática se fortalece através do Programa Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais (PMIAHV), uma estratégia de vigilância ativa, acompanhamento contínuo e abordagem multidisciplinar centrada na pessoa. O nome simbólico “I = 0” (indetectável = intransmissível) traduz a essência do projeto: promover o controle da carga viral como instrumento de dignidade, qualidade de vida e prevenção. Por meio de um modelo que une Vigilância em Saúde, Atenção Primária, Serviço de Assistência Especializada (SAE) e rede intersetorial, o município construiu um modelo exitoso e replicável de enfrentamento das IST/AIDS com foco na humanização, rastreio precoce e redução de danos. Sendo de suma importância destacar o pioneirismo de Laranjal do Jari na descentralização do cuidado às pessoas com IST/AIDS no estado do Amapá, tornando-se referência na interiorização das ações e na ampliação do acesso ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento das PVHIV, mesmo em territórios de difícil acesso.
OBJETIVO GERAL: Fortalecer o cuidado contínuo, territorializado e humanizado às Pessoas que Vivem com HIV/AIDS, ampliando as ações de vigilância, diagnóstico e adesão ao tratamento por meio do PMIAHV. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: – Aumentar o número de testes rápidos realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) do município – Reduzir o número de abandonos terapêuticos de PVHIV – Ampliar a cobertura de acompanhamento laboratorial e dispensação de ARV – Garantir seguimento de gestantes e puérperas com HIV, com foco na prevenção da transmissão vertical – Estimular a corresponsabilização das equipes da ESF e dos agentes comunitários de saúde na busca ativa e apoio ao tratamento.
METODOLOGIA: Desde a implantação do PMIAHV, foram adotadas estratégias de organização do cuidado que envolvem: – Articulação Intersetorial e Linha de Cuidado: Integração entre Vigilância em Saúde, Estratégia de Saúde da Família (ESF), Equipes Multidisciplinares (E-milti’s), SAE e Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) Fluxos bem definidos para testagem, acolhimento, notificação, adesão ao tratamento e acompanhamento dos casos. – Monitoramento Epidemiológico Ativo: Coleta, consolidação e análise dos dados do sistema de notificação (SINAN, SISCEL e SICLOM) Elaboração de boletins trimestrais para acompanhamento de indicadores e apoio à tomada de decisão local. – Ações em Rede com a Atenção Primária à Saúde (APS): Capacitações contínuas com foco nas IST/AIDS, diagnóstico precoce e aconselhamento Implementação do SAE itinerante nas UBS e ações de testagem em locais estratégicos (feiras, escolas, praças) Atendimento especializado com equipe multidisciplinar composta por Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e Psicólogo. – Apoio Psicossocial e Escuta Qualificada: Acompanhamento com abordagem individualizada no SAE Grupos terapêuticos e rodas de conversa com PVHIV e familiares Encaminhamento para o CRAS e serviços da rede de proteção social quando necessário.
Dentre os processos de cuidado e necessidades específicas, quais geram respostas humanas, as quais são utilizadas a fim de garantir um cuidado integral e contínuo às Pessoas que Vivem com HIV/AIDS (PVHIV), promovendo o diagnóstico precoce, a adesão ao tratamento e a humanização dos serviços de saúde. A baixa cobertura no interior do estado e a dificuldade de acesso à saúde, especialmente em áreas remotas, exigiram uma estratégia inovadora para reduzir danos, fortalecer a vigilância ativa e ampliar a qualidade de vida das PVHIV.
– Aumento em 45% dos testes rápidos realizados na APS entre os anos de 2022 e 2024 – 80% das PVHIV atendidas com carga viral indetectável – Redução de 60% nos casos de abandono terapêutico – 100% de adesão ao pré-natal em gestantes com diagnóstico positivo – Criação de grupo de apoio de convivência mensal com PVHIV – Ampliação do acesso à testagem em territórios de maior vulnerabilidade.
A experiência do Programa Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais de Laranjal do Jari evidencia que o sucesso do cuidado em saúde pública está na capacidade de ver cada paciente além da doença. Com o lema “I = 0”, reafirma-se que viver com HIV não significa estar só, e que o cuidado integrado é também uma política de vida. Onde a prática da multidisciplinaridade, a escuta ativa e o compromisso com o território tornam o PMIAHV uma iniciativa potente, alinhada com os princípios do SUS e replicável em outros municípios amazônicos com contextos semelhantes.
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