Estar longe de casa para fazer uma consulta de pré-natal, ainda mais quando se trata de gestação de alto risco – ou mesmo após o filho vir ao mundo -, pode ser um fator de angústia sem uma boa recepção. Uma realidade bem diferente de quem tem vivenciado a Casa de Maria do Hospital Regional Jesus Nazareno (HRJN), em Caruaru, Agreste pernambucano. As gestantes e puérperas com seus recém-nascidos, que passam pela unidade hospitalar, mas não voltam para casa no momento da alta, contam com um espaço de acolhimento, partilha e cuidado.
A Casa de Maria era esquecida por gestões anteriores, quase um depósito humano, com materiais entulhados pelo imóvel e não dando espaço para circulação. Tornar digno, confortável e acolhedor o ambiente em que essas mulheres estão aguardando durante um período tão delicado é o mínimo que uma gestão pública pode oferecer a essas mulheres. Por isso, a boa prática de transformar equipamentos públicos, utilizando a criatividade e materiais já disponíveis, sem gerar custos extras para a máquina pública, faz da ação uma relevância não apenas na garantia do direito da cidadã mulher, mas também para inspirar iniciativas semelhantes.
O equipamento conta agora com áreas de convivência, jardinagem nova, cronograma de atividades, assistente social, além de serviço 24h de técnicas de enfermagem. A casa de apoio terá, ainda, horta para consumo das próprias mulheres acolhidas.
Quem trabalha na Casa de Maria tem noção da melhora do serviço depois da requalificação. “Quando comecei aqui, em junho do ano passado, só funcionava à noite. Durante o dia, só era eu. Não era nem perto de como é agora. Mas depois da reforma mudou muito. E para melhor. Logo quando as mães chegam, já coloco o sorriso para elas”, detalha a vigilante Christina de Lima. “As mulheres conversam com a gente, dou muita atenção. Quando chega a comida, ajeito a mesa para cada uma. Recebo todas sempre com alegria”, completa a técnica de enfermagem Aparecida Santos.
E as mulheres que usam o serviço reforçam o sentimento de conforto. É o caso da agricultora Kerlaine Rodrigues Pereira, 22 anos, do município de Águas Belas, no Agreste. Ela deu à luz ao primeiro filho, Manoel Kalebe, no Hospital Regional Jesus Nazareno. O recém-nascido recebeu alta seis dias depois, pela necessidade de fototerapia, conhecida como “banho de luz”. Liberados para voltarem para casa, mãe e filho aguardaram o transporte para o retorno na Casa de Maria. “Aqui fico mais à vontade, é mais confortável. Um lugar onde nos sentimos acolhidos. Ter o cuidado, ter onde você se alimentar. Realmente a gente se sente em casa”, relata.
“A ideia é que a Casa de Maria ofereça cada vez mais serviços para as mulheres que foram pacientes do HRJN. Contamos com o trabalho de uma equipe multidisciplinar, que orienta as mães desde o cuidado com a amamentação até os seus direitos enquanto mães agricultoras, por exemplo. É uma política pública que garante o serviço humanizado neste momento tão delicado e tão especial”, destaca o diretor do Jesus Nazareno, Dayvid Epifanio. Mais de 600 mulheres já foram atendidas desde a requalificação.
A boa prática realizada na Casa de Maria reflete no bom aproveitamento do gasto público. Por ser uma casa de apoio do Hospital Regional Jesus Nazareno e estar ligado a ele, o intuito a fazer a requalificação era fazer o aproveitamento dos materiais disponibilizados na sede do hospital. Além disso, para materiais de decoração, jardinagem, foram buscadas doações por meio das coordenações dos setores do hospital. Os serviços de reparos foram feitos também por profissionais que já trabalham no hospital, sem ser necessário novas contratações.
Rua Ana Maria da Silva Brasileirinho, S/N, Maurício de Nassau, Caruaru-PE
