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Capacitação da Equipe como Estratégia para Aumentar a Cobertura Vacinal

O Município de Barbosa Ferraz localizado na região Sul do país, Estado do Paraná, possui uma estimativa populacional de 11.287 pessoas, de acordo com IBGE (2021). O município se estende por 538,6 km², (CIDADE-BRASIL, 2021), sendo a maior parte de seu território de área rural, dividida entre duas equipes de saúde que atuam nesta área, que compreendem as unidades de Saúde José Rodrigues e João Cilião de Araújo Neto. O município conta com 3 Estratégia Saúde da Família (ESF) na área urbana, sendo elas a Unidade básica de Saúde (UBS) Santa Rita, Unidade básica de Saúde (UBS) João Garcia Villar, Unidade básica de Saúde (UBS) Dr. Jorge Aires, ambas as equipes possuem salas de vacinação. Com o surgimento da Covid 19, notamos que a busca por vacinação diminuiu, estávamos com baixa procura da população em geral para vacinação de rotina, o que foi evidenciado pelas baixas coberturas vacinais do município que não atingiram 90% da meta de cobertura vacinal para as vacinas do calendário nacional de imunização vigente, como exemplo a vacina pentavalente, que no ano de 2020 caiu para 25,81%. A todo tempo surgem novas vacinas e atualiza-se os esquemas vacinais, gerando certa dificuldade na equipe em analisar e interpretar um cartão de vacina. Os erros de registros no sistema levam a uma análise da cobertura vacinal que não condiz com a realidade do município. Diante disso, realizamos uma capacitação sobre imunização com as equipes de saude do município. Observa-se melhora da cobertura vacinal após a realização da capacitação. A Pentavalente que estava com cobertura de 25,81% em 2020, subiu para 100,83% em 2022, a vacina contra poliomielite inativada que estava com cobertura de 54,03% em 2020 alcançou o patamar de 100,88% em 2022. Deve-se fazer uma avaliação periódica da situação vacinal da população de referência, a fim de identificar não vacinados. Dentre as estratégias institucionais, deve-se realizar capacitações constantes das equipes sobre imunização, visto que o calendário vacinal é dinâmico e muda constantemente, sendo necessário manter a equipe atualizada para uma busca ativa eficaz. Lançar o histórico vacinal da população no PEC, (prontuário eletrônico do cidadão), facilitar o acesso à sala de vacina, propor parcerias com escolas e creches do município. O presente trabalho, possibilitou ter uma melhor visão da real situação da cobertura vacinal do município. Mostrou também que muitos dos profissionais tinham conhecimento insuficiente sobre imunização, o que dificultava a busca ativa eficaz, isso foi evidenciado durante a realização das capacitações, onde muitos dos assuntos abordados geraram discussões produtivas, pois sempre traziam a tona as dificuldades que os mesmos encontravam no dia a dia. A partir de então a coordenação da atenção básica avalia periodicamente o sistema de informação, analisando as inconsistências da exportação dos dados com os responsáveis técnicos do sistema, este trabalho ajuda a melhorar a qualidade de dados informados. Com isso, notamos que houve melhora da qualidade dos registros de vacinação, fato evidenciado com o aumento da cobertura vacinal.

O processo de imunização é dinâmico, pois a todo tempo, surgem novas vacinas e atualiza-se os esquemas vacinais. Isso acaba gerando certa dificuldade na equipe em analisar e interpretar um cartão de vacina, seja de criança, adolescente ou adulto, o que atrapalha a busca ativa eficaz e diminui a captação da população em tempo hábil para melhorar os índices de cobertura vacinal do município. Ainda enfrentamos o vilão do século: as “Fake News” acerca das vacinas e o “movimento antivacina” que tem feito muitos pais deixarem de levar seus filhos para vacinar. Notamos que a cada ano a cobertura vacinal tem sido insuficiente, isso se deve ao fato de muitas das doenças que são imunopreviníveis já estarem próximas da erradicação e já não serem conhecidas da população, fato citado em estudo realizado pelo UNICEF (2020). Os desencontros de informações como horário e datas das vacinações, falta de clareza e organização no fluxo da vacinação são variáveis que interferem ao seu acesso. Com o advento da pandemia, Covid19 no ano de 2020, mesmo com recomendações do Ministério da Saúde (MS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), para se manter as ações de vacinação de rotina em dia, seguindo os protocolos de segurança, nota-se que ocorreu uma queda da procura e dos índices de cobertura de vacinação. As pessoas foram orientadas a apenas saírem de casa se fosse estritamente necessário, e o medo de buscar o serviço de saúde e acabar se contaminando com a Covid tomou conta de grande parte das pessoas, e se tornou desculpa para não se vacinar e também colaborou com a queda da cobertura de vacinação. Os erros de registros no sistema (PEC) levam a uma análise da cobertura vacinal que não condiz com a realidade do município, pois na sala de vacina recebemos usuários com doses registradas no cartão de vacina que não estão no sistema, ou registradas de maneira incorreta, ou ainda aprazamento incorreto no cartão do usuário e até mesmo a ausência deste aprazamento, fato é que devido à sobrecarga de trabalho, inexperiência com sala de vacina, falta de capacitação e educação continuada e inúmeros processos que envolvem a vacinação, os profissionais deixam de realizar algum dos registros que acaba por influenciar na cobertura vacinal. Segundo Brasil (2013), pode-se ampliar as oportunidades de vacinação na recepção, encaminhando pessoas não vacinadas para sala de vacinação, ou com esquemas incompletos, mesmo que estas tenham vindo ao serviço para outras finalidades, como: (consultas, curativos, exames, farmácia etc.), isto só poderá acontecer se toda equipe da unidade estiver envolvida com atividades de vacinação. Tivemos relatos de usuários que apresentavam vacinas em atraso e relataram que tiveram seus cartões de imunização avaliados por algum profissional de saúde nos últimos meses e que o mesmo afirmou que não havia vacinas para tomar, que estavam com a imunização em dia. O que evidencia também a má realização de busca ativa. A verificação do comprovante e o encaminhamento para vacinação por outros setores ou outros integrantes da equipe contribuirão também para fortalecer uma cultura de valorização do comprovante de vacinação, (cartão ou caderneta) como documento pessoal. É necessário recomendar aos usuários que sempre estejam de posse do comprovante de vacinação, inclusive como exigência para atendimento na unidade, (em qualquer circunstância), também reforça essa valorização. Nesse contexto, o Ministério da Saúde recomenda que sejam formuladas estratégias para aumentar a cobertura vacinal, dentre elas, inclui-se a qualificação profissional. As equipes de saúde precisam estar atentas às atualizações das diretrizes que norteiam as ações de imunização, sendo competência do gestor estadual e municipal promover capacitações para equipe (BRASIL, 2019). Diante disso, realizamos uma capacitação sobre imunização com as equipes de saúde do município de Barbosa Ferraz, pois segundo Costa e colaboradores (2015), a capacitação das equipes procura gerar transformações na prática, pois o trabalho em equipe e gestão participativa conforme preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tem ênfase na educação dos trabalhadores envolvendo capacitações como fator necessário para o alcance de mudanças na qualidade dos serviços prestados. Observa-se certa melhora da cobertura vacinal do município após a realização da capacitação da equipe, como é possível observar na tabela 2.0, anexada nos arquivos. Conforme observado na tabela 2.0, visualiza-se considerável melhora na cobertura vacinal contra bcg, pois em 2020 tínhamos uma cobertura de 69% subindo para 99,12% em 2022. Nota-se melhora também na cobertura da vacina contra hepatite B, de 86,29% em 2020, para 106, 14% para o ano de 2022. A vacina contra rotavírus saltou de 54,83% em 2020 para 92,11% em 2022. A meningococo c em 2020 apresentava cobertura de 62,09% para 96,49% no ano de 2022. A penta valente que estava com uma cobertura de 25,80% em 2020, subiu para 100,88% em 2022. A pneumocócica 10 subiu de 59,67% para 99,12% em 2022. A vacina contra poliomielite inativada estava com cobertura de 54,03% em 2020 e foi para 100,88% em 2022. Vacina tríplice viral primeira dose que apresentava uma cobertura de 60,48% em 2020, subiu para 120,18% em 2022. A segunda dose de tríplice viral que vinha apresentando cobertura de 52,41% no ano de 2020, mostrou melhora da cobertura para 93,86% em 2022. A tetra viral que tinha uma cobertura de 50,80% em 2020 caiu para 21,05% em 2022, devido ao desabastecimento dessa vacina na rede pública de vacinação. A tríplice bacteriana (DTP) primeiro reforço, apresentou uma cobertura de 40,32% em 2020 e atingiu melhora de 89,47% em 2022. Já a DTP segundo reforço que tinha uma cobertura de 31,45% subiu para 86,84% no ano de 2022. A varicela que em 2020 estava com cobertura de 52,41% foi para 100% no ano de 2022. A poliomielite oral primeiro reforço (VOP-R1) que teve cobertura de 39,51% em 2020, atingiu a cobertura de 86,84% em 2022. A VOP segundo reforço que apresentava uma cobertura de 36,29% foi para 90,35% em 2022. A vacina contra febre amarela em 2020 apresentava 54,83%, alcançou o patamar de 94,74% em 2022. A cobertura da vacina contra HA (hepatite A) em 2020 estava com 57,25%, passou a alcançar 96,49% em 2022. A cobertura de pneumocócica 10 primeiro reforço, que apresentava cobertura de 58,87% em 2020, ficou acima da meta atingindo 99,12% em 2022. Em 2020 a vacina meningocócica C primeiro reforço apresentava uma cobertura de 54,83%, em 2022 a mesma passou para 78,95% (DATASUS-SINASC, 2023) (BRASIL-PNI, 2023). Contribuir para o monitoramento da cobertura vacinal é responsabilidade de toda a equipe. Deve-se fazer uma avaliação periódica da situação vacinal da população de referência da mesma, a fim de identificar não vacinados e reduzir prováveis suscetibilidades. Com isso, capacitamos toda equipe multiprofissional: agentes comunitários de saúde, técnicos e auxiliares de enfermagem, recepcionistas, enfermeiros, auxiliares de serviços gerais, estagiários das unidades de saúde e médicos.

Dentre as estratégias institucionais, deve-se realizar capacitações constantes das equipes sobre vacinação, visto que o calendário vacinal é dinâmico e muda constantemente sendo necessário manter a equipe atualizada para uma busca ativa eficaz. Lançar o histórico vacinal da população no PEC, (prontuário eletrônico do cidadão), facilitar o acesso à sala de vacina, como por exemplo abrir a unidade em horários alternativos, mantendo-as abertas das 17 às 20 horas, para que os trabalhadores possam ter acesso a unidade de saúde fora do seu horário de trabalho, pois temos uma boa parcela da população que trabalha no comércio, nas facções de costura, em indústrias e nos frigoríficos fora da cidade, desta forma, abrir a unidade de saúde uma vez ao mês no sábado à tarde para que eles também possam se vacinar e levar os filhos também é uma maneira de facilitar o acesso. Fazer a busca ativa com vacinação extramuros de domicílio em domicílio daqueles que mesmo oportunizando horários alternativos não comparecem à unidade de saúde é uma necessidade. Propor parcerias com escolas e creches do município solicitando a autorização prévia por escrito dos pais para verificar a situação vacinal e realizar a aplicação da vacina na própria escola aproveitando a oportunidade de vacinação.

O presente trabalho, possibilitou ter uma melhor visão da real situação da cobertura vacinal do município. Mostrou também que muitos dos profissionais tinham conhecimento insuficiente sobre imunização, o que dificultava a busca ativa eficaz, isso foi evidenciado durante a realização das capacitações das equipes onde muitos dos assuntos abordados geraram discussões produtivas, pois sempre traziam a tona as dificuldades que, a exemplo dos agentes de saúde encontravam no dia a dia. Uma fragilidade encontrada para execução deste trabalho foi a dificuldade em se fechar as unidades básicas de saúde para capacitar as equipes, e só foi possível com o apoio dos gestores e coordenadores da APS e da rede de frios. Evidenciamos que após a capacitação houve melhora significativa da cobertura vacinal, melhora também da qualidade da busca ativa, pois as equipes passaram a conhecer os esquemas de vacinação sendo, capazes de identificar quais vacinas faltam no cartão do indivíduo, também possibilitou melhor planejamento das ações extramuros. A partir de então a coordenação da atenção básica avalia periodicamente o sistema de informação, analisando as inconsistências da exportação dos dados com os responsáveis técnicos do sistema, este trabalho ajuda a melhorar a qualidade de dados informados. Com isso, notamos que houve melhora da qualidade dos registros de vacinação, fato evidenciado com o aumento da cobertura vacinal de ambas as vacinas. Há necessidade de aumentar o acesso da população aos serviços de saúde, realizar escala das unidades para que sempre tenha uma unidade aberta com horário estendido, mantendo e aumentando a descentralização dos serviços de imunização ao realizar parcerias com setor da educação. Manter a educação permanente das equipes quanto ao calendário nacional de imunização (toda equipe) visando manter os profissionais de saúde sempre atualizados. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Documento para gestores municipais de atenção primária à Saúde. Orientações para a ampliação da cobertura vacinal na atenção primária à saúde. Disponível em: https://conasems-ava prod.s3.amazonaws.com/v1.1/_global/production/document/pdf_file/1097/guia_vacinacao_g estores.pdf. Acesso em: 27/12/2021. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Curso de atualização para o trabalhador da Sala de vacinação: Manual do Aluno/Ministério da Saúde. 3° edição – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BRASIL. Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos. Disponível em: DATASUS – SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (saude.gov.br). Acesso em: 21/03/2023. BRASIL.PNI- Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização. Disponível em: http://pni.datasus.gov.br/. Acesso em 17/12/2021. BRASIL.PNI- Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização. Disponível em: http://pni.datasus.gov.br/. Acesso em 09/03/2023. Costa, D. B. et. al. Impacto do Treinamento de Equipe no Processo de Trabalho em Saúde: Revisão Integrativa. Revista de Enfermagem UFPE on line. Recife. 9 (4) abril 2015. disponível em : https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/13603/16430. Acesso em: 21/12/2021. Montanha, D. Peduzi, M. Educação permanente em Enfermagem: levantamento de necessidades e resultados esperados segundo a concepção de trabalhadores. Revista Escola de Enfermagem USP, ano: 2010. 44 (3). Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/zPGpfhFqcZrCXbLVMNNskLK/abstract/?lang=pt. Acesso em: 20/12/2010. Paim, M.B. Kovaleski, D.F. Moretti-Pires, R. O. Avaliação participativa: análise da primeira oficina do VER-SUS Florianópolis (SC). Saúde e Debate, Rio de Janeiro -RJ, V. 40; n.111, P 169-178, Out dez 2016. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/sdeb/2016.v40n111/169-178/. Acesso em: 27/12/2021. Sociedade Brasileira de Imunização. INFORME TÉCNICO – 09/04/2020 Vacinação de rotina durante a pandemia de COVID-19. disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas tecnicas/nota-tecnica-sbim-vacinacao-rotina-pandemia.pdf. Acesso: 16/12/2021. UNICEF. A pandemia de Covid-19 leva a um grande retrocesso na vacinação infantil, mostram novos dados da OMS e do UNICEF. Genebra/Nova Iorque, 15 de julho de 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/pandemia-de-covid-19-leva-a-um grande-retrocesso-na-vacinacao-infantil. Acesso em 16/12/2021. UNICEF. Estudo qualitativo sobre os fatores econômicos, sociais, culturais, e da política de saúde relacionada à redução das coberturas vacinais de rotina em crianças menores de cinco anos. Brasília, outubro de 2020. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/11001/file/estudo-fatores-relacionados-reducao coberturas-vacinais-de-rotina-em-criancas-menores-5-anos.pdf. Acesso: 27/12/2021

Principal

Edilâine Aparecida Ferro Frazão

Coautores

ALEXANDRA MARIA DA TRINDADE LOPES

A prática foi aplicada em

Região

Esta prática está vinculada a

Instituição

Endereço

Uma organização do tipo

Instituição Privada

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A prática foi cadastrada em

23 dez 2023

e atualizada em

23 dez 2023

Início da Execução

Fim da Execução

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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