O banho de floresta é uma prática terapêutica baseada no conceito japonês de “Shinrin-Yoku”, que utiliza a conexão sensorial com a natureza para reduzir o estresse e promover o bem-estar. Esta prática está alinhada aos princípios da Saúde Planetária e ao conceito “One Health” da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta a interdependência entre a saúde humana, ambiental e animal. Fundamentado também na Biofilia, a tendência inata do ser humano de se conectar com a natureza, a prática integra a saúde integral, que envolve as esferas física, mental e social, com ações que sensibilizam para a preservação do meio ambiente. Implementado em 2024 pelo Centro Municipal de Práticas Integrativas (CEMPICS) de São Bento do Sul, o banho de floresta foi desenvolvido como uma atividade terapêutica coletiva, unindo práticas de respiração consciente, atenção plena, meditação, movimentos corporais e educação ambiental. A iniciativa teve como objetivo enfrentar os desafios contemporâneos relacionados à busca pela saúde integral e os impactos das mudanças climáticas na saúde individual e coletiva. Foram realizados 14 encontros semanais no Ecoparque do SAMAE, um espaço urbano com floresta nativa e foram cadastradas no e-SUS como atividade coletiva. O banho de floresta superou as expectativas terapêuticas e educacionais, promovendo não apenas o bem-estar individual, mas também a conscientização ambiental, importantes para a Saúde Planetária.
Foram realizados 14 encontros de banho de floresta com a livre participação da comunidade na trilha do Ecoparque do SAMAE, em São Bento do Sul. O local consiste em uma área urbana, contendo um parque e uma trilha de aproximadamente 800m com mata nativa e plantas exóticas e lagos. A trilha é tradicionalmente utilizado pela população como área de laser e para a prática de atividade física. Em cada encontro foram explorados um dos cinco sentidos, utilizando estímulos sensoriais, meditação guiada, exercícios respiratórios e alongamento com a condução da farmacêutica e da fisioterapeuta que atuam com práticas integrativas, ambas integrantes da equipe do CEMPICS/Farmácia Viva. Durante os encontros, os participantes foram incentivados a se conectarem com os estímulos naturais, como os sons da trilha, texturas das folhas, textura do solo e aromas das plantas, com o objetivo de promover conexões sensoriais com a natureza e promover momentos de tranquilidade e bem-estar. Os encontros também abordaram o cuidado com a natureza e a ressignificação de nosso papel como integrantes do planeta, em conjunto com as plantas e com os animais. O banho de floresta foi registrado no e-sus como atividade coletiva, práticas corporais, educação em saúde e sessão de meditação. Para avaliar o impacto da experiência com os usuários foi utilizado um formulário eletrônico com perguntas relativas à promoção da saúde e percepção da natureza.
O fenômeno do antropoceno tem distanciados os seres humanos do convívio pacifico e respeitoso com os demais habitantes do planeta, o que acabou gerando, em larga escala, a crise planetária que vivemos atualmente. Durante uma pesquisa sobre práticas em espaços abertos que viabilizariam este contato sensível, a equipe do CEMPICS/Farmácia Viva encontrou nas metodologias do Banho de Floresta aplicadas no Japão uma forma de oferecer aos usuários do SUS um caminho para estreitar estes laços com a Natureza. Os resultados das pesquisas realizadas pela equipe mostraram que a prática estava associada à redução do cortisol. redução da pressão arterial e melhora da saúde mental. O espaço para a realização dos encontros é uma trilha com floresta nativa situada a 10 minutos do centro da cidade o que facilitaria o acesso dos participantes.
Após os 14 encontros a equipe do CEMPICS/Farmácia Viva disponibilizou no grupo do whatsapp com os participantes do banho de floresta um formulário eletrônico com perguntas sobre promoção de saúde, percepção da natureza e mudança no impacto com questões ambientais. Como resultado, 100% dos participantes que responderam o questionário acharam que o banho de floresta é importante para sua saúde mental; 84,6% dos participantes relataram que percebem diferença positiva no seu bem-estar após a atividade; 92,3% relataram que a sua percepção sobre o meio ambiente e a natureza mudou e 92,3% dos participantes se sentiram mais impactados com as questões ambientais após a experiência do banho de floresta. Foi solicitado que os participantes escrevessem uma palavra para definir o banho de floresta na sua rotina. As palavras descritas foram: convivência, relaxante, conexão, terapêutico, essencial, reenergizante, mágico, maravilhosa, paz. A cada encontro a equipe percebeu modificações na relação dos participantes com o local. Com o passar dos meses as pessoas relataram ter desenvolvido um senso de cuidado e amor pela trilha, sentindo-se pertencentes do ambiente. Os relatos foram a comprovação dos efeitos da biofilia e da importância de práticas terapêuticas baseadas na natureza para promoção da saúde integral e planetária.
O Banho de Floresta é uma das intervenções baseada na Natureza, preconizadas pela OPAS/OMS. Apesar do nome Floresta, estes momentos de contato, contemplação e interação com a natureza podem ser realizados em qualquer bioma. Aconselhamos que a prática seja organizada em espaços de fácil acesso aos usuários do SUS, que os encontros sejam registrados como atividade coletiva e de educação ambiental. Se possível aconselhamos às equipes de saúde a aproveitarem este momento para fazer o registro da pressão arterial antes e depois da intervenção para demonstrar aos participantes os efeitos benéficos do Banho de Floresta.
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