AURICULOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA COMPLEMENTAR AO TRATAMENTO DO TABAGISMO

O tabagismo é um dos principais fatores de risco evitáveis de doenças crônicas, como câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias, sendo responsável por milhões de mortes anualmente (OMS, 2021). No Brasil, apesar das políticas de controle do tabaco, a cessação do uso do cigarro ainda representa um desafio, pois muitos fumantes enfrentam dificuldades devido à dependência química e sintomas relacionados (INCA, 2020). Diante dessa realidade, foi implementada a auriculoterapia como estratégia complementar no tratamento do tabagismo, visando minimizar os efeitos da abstinência e potencializar o sucesso na cessação do cigarro.
A experiência ocorreu de outubro a dezembro de 2024 em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Santa Cruz/PB . O projeto atendeu um grupo de 10 participantes fumantes, que receberam sessões de auriculoterapia associadas a orientações sobre os danos do tabaco e estratégias para o abandono do vício. Os encontros ocorreram semanalmente, conduzidos pela psicóloga da e-Multi, e os efeitos da intervenção foram monitorados por meio de questionários e registros individuais.
A implementação dessa prática reforça o compromisso com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC-SUS), que busca ampliar o acesso a terapias complementares e promover o cuidado integral à saúde (BRASIL, 2018). essa iniciativa fortalece as ações do SUS na promoção da saúde e no enfrentamento do tabagismo como problema de saúde pública.

OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Implantar a auriculoterapia como tratamento complementar à cessação do tabagismo, no município de Santa Cruz/PB.
Objetivos específicos:
Reduzir os sintomas da abstinência (ansiedade, irritabilidade, insônia e compulsão) através da aplicação regular da auriculoterapia.
Aumentar a adesão ao tratamento do tabagismo, oferecendo suporte terapêutico complementar que auxilie na cessação do cigarro.
Avaliar a eficácia da auriculoterapia no processo de cessação do tabagismo, por meio de questionários e acompanhamento dos participantes.
Ampliar o uso de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no SUS, fortalecendo estratégias de promoção da saúde no enfrentamento ao tabagismo.

METODOLOGIA
A auriculoterapia foi implantada como tratamento complementar no grupo de cessação do tabagismo na Unidade Básica de Saúde (UBS), com duração de três meses, a partir de novembro de 2024. O grupo contou com dez participantes, todos tabagistas em processo de cessação, e foi conduzido por uma equipe multidisciplinar composta pela psicóloga da equipe multiprofissional (e-Multi), farmacêutica e enfermeira da unidade.
As sessões ocorreram semanalmente, utilizando exclusivamente sementes de mostarda aplicadas nos pontos auriculares Shenmen, Pulmão, Boca, Fígado e Sistema Nervoso Simpático, escolhidos para redução da ansiedade, controle do desejo por cigarro e alívio dos sintomas de abstinência. Os participantes foram orientados a estimular os pontos sempre que necessário.
A avaliação da efetividade foi realizada por meio de questionários semanais e da Escala de Fagerström, aplicada antes e depois do tratamento, para medir a redução da dependência. Foram monitoradas ansiedade, irritabilidade, desejo por cigarro e qualidade do sono.

O tabagismo é um grave problema de saúde pública e uma das principais causas evitáveis de doenças e mortes no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de tabaco está diretamente relacionado a diversos problemas respiratórios, cardiovasculares e cânceres, além de impactar negativamente a qualidade de vida dos indivíduos (WHO, 2021). No Brasil, estima-se que o tabagismo seja responsável por cerca de 161 mil mortes anuais, tornando-se um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS), que precisa lidar com os altos custos do tratamento das doenças relacionadas ao cigarro e com estratégias de prevenção e cessação do hábito (INCA, 2022).
Apesar das diversas políticas públicas para redução do tabagismo, como campanhas educativas, aumento de impostos sobre cigarros e proibição de propaganda (BRASIL, 2017), muitas pessoas ainda encontram dificuldades para abandonar o vício, principalmente devido à dependência química da nicotina e aos fatores emocionais envolvidos. O tratamento convencional inclui o uso de medicamentos, adesivos de nicotina e terapia comportamental, mas nem sempre essas abordagens são suficientes para garantir a cessação do tabagismo (FIORINI et al., 2018).
Diante desse cenário, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) vêm ganhando destaque como alternativas eficazes para auxiliar no processo de cessação do tabagismo. A auriculoterapia, uma técnica baseada na estimulação de pontos específicos da orelha para promover o equilíbrio do organismo, tem sido utilizada como um método complementar para reduzir a ansiedade, controlar a compulsão pelo cigarro e minimizar os sintomas da abstinência (ALVES et al., 2020).
Considerando a necessidade de oferecer estratégias acessíveis dentro da Atenção Primária à Saúde, o presente trabalho relata a implantação da auriculoterapia em um grupo de tabagismo em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Santa Cruz/PB, demonstrando seus impactos na redução do consumo de cigarros e na promoção do bem-estar dos participantes.

Os resultados da auriculoterapia no grupo de tabagismo foram significativos. Dos 10 participantes, 4 (40%) reduziram o consumo de cigarros, e 3 (30%) conseguiram parar completamente de fumar ao final dos três meses. Além disso, 8 (80%) relataram menor ansiedade e redução do desejo intenso por nicotina, demonstrando a eficácia da técnica no controle dos sintomas de abstinência.
Uma das participantes, fumante há 15 anos, disse que pela primeira vez sentiu controle sobre o vício. Outros destacaram melhoria no sono, menos irritabilidade e maior bem-estar emocional.
No entanto, 2 participantes (20%) abandonaram o tratamento, evidenciando desafios na adesão. Além disso, 1 não reduziu o consumo conforme esperado, reforçando a necessidade da continuidade do tratamento.
Essa experiência é um exemplo da importância de ampliar práticas como a auriculoterapia no SUS. Além de ser um método de baixo custo e fácil aplicação, ele fortalece o cuidado integral ao paciente, promovendo saúde e prevenção de doenças. A participação ativa da equipe multiprofissional demonstrou que integrar terapias complementares à Atenção Primária pode reduzir custos com tratamentos convencionais, fortalecer o vínculo com os usuários e oferecer alternativas mais acessíveis e eficazes para o controle do tabagismo.

A implantação da auriculoterapia como tratamento complementar para o tabagismo demonstrou ser uma estratégia viável e eficaz dentro do SUS, promovendo um cuidado integral e acessível à população. A experiência destacou a importância da abordagem multiprofissional, com o envolvimento da psicóloga da e-Multi, da farmacêutica e da enfermeira da unidade. Essa articulação fortaleceu o vínculo com os participantes e garantiu um suporte mais completo ao longo do processo.
Recomenda-se a continuidade e ampliação da auriculoterapia em programas de combate ao tabagismo na Atenção Primária, associando-a a outras abordagens terapêuticas, como grupos de apoio e acompanhamento psicológico. Além disso, sugere-se capacitação de mais profissionais para aplicar a técnica, garantindo maior cobertura e acesso à população.
Conclui-se que a auriculoterapia é uma alternativa de baixo custo, não invasiva e sustentável, que pode fortalecer as ações de promoção da saúde no SUS. A experiência demonstrou que integrar Práticas Integrativas e Complementares ao cuidado convencional amplia as possibilidades terapêuticas e melhora a qualidade de vida dos usuários.

autor Principal

Talita Juvêncio de Almeida

talita.juvencio@hotmail.com

Psicóloga

Coautores

Erick Bernard Pereira de Lima

A prática foi aplicada em

Santa Cruz

Paraíba

Nordeste

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde de Santa Cruz PB

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Talita Juvêncio de Almeida

Conta vinculada

02 abr 2025

CADASTRO

02 abr 2025

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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