As interfaces da política nacional de humanização como mediador na reestruturação do dispositivo assembleia no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas de Ponta Grossa (PR)

Finalidade da experiência: visa assegurar um espaço, para reflexão sobre as demandas cotidianas do trabalho em saúde, de modo a construir uma horizontalização das relações de poder no tratamento de saúde e promover o resgate do exercício da cidadania e protagonização dos usuários nos espaços coletivos. A reestruturação da assembleia, surgiu a partir das necessidades observadas pelos profissionais e pacientes do Caps AD, em modificar a dinâmica do serviço de modo a destinar, à instituição de outras modalidades de agir em saúde, que venham de encontro a preceitos como a produção de autonomia e protagonismo dos sujeitos que constroem o SUS. Sendo assim, criou-se um cronograma anual, com datas preestabelecidas dos encontros, que funcionam quinzenalmente nas quartas-feiras, estão presentes profissionais do serviço, gestores municipais e pacientes. Porém há previsão futura da inclusão dos familiares, representantes da comunidade e instituições de outros recursos do município (Atenção Primária em Saúde, promotoria, assistência social, associações de moradores, defensoria pública), entre outros. Com base nisso, construiu-se um espaço de diálogo, onde se propõe a problematização do cotidiano, a partir da enumeração de pautas a serem discutidas e deliberadas pelos presentes, sendo estas registradas em atas pelos próprios demandantes. Em algumas situações, formam-se comissões internas com a anuências de todos, para resoluções de casos específicos como forma de responsabilização. Os indicadores são gerados a partir de pesquisa qualitativa, por meio de observação comportamental e análise reflexiva das pautas elencadas, soluções sugeridas ou efetivadas. O levantamento de dados, refere-se às experiências vivenciadas (positivas ou negativas), o perfil dos participantes, motivação, frequência e interesse dos mesmos, sendo possível compreender, interpretar e identificar possibilidades de recursos substitutivos, quando necessário. Desse modo, possibilita-se aos usuários do sistema de saúde, a autogestão do tratamento a partir da autocrítica sobre as decisões institucionais, com vistas ao resgate da autonomia e do protagonismo. Inicialmente observou-se pouca motivação, apatia e passividade dos usuários em se colocarem na posição de cogestores do próprio tratamento, características, das próprias condições estigmatizantes vivenciadas, que limitam a capacidade em exercitar a cidadania. A assembleia viabiliza uma avaliação constante da prática em saúde mental, proeza esta, que evita processos de inércia e oportuniza a experiência de metodologias dinâmicas, contemplando a reinvenção dos dispositivos assistenciais. A partir disso, constatou-se uma modificação comportamental, no que se refere a autonomia e protagonização dos usuários do Caps AD, que interferiu diretamente na performance do próprio serviço.

O itinerário da assistência psiquiátrica no Brasil foi marcada pela segregação, exclusão e asilamento dos sujeitos. No momento atual da psiquiatria brasileira, nota-se um considerável avanço, no que diz respeito ao fortalecimento dos laços sociais, que consequentemente promovem condições favoráveis à democratização da vida em sociedade, onde se produz um reflexo na autonomia e protagonismo dos sujeitos, de modo a ressignificar a assistência em saúde mental. Tais mudanças sugerem inovações ao tratamento dispensado, onde se faz emergir, a necessidade da implantação de dispositivos inovadores, que as amparem, dentre estes destaca-se a assembleia, onde se propõe um espaço para reflexão sobre as práticas de trabalho em saúde e condições favoráveis à democratização nos espaços coletivos. Tendo como alicerce os princípios da Política Nacional de Humanização. Há várias definições para a assembleia, porém a que mais contempla este trabalho é a de Camargo (2004) apud Brito (2006):“(…) incluir os pacientes na gestão do cotidiano institucional, oferecendo espaço para que possam corresponsabilizar-se pela administração do espaço que utilizam e pelo tratamento que recebem. Essa estratégia visa a uma maior horizontalização das relações de poder dentro do tratamento, um dos objetivos do processo de reabilitação psicossocial. Caracteriza-se idealmente, como um espaço de exercício e resgate da cidadania (CAMARGO, 2004 apud BRITO, 2006).Tal perspectiva, preconiza a participação do usuário enquanto protagonista nos processos de saúde, a partir dos princípios da Política Nacional de Humanização no intuito de, reconhecer cada sujeito como legítimos cidadãos de direitos, de modo a enaltecer e instigar a atuação destes na produção de saúde e assegurar uma assistência efetiva e adequadas às demandas dos sujeitos. Diante do exposto, a equipe interdisciplinar do CAPS AD, observa a necessidade de adequação das tecnologias do cuidado dispensados aos sujeitos do serviço, no intuito de que, não se torne habitual o suprimento das práticas e falas trazidas pelos usuários ao solicitarem apoio dos dispositivos de assistência à saúde, a fim de evitar a participação ativa no enfrentamento das problemáticas cotidianas.

Portanto, enfatiza-se que os sujeitos devem buscar de forma coletiva, um sistema de saúde humanizado, sendo necessário avançar nos padrões de organização e de gestão do trabalho em saúde, que inúmeras vezes se apresentam de maneira verticalizada e hierárquica, tornando difícil ou inviável a comunicação. Contrário a este sistema verticalizado, a assembleia se constitui como um importante exercício de dialética nas práticas de saúde mental, porém estas devem ser sistematizadas e incorporadas rotineiramente no sistema transversal, para que se possa fortalecer o protagonismo e a autonomia dos usuários, através de novas configurações das tecnologias de cuidado disponíveis e possibilitar aos profissionais maior crítica sobre o cotidiano de trabalho.

Principal

Michelle Claudino da Silva Takahashi,Maria de Fátima Lourenço, Patricia Mudrey, Silvana Cristina Santi, Marcio Lupepsil, Taís Rigoni

michelle_cto@hotmail.com

Coautores

Michelle Claudino da Silva Takahashi,Maria de Fátima Lourenço, Patricia Mudrey, Silvana Cristina Santi, Marcio Lupepsil, Taís Rigoni

A prática foi aplicada em

Ponta Grossa

Paraná

Sul

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde

R. Dr. Colares, 290 - Centro, Ponta Grossa - PR, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Michelle Claudino da Silva Takahashi,Maria de Fátima Lourenço, Patricia Mudrey, Silvana Cristina Santi, Marcio Lupepsil, Taís Rigoni

Conta vinculada

02 jun 2023

CADASTRO

24 ago 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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