Compreendendo que o SUS preconiza a promoção da saúde como um objetivo a ser alcançado por meio de ações coletivas, que entendem os indivíduos em seus contextos, com suas histórias e vínculos, surgiu em 2018 e se remodelou em 2019 a proposta de atuar com grupos terapêuticos com usuários de saúde mental, propondo a promoção de mudanças nas relações comunitárias e nos participantes nos aspectos individuais. Os encontros têm ocorrido nos espaços comunitários dos territórios de algumas unidades básicas de saúde, fortalecendo o território como fator de saúde. O campo da Saúde Mental do município tem enfrentado há alguns anos filas para atendimento psicológico e psiquiátrico que aumenta a chance de agravos no sofrimento psíquico. Essa última variável se destaca por se tratar de um município que possui um hospital psiquiátrico com internações via SUS e ao mesmo tempo por não possuir um Caps para o fortalecimento da rede de atenção psicossocial do município.
Objetivo geral: promover o espaço de saúde mental nos ambientes comunitários com usuários dos territórios que utilizam os serviços de saúde mental. Objetivos específicos: promover um espaço de fortalecimento da coletividade como ambiente promotor. Os grupos terapêuticos “arte e saúde” são realizados desde 2018 semanalmente, mediados por psicóloga e agente comunitário de saúde representando as UBSs do município. A construção dos encontros se baseou principalmente nos conteúdos a respeito da formação de grupos encontrados nas fontes primárias (Zimerman, Osório, 1997). Propusemos realizar encontros terapêuticos intercalados com encontros de desenvolvimento de potencialidades, usando como principal via o desenvolvimento de artesanato. Os encontros foram realizados em salões comunitários, espaços das UBSs ou em salas de escolas e duram uma média de duas horas por encontro.
A fluidez da construção dos grupos permitiu expandir as vivências em novas formas de existir e de se expressar, o que foi percebido desde pequenas mudanças de comportamento, como sorrisos, outrora invisíveis, e falas antes silenciadas. Gerou-se um cenário de partilha de vivências que permitiu novas narrativas de vida. As atividades manuais valorizam outras formas de ver o mundo, repercutindo nos comportamentos dos participantes, que relatavam não acreditar na capacidade de construir algo bonito com as próprias mãos, relatos ricos de novos significados na vida dos participantes. Ao longo dos encontros, as posturas dos participantes diante de suas próprias capacidades e diante das habilidades dos outros mudou, observando respeito e cooperação. Os grupos têm provado a riqueza de ações na promoção de saúde mental nos espaços coletivos. Supera-se o paradigma saúde/doença, avançando nas interseccionalidades das relações sociais e como isso afeta o que compreendemos como saúde e principalmente como saúde mental para o protagonismo das pessoas em sofrimento psíquico. Os projetos coletivos de saúde mental encontram os desafios do sucateamento da saúde pública invisibilidade da temática, sendo um campo de desafios e potencialidades.
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