Assim que ocorreu a paralisação dos serviços de saúde e educação, ficamos atentos a alguns devido à pandemia de covid-19 e a necessária paralisação dos serviços ambulatoriais e de reabilitação nos deparamos com demandas no território que não poderiam esperar tudo se normalizar. Descrevemos aqui o caso do jovem Jean Gabriel de treze anos de idade, dentro do espectro autista, inserido em serviços de saúde, educação e estimulação na Rede municipal, que vinha apresentando um bom desenvolvimento de suas habilidades intelectuais e sociais, porém diante dos transtornos que o espectro apresenta e da paralisação desses serviços, o mesmo demonstrou grande retrocesso comportamental e fragilidade emocional. Conversa com a mãe (Ariane) no módulo do Programa Médico de Família (PMF) em horário e local com menos demanda para avaliações de pacientes suspeitos para covid-19. A mesma compareceu bastante aflita, porém confortada com o nosso acolhimento num momento onde ir ao PMF se tornou algo que deveria ser evitado ao máximo, com exceção para casos de sintomas respiratórios. Relatou que o Jean estava apresentando um comportamento bastante agressivo, de inconformismo com a situação atual, se recusando a realizar atividades básicas de vida diária, como tomar banho, escovar os dentes, entre outros, estava com o sono desregulado, se alimentando mal e com um quadro de sintomas gástricos e incontinência fecal. A mesma trouxe algumas falas do menino: para que devo tomar banho se não vou sair para nenhum lugar? Não tenho escola e nem APAE mesmo. A mãe chorou muito ao narrar que em dado momento perdeu a paciência e bateu nele e o menino reagiu dizendo: bate! Pode bater que não dói mesmo. Me mata de uma vez. Neste primeiro momento, fizemos o acolhimento da mãe e deixamos ela perceber que não se encontrava só neste sofrimento e que poderíamos apoia-la neste cuidado. Propomos a construção de um projeto terapêutico a fim de minimizar os transtornos relatados pela mesma. Agendamos uma reunião com ela e o Jean para próxima semana que estaríamos neste módulo, costumamos estar semanalmente sempre às terças-feiras, assim as equipes de saúde já se programam para o compartilhamento dos casos. Na semana em questão levamos para eles dois materiais facilitadores neste primeiro momento.
Devido a pandemia de covid-19 e a necessária paralisação dos serviços ambulatoriais e de reabilitação nos deparamos com demandas no território que não poderiam esperar tudo se normalizar. Descrevemos aqui o caso do jovem Jean Gabriel de treze anos de idade, dentro do espectro autista, inserido em serviços de saúde, educação e estimulação na Rede municipal, que vinha apresentando um bom desenvolvimento de suas habilidades intelectuais e sociais, porém diante dos transtornos que o espectro apresenta e da paralisação desses serviços, o mesmo demonstrou grande retrocesso comportamental e fragilidade emocional.
Observamos a grande dificuldade em envolver toda equipe de Médico de Família neste projeto devido a mesma estar totalmente absorvida no processo de trabalho em torno do enfrentamento pela pandemia de covid-19, quanto à avaliação de casos sintomáticos, realização de testes e ainda sofrendo quadros de ansiedade pelo trabalho com risco de contaminação, mesmo com o uso devido dos recursos de EPIs. Portanto, entendemos o quanto é valiosa a presença da equipe de apoio técnico-pedagógico do núcleo de apoio à saúde da família ampliando o olhar e fomentando suas possibilidades de ação e cuidado.
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