Esta proposta tem por objetivo contribuir para a mitigação dos efeitos da pandemia junto à população do Complexo da Mangueira no estado do Rio de Janeiro a partir da adoção de atividades de prevenção, promoção e vigilância em saúde de base territorial com participação social da própria comunidade. Entende-se por vigilância em saúde de base territorial ações com participação de atores sociais dos territórios que atuem para a construção de práticas de atenção e promoção da saúde, bem como ações que adotem mecanismos de prevenção a riscos e agravos à saúde da comunidade.
A ênfase será dada para diminuição da disseminação do coronavírus junto a populações do Complexo da Mangueira, aumentando a proteção da população residente face os diferentes efeitos da pandemia por meio de ações coordenadas de promoção da comunicação e da informação em saúde e da difusão conhecimento e evidências científicas sobre o enfrentamento da COVID 19 e seus impactos.
Outro eixo deste projeto é o enfrentamento da fome e mitigação dos impactos econômicos nas famílias afetadas pela pandemia. Para tanto propõe-se ações imediatas de distribuição de cestas básicas e no propósito de criação de renda a capacitação profissional em empreendedorismo digital.
As ações a serem desenvolvidas neste projeto também visam estimular a articulação das organizações da sociedade civil presentes no território do Complexo da Mangueira com a gestão local da saúde, educação e assistência social.
Para este fim, a ONG AFRICA construiu duas parcerias com o Laboratório de Responsabilidade Social e de Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro- LARES/UFRJ que vai dar o suporte técnico e com a Clínica da Família Dona Zica.
O primeiro Boletim Socioepidemiológico da Covid-19 nas Favelas da Fiocruz sinaliza que a Covid-19 apresenta maior percentual de óbitos na população negra nos territórios periféricos, evidenciando a necessidade premente de se construir ações emergenciais e de convivência com a pandemia específicas e articuladas para as favelas. Para tanto, foi elaborado um diagnóstico no território da Mangueira, no âmbito do desenvolvimento do projeto de pesquisa Estratégia de Comunicação na Prevenção da Covid-19 e outras Síndromes Respiratórias Agudas (SARS) para Comunidades de Baixa Renda – Caso Mangueira, realizado pelo LARES/IE/UFRJ. Esta pesquisa científica utilizou como metodologia a divisão da comunidade em subáreas já demarcadas pela clínica da família, aplicação de questionários tanto por grupos de WhatsApp de moradores quanto por pesquisadores liderados por morador da comunidade que realizaram trabalho de campo no território com utilização de equipamentos de proteção individual (máscara e álcool 70) e distanciamento de 1 metro, segundo os protocolos de segurança dos órgãos de saúde. A pesquisa mostra que a estratégia de comunicação de massa adotada pelos órgãos de saúde pública nos principais veículos de comunicação foi eficaz em informar a população sobre as principais ações preventivas a serem adotadas individualmente e em família. Entretanto, não foram suficientes para motivar um comportamento com hábitos de prevenção da COVID-19. Um dos motivos apontados é a falta de emprego/renda para adquirir o básico, como, por exemplo, sabão e máscaras. Já outra parcela não alcança/acredita na transmissibilidade/letalidade da doença e não faz uso da máscara na comunidade. Este primeiro diagnóstico, apesar de instrumento de sistematização da realidade enfrentada pelos moradores da Mangueira, precisa ser atualizado com expansão para um número ainda maior de moradores afim de confirmar ou não os resultados encontrados na pesquisa realizada pelo LARES/IE/UFRJ e se estes refletem a realidade dos moradores do território. Por isso, nesta proposta está prevista como uma de suas ações a ampliação tanto da aplicação da pesquisa realizada pelo LARES/IE/UFRJ quanto do escopo da pesquisa a fim de incluir o um censo da comunidade e o monitoramento do impacto das ações realizadas neste projeto. Planeja-se com isso identificar e sistematizar um plano de atuação eficaz em território de favela que possa nortear ações de políticas públicas para enfrentamento de pandemias em favelas.
A singularidade deste projeto consiste no desenvolvimento de ações coordenadas de conscientização sobre a prevenção, esclarecendo dúvidas sobre a doença COVID-19 e a vacinação; apoio psicológico a estudantes; reforço escolar para os alunos concluintes do ensino médio e geração de emprego/renda. Tais ações envolvem agentes locais, moradores, a Clínica da Família e o LARES/UFRJ, que desenvolverá uma capacitação em empreendedorismo digital para aqueles que desejam outros caminhos de desenvolvimento profissional. O empreendedorismo digital pode ser desenvolvido em atividades remotas e minimiza o deslocamento em transporte público e locais de trabalho presenciais. A criatividade deste projeto reside no oferecimento de uma capacitação em empreendedorismo digital como alternativa de emprego/renda para que um público periférico e vulnerável seja capaz de empreender com negócios digitais. Tradicionalmente, os cursos para este público são limitados a cursos profissionalizantes técnicos de baixo nível de escolaridade como padeiro, manicure e barbeiro/cabelereira, perpetuando desigualdades sociais. Além disso, o curso de empreendedorismo digital terá o suporte de mentores para que os alunos sejam amparados a de fato praticarem os ensinamentos recebidos, viabilizando assim, projetos, negócios e até mesmo startups. Portanto, o projeto integra ações e públicos para o enfrentamento das consequências do coronavírus no território da Mangueira.
Rua General Bento Ribeiro, 01 - Mangueira, Rio de Janeiro - RJ, Brasil
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