É inevitável falar em injeções e não se remeter a dor que estas podem causar, principalmente em se tratando de crianças. O medo da injeção não pode ser ignorado pelo profissional de saúde que atende a criança e seus familiares e/ou responsáveis. Desde o nascimento, e mais intensamente até os dois anos de vida, a criança visitara a sala de vacina várias vezes, devido a quantidade de vacinas a serem aplicadas, estas por sinal, indispensáveis na prevenção de doenças. A vacinação é um processo doloroso para a criança e também para os pais pois são estes que levam os filhos para vacinar e a criança por exemplo em uma dia pode receber três ou quatro vacinas, levando em consideração também as possíveis reações vacinais que podem causar sofrimento pela dor física. O conceituado médico Dr. Drauzio Varella em matéria em seu site no portal UOL explica que “O corpo tem um pH (medida do nível de acidez) que varia entre 7,2 e 7,4 (índice levemente básico). Geralmente os fármacos são mais ácidos (índice abaixo de 6) que isso. Até o pH do organismo neutralizar o outro diferente que chegou ali demora um tempo, o que pode acarretar sensação de dor e queimação. Quando a vacina é intramuscular acaba doendo mais, já que nos músculos há pouca água, o que dificulta a neutralização” (MEDEIROS, 2012/2019). Muitos pais de primeira viagem e mesmo os que já tem outros filhos chegam na sala de vacina não sabendo de todas as vacinas que o recém nascido vai receber, além do teste do pézinho que aqui em nosso município é realizado pelas vacinadoras já que no mesmo dia já são realizadas as primeiras vacinas. Os pais/responsáveis ficam apreensivos pois o bebê chora pela dor, pelo desconhecido, a preocupação com possíveis eventos adversos, isto tudo vai criando nas pessoas uma hesitação em relação a vacinação. Esta experiência apresenta as técnicas para alívio da dor através de abordagem terapêutica utilizada em sala de vacina, e não tem o intuito apenas de aliviar o sofrimento físico mas também de forma humanizada e acolhedora criar vínculo entre o vacinador e o vacinado e/ou pais/responsáveis. Este vínculo contribui para a melhor aceitação das vacinas diminuindo assim a hesitação vacinal. A conscientização sobre manter a caderneta de vacina em dia precisa ser pensada a longo prazo,e uma das ferramentas para isto é não perder o vínculo com a família mantendo sempre o vínculo aproximando assim o usuário do profissional.
A pesquisa ImunizaSUS nos apontou dentre vários fatores as chamadas fake news como muito influentes na desinformação da população. A partir disto podemos perceber que o contato da vacinadora com seu público é de fundamental importância, este é o momento de esclarecer dúvidas, passar segurança através de suas atitudes na sala de vacinação. A abordagem humanizada através da aplicação das técnicas de alivio para dor estreita a relação entre profissional e público, tornando o ambiente mais confiável e seguro. Estas técnicas, o acolhimento humanizado, a segurança do profisisonal, o vínculo se tornam fatores determinantes para a aceitação das próximas vacinas. Outro ponto levantado em relação a hesitação vacinal que também está relacionado com as fake news, onde mesmo a população sabendo a importância das vacinas deixam de se vacinar por acesso a videos, mensagens reproduzidas por pessoas que são anti-vacinas que fazem parecer as fake news como verdadeiras. Precisamos cada vez mais neste contexto falar sobre a vacinação com os usuários para que estes confiem nos vacinadores com segurança para que não acreditem em boatos, mensagens e videos anti-vacinas mas que confiem e acreditem nas vacinadoras. Além das vacinadoras todos os profissionais da saúde devem seguir a conduta alinhada aos princípios do SUS levantando sempre opiniões positivas em relação á vacinação, o que muitas vezes não é o que acontece na prática, a busca pelo conhecimento pelos profissionais da saúde deve ser constante principalmente em relação á vacinação pois não é obrigação apenas da vacinadora a busca ativa de atrasos vacinais e a coscientização sobre a importância da vacinação mas sim um dever de todos nós que assumimos papel de profissional ordenadores do cuidado em saúde que significa estabelecer conexões com os usuários de modo a alcançar o objetivo maior de prover/atender às necessidades promovendo cuidados em saúde e prevenção de doenças, zelando pela integralidade do cuidado.
As estratégias aqui apresentadas para alivio da dor são pontos positivos na sala de vacina, pois aproxima o usuário do profissional. Outras estratégias são pensadas para complementar a ações já realizadas, uma delas que destacamos é a construção de uma cartilha sobre as vacinas para ser entregue aos pais/responsáveis. Nesta cartilha além das especificações sobre as vacinas deverá constar o possíveis eventos adversos e ainda o contato telefônico da sala de vacina para dúvidas. A vacinação sempre será um ponto desafiador pois para os profissionais que atuam diariamente vacinando ele fica motivado com cada vacina realizada. Outra estratégia a ser organizada em específico para a vacinação do HPV é mais abrangente pois tem uma hesitação maior por parte dos pais por acreditarem que seus filhos tão novos não necessitam da vacina, sem pensar ou compreender o benefício a longo prazo. E por fim a estratégia para adultos que mais funciona para nossa população são as mensagens de whatsapp enviadas comunicando sobre a vacina, devemos intensificar esta ação com um número de telefone específico para cada sala de vacina facilitando desta forma o trabalho do vacinador.
Todos os resultados destas técnicas para alivio da dor são positivos. As próprias crianças maiores já chegam na unidade em busca da abelhinha Buzzy e da borboletinha como chamamos o pikluck. Tentamos deixar o ambiente mais confortável para a criança e pais/responsáveis. Sobre a técnica da mamanalgesia é surpreendente a tranquilidade que se realiza o teste do pezinho com o recém nascido sendo amamentado, sendo também como ponto positivo, saber que aquele bebe, durante o procedimento de coleta está tranquilo, como se nada estivesse acontecendo é maravilhoso. Além de incentivar a amamentação, observamos que os pais interagem mais com os profissionais da saúde. Encontramos pouca resistência na técnica da mamanalgesia, quando a mãe não se sente confortável não é algo forçado, precisa ser algo natural e de interesse da mãe, que fica feliz por ter participado deste momento. O trabalho em sala de vacina, não é tarefa fácil para o vacinador tampouco para os pais que entregam seus filhos ao cuidado do profisisonal, para muitos pode ser trivial fazer uma vacina, para outros uma experiência dolorosa e ainda para outros um momento de medo. As vacinadoras (os) devem estar preparados para atender a todos em suas necessidades. Além do cuidado técnico na aplicação do imunobiológico e na coleta do teste do pezinho, o cuidado com o ser humano deve prevalecer. O amor e a dedicação no ambiente de trabalho ainda faz a grande diferença no atendimento aos usuários. As técnicas utilizadas para alivio da dor fazem muita diferença em nosso dia a dia, as crianças se divertem mais, e a vacinação ocorre com mais serenidade, pois as crianças podem participar deste momento de uma forma mais divertida. A mamanalgesia é algo surpreendente, é realmente tudo o bebe precisa no momento do teste do pezinho, o aconchego e amor a ele transmitido durante a amamentação. Concluímos que estas técnicas para o alivio da dor funcionam não apenas para o alivio do sofrimento físico mas para alivio emocional pois quanto maior o cuidado e o acolhimento maior a satisfação do usuário. As técnicas para alivio da dor se tornam uma ferramenta na qualificação da ações em saúde e um investimento no cuidado ao outro.
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