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A Estratificação de Risco Baseada em Evidencias para Randomizar as Prioridades na Vacinação Contra a Covid-19: Relato de Experiência no Município de Amparo-PB

Com a chegada das primeiras vacinas no Brasil em Janeiro de 2021 e observando a escassez de insumos imunizadores para população, criou-se um clima de esperanças e ao mesmo tempo de insegurança, a esperança de receber a dose da “sobrevivência” e a insegurança de quando essa dose chegaria a população, o profissional administrador da vacina tinha “uma missão difícil” pela frente: decidir “quem teria a chance de sobreviver a patologia pandêmica?”, tendo em vista que naquele momento era a forma mais crível de sobrevivência a pandemia, e ao mesmo tempo deveria prevalecer os princípios da universalidade. A coordenação da APS adotou parâmetros para criar uma lista continua da população do município, baseando-se em 10 variáveis sobre o risco de desenvolver casos graves da COVID-19, baseando-se na literatura cientifica publicada em países onde a onda pandêmica chegou primeiro que o Brasil. Incluiu 10 variáveis prontamente disponíveis no cadastro individual dos Agentes comunitários de saúde: idade, seis morbidades, a condição de acamado, a condição de transplantado e histórico clinico pregresso de AVE e/ou IAM. Dentre as morbidades, foram consideradas de acordo com o índice de comorbidade de Charlson modificado como: hipertensão arterial, diabetes, doença renal crônica, doença respiratória crônica (inserindo asma), doença cardíaca crônica, e obesidade (IMC> 40). Foram excluídos convulsão, HIV, neoplasias malignas, doença hepática moderada e grave, demência, condições neurológicas crônicas e doença de tecido conjuntivo pois não apresentavam como mobidades comuns em pacientes graves observados nos estudos daquela época (Cardoso et al. (2020), Feitoza et al. (2020),Galvão (2020), Mercês et al. (2020), Niquini et al (2020), Ruan et al. (2020) e Souza et al. (2020) ). Dando mais transparência ao processo de vacinação no município, a secretaria de saúde emitia uma lista atualizada com os nomes e posição na fila municipal de vacinação, a ordem poderia sofrer alteração assim que novas comorbidades iam sendo descobertas pelos usuários, essas listas eram publicadas nas paginas institucionais e aos ACS, com intuito de levar informação mais rápida ao usuário de sua área adscrita e diminuir o desperdícios de sobras de doses no município. O cuidado ao usuário em suas diversas fases de vida em tempos contemporâneos, sobretudo aqueles que apresentam maior risco e vulnerabilidade social e sanitária, tem sido um grande desafio para os profissionais da saúde, esse cuidado se torna mais complexo e de grande significado nessa era pandêmica, por conta da ampliação do risco destes para o agravamento da doença, internamento e óbito, devido muitas vezes pela associação de uma ou mais comorbidades. O instrumento foi útil para a tomada de decisão, com base no que sustenta a Saúde Coletiva (Epidemiologia, Planejamento e Gestão e o olhar para Ciências Sociais e Humanas), sendo importante para definir a quem priorizar diante da escassez de vacinas.

Como a pauta de distribuição de vacinas aos municípios não dava conta ao contingente populacional, a necessidade de priorização foi tamanha e urgente, como também a inexistência de um sistema ou mesmo formulário de cadastro e registro das vacinas, exigiu o controle exercido pelo Ministério Público, a coordenação da APS sentiu-se a necessidade de criação de um modelo de estratificação justo, assim, o presente trabalho objetiva relatar a experiência da construção e utilização de um instrumento de estratificação de risco para vacinação contra a COVID-19. O instrumento contribuiu para uma maior estratificação do risco individual de cada usuário, e priorização da vacina para aqueles com maior vulnerabilidade sanitária e social, outro ponto importante é o fato do município criar um instrumento próprio de cadastramento para estratificação de risco de mais de dois mil usuários, contribuindo para uma melhor cobertura vacinal contra a COVID-19. Ao se priorizar os idosos por faixa etária, com risco “alto” e “muito alto” evitou-se muitos internamentos e óbitos. A Agilidade na busca ativa de usuários para a tomada das duas doses iniciais da vacina foi de suma importância. Outro ponto importante foi observado uma melhor compreensão pelas equipes de saúde e sociedade civil dos riscos sanitários, epidemiológicos e sociais de cada usuário, podendo estabelecer um melhor plano de cuidado e acompanhamento longitudinal a estes. Os resultados obtidos foram positivos, Amparo chegou a ocupar por diversas vezes o primeiro lugar na cobertura vacinal dentro da região de saúde, como também o desperdício de doses foi praticamente inexistente durante todo o ano de 2021. Respeitou-se um dos mais importante principio do SUS, a equidade, priorizou-se a ética, a transparência de dados, o respeito e a consciência cidadã, gerando uma confiança na população sobre o método democrático e respeitoso. Conseguimos dar prioridade a pacientes que poderiam desenvolver a doença de forma grave e que pudessem ter desfecho negativo em curto período de tempo, visto que os pacientes com perfis para a evolução grave, requerem atendimento no menor tempo possível ao serviço de urgência/emergência, serviço esse que encontrava-se superlotados. Observou-se também uma evolução dos ACS quanto ao uso das ferramentas digitais no seu processo de trabalho, bem como, um aumento nas interações sociais dentro do setor de trabalho, ocorrendo trocas de informações e conhecimentos entre eles, tornando-se muitas vezes a um espaço de educação permanente.

Inicialmente, foi idealizado um instrumento básico com dados mínimos da ficha do E-SUS, por conta do tempo e da facilidade. Mas a analise mostrou-se suficientemente capaz de abstrair o perfil com os riscos de cada usuário. Com isso, foi elaborado um instrumento conjugando dados sociodemográficos e comorbidades, valorizando a importância social, sanitária e epidemiológica, de modo que os riscos fossem desvelados em sua completude. As estratégias institucionais que poderiam ser organizadas para fortalecer as ações de imunização e melhorar as coberturas vacinais no município é primeiramente ter uma base de dados sólida e atualizada, manter um contato mutuo e sistemático com todos os profissionais de saúde que fazem parte da atenção primária, usar maciçamente as redes sociais institucionais além do rádio, e principalmente respeitar os princípios norteadores do SUS, criando estratégias baseadas em evidencias cientificas. A criação e utilização do instrumento pode contribuir em diversos cenários, tanto para a sociedade civil, por organizações não governamentais, nos serviços de saúde em geral, para estratificação de risco e o estabelecimento de projetos terapêuticos; quanto na academia para realização de pesquisas.

O cuidado ao usuário em suas diversas fases de vida em tempos contemporâneos, sobretudo aqueles que apresentam maior risco e vulnerabilidade social e sanitária, tem sido um grande desafio para os profissionais da saúde. Esse cuidado se torna mais complexo e de grande significado nessa era pandêmica, por conta da ampliação do risco destes para o agravamento da doença, internamento e óbito, devido muitas vezes pela associação de duas ou mais comorbidades. O instrumento foi útil para a tomada de decisão, com base no que sustenta a Saúde Coletiva (Epidemiologia, Planejamento e Gestão e o olhar para Ciências Sociais e Humanas), sendo importante para definir a quem priorizar diante da escassez de vacinas. A criação e utilização do instrumento pode contribuir em diversos cenários, tanto para a sociedade civil, por organizações não governamentais, nos serviços de saúde em geral, para estratificação de risco e o estabelecimento de projetos terapêuticos; quanto na academia para realização de pesquisas. Uma das limitações do instrumento em seu uso, foi o surgimento de usuários com doenças crônicas e/ou raras, não estabelecidas incialmente na primeira versão, e não comuns no município de aplicabilidade; o que poderá ser adaptado em uso futuro, com base no perfil epidemiológico local. Vimos que as ferramentas de identificação e a priorização dos problemas de saúde são essenciais na tomada de decisão. Concluímos também que a rede social pode ser uma ferramenta útil para se avançar na construção do cuidado no cotidiano, tendo capacidade de gerar uma interação entre equipe, comunidade e gestão na Atenção Básica, tornando-se um canal de comunicação que facilita na divulgação de informações, promovendo acesso rápido aos profissionais e consequentemente aos usuários.

Principal

ELVIS BRUNO ALMEIDA DA SILVA

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Instituição Privada

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A prática foi cadastrada em

23 dez 2023

e atualizada em

23 dez 2023

Início da Execução

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Concluída

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