Você conhece seu corpo? O Outubro Rosa, mês em que o mundo se une em ações de prevenção e diagnóstico precoce dos cânceres de mama e de colo do útero, chega para lembrar que cuidar da saúde é um compromisso para o ano inteiro — não apenas para outubro. Sob o lema “Mulher, seu corpo, sua vida”, a campanha reforça a importância do autocuidado e do acompanhamento médico diante dos dois tipos de câncer mais frequentes entre as mulheres.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados em 3 de outubro, os casos de mortes por câncer de mama e de colo do útero cresceram entre 2010 e 2024. Nesse período, 248 mil mulheres morreram de câncer de mama, sendo dois terços em idade considerada prematura (30 a 69 anos). Já o câncer de colo do útero provocou 92 mil óbitos, dos quais quase 74% também em mulheres mais jovens.
As desigualdades raciais e regionais chamam atenção. Embora as maiores taxas absolutas de mortalidade por câncer de mama estejam entre as mulheres brancas, o aumento foi mais acentuado entre as pardas, com alta de 43,7%, e entre as indígenas, cuja taxa praticamente triplicou em 14 anos. No caso do colo do útero, as indígenas apresentam os índices mais elevados, chegando a números duas vezes maiores que os das mulheres brancas em determinados anos. Entre as pardas, houve aumento de quase 23% nos óbitos prematuros. O país registra, anualmente, mais de 70 mil novos casos de câncer de mama e 17 mil de câncer de colo do útero.
Cuidar do corpo é preservar a vida
Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas e reduzir o consumo de álcool são atitudes que ajudam a diminuir os riscos. Além disso, a mamografia, recomendada a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos, é essencial para detectar alterações em estágios iniciais. O recado é claro e urgente: cuidar do corpo é cuidar da vida e da própria história.
Entre as ações anunciadas pelo Ministério da Saúde neste ano estão a expansão do rastreamento organizado do câncer de mama, a distribuição do autoteste de HPV DNA — já disponível em 14 cidades brasileiras — e o fortalecimento da atenção primária, que visa agilizar o diagnóstico e o tratamento. Essas medidas estão alinhadas às metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030, que incluem vacinar 90% das meninas contra o HPV até os 15 anos e rastrear 70% das mulheres entre 35 e 45 anos. Afinal, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vacina contra o HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Já o exame preventivo Papanicolau, recomendado a cada três anos, continua sendo a principal forma de prevenção do câncer do colo do útero.
IdeiaSUS Fiocruz: experiências que inspiram o cuidado
O Outubro Rosa também chama atenção para a importância da conexão entre a população e a rede pública de saúde. Nesse contexto, a Plataforma IdeiaSUS Fiocruz tem papel fundamental ao reunir e difundir experiências bem-sucedidas de prevenção, diagnóstico e cuidado em diferentes regiões do país. Essas experiências evidenciam como profissionais, gestores e gestoras de saúde e comunidades locais têm fortalecido o SUS por meio de iniciativas que promovem o autocuidado, a informação e o acesso à saúde da mulher, reforçando que a prevenção é um compromisso coletivo e contínuo.
Ao dar visibilidade às práticas desenvolvidas nos territórios, a IdeiaSUS Fiocruz contribui para a construção de um sistema público de saúde cada vez mais forte, humano e comprometido com a vida das mulheres brasileiras. Confira abaixo algumas dessas experiências publicadas no banco de práticas da Plataforma, atualmente com quase 4 mil iniciativas exitosas do SUS.
Acesso facilitado ao mamógrafo itinerante: identificação precoce do câncer de mama
Cuidando delas: saúde da mulher nas confecções
Rastreamento do câncer de mama: a prevenção que salva vidas
Seis anos de campanha de intensificação das ações de rastreamento do câncer de mama e colo de útero
Por Ana Karolina (Jornalista e bolsista da Plataforma IdeiaSUS)