A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou (23/11) os novos dados do Boletim InfoGripe. Em nível nacional, a análise mostra sinal de queda de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de estabilidade na de curto prazo (últimas três semanas), em função da diversidade de quadros nos estados. A atualização aponta ainda que a SRAG continua impactando mais os extremos das faixas etárias analisadas. Enquanto a incidência de SRAG apresenta impacto mais elevado nas crianças até dois anos de idade, em termos de mortalidade ocorre o inverso, com a população a partir de 65 anos sendo a mais impactada. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 46, período de 12 a 18 de novembro, a atualização tem com base os dados os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 20 de novembro.
De acordo com InfoGripe, os casos de SRAG em crianças estão associados a diferentes vírus respiratórios, tais como o rinovírus, o Sars-CoV-2 (Covid-19), o vírus sincicial respiratório (VSR) e o adenovírus. Nos idosos, as ocorrências são principalmente em consequência do Sars-CoV-2. O estudo verificou que os dados por faixa etária apontam interrupção no sinal de crescimento de casos de SRAG na população adulta e queda em crianças e adolescentes. Em relação aos adultos e, principalmente, aos idosos, esse indício é reflexo da queda ou estabilização nos casos associados à Covid-19 em estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, embora em alguns estados do país como Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina ainda se verifique aumento. Os casos de influenza, VSR e rinovírus mantém sinal de queda ou estabilidade.
“A interrupção no aumento nos casos de SRAG na faixa etária adulta é reflexo da reversão no cenário dos casos positivos para Sars-CoV-2 na metade Sul do país (Centro-Oeste, Sudeste e Sul). No entanto, a reversão do cenário em alguns estados contrasta com o início ou manutenção do crescimento em outros, fazendo com que no agregado nacional se observe essa estabilização”, observa o pesquisador do Programa de Iniciação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,3% para influenza A; 0,3% para influenza B; 9,1% paa VSR; e 64,1% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0% para influenza A e B; 2,2% para VSR; e 92,3% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Segundo o Boletim, oito unidades federativas apresentam indícios de crescimento na tendência de longo prazo: Alagoas (AL), Amazonas (AM), Amapá (AP), Maranhão MA), Minas Gerais (MG), Pernambuco (PE), Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC). Em MG, RS e SC, o crescimento foi verificado nas faixas etárias da população adulta, decorrente da Covid-19. Na Bahia, também se observa manutenção do aumento de casos nessa faixa etária, associados à Covid-19. Na BA, RS e SC, já se observa sinal de desaceleração nesse crescimento, embora ainda sem interrupção ou reversão da tendência.
No Paraná (PR), há sinal de interrupção no aumento em idosos decorrente de Covid-19. No Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), mantém-se o sinal de queda nos casos de SRAG por Covid-19. No AM, AP e MA, o crescimento é lento e concentrado em crianças, sem resultado laboratorial suficiente para identificação de possível agente causador.
Em PE, observa-se sinal de ligeiro crescimento tanto em crianças quando em idosos, mas em estágio inicial e que ainda pode estar associado à oscilação.
Entre as capitais, seis apresentam sinal de crescimento: Fortaleza (CE), Macapá (AP), Porto Alegre (RS), Recife (PE), São Luís (MA) e Vitória (ES). Em Recife, o cenário é similar ao destacado para o estado, apresentando indícios de ligeiro crescimento recente nas crianças e idosos.
Em Porto Alegre, o sinal recente é apenas em crianças e pré-adolescentes. “O aumento associado à Covid-19 nesta capital entre os idosos dá sinal de interrupção, assim como em Belo Horizonte, Curitiba e Salvador”, informa Gomes. Já em São Paulo, há indícios de queda lenta, mantendo a reversão em relação ao aumento da Covid-19 iniciado em setembro. Em Fortaleza e Vitória, o sinal ainda é compatível com oscilação.
Casos de SRAG no país
No ano epidemiológico 2023, já foram notificados 161.154 casos de SRAG, sendo 63.458 (39,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 81.573 (50,6%) negativos, e ao menos 7.901 (4,9%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado.
Dentre os casos positivos do ano corrente, 7,4% são influenza A; 3,9% são influenza B; 34,1% são VSR; e 33,5% são Sars-CoV-2.9. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 1,3% para influenza A; 0,3% para influenza B; 9,1% para VSR; e 64,1% para Sars-CoV-2 .
Por Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias), publicado originalmente em 23/11/2023 no site da AFN.