Saúde bucal: uma abordagem multidisciplinar e transversal no programa saúde na escola

O presente trabalho foi desenvolvido por a Equipe de Saúde Bucal da Estratégia de Saúde da Família I, em Rio do Campo, município do interior do Alto Vale do Itajaí, envolveu crianças e adolescentes das Instituições de Ensino da zona urbana da cidade. Começou a ser desenvolvido no ano de 2014 até 2019 durante o ano letivo. Durante a pandemia, foi suspenso por 6 meses até adequar algumas atividades para o modo virtual. No ano de 2023 retornou de maneira presencial.
A Equipe percebeu a demanda odontológica de crianças em período escolar, com o desenvolvimento de doenças bucais que poderiam estar relacionadas a práticas alimentares familiares.
Justificativa
A partir dessa constatação, entendeu-se a necessidade de desenvolver um trabalho de orientação para uma alimentação saudável e adequada. Com o objetivo de promover a saúde bucal através da educação alimentar e nutricional, realizou-se a abordagem com metodologias ativas, possibilitando que as pessoas envolvidas na formação da criança – familiares ou responsáveis, professores e outros trabalhadores da educação inseridos no espaço escolar – tenham entendimento dessa questão e se engajem na busca da saúde das crianças e adolescentes.
Em relação à cárie dentária, uma alimentação saudável associada à adequada higiene bucal e ao uso adequado de fluoretos é essencial para a prevenção e controle da doença (PHANTUMVANIT et al., 2018; SPLIETH et al., 2020).
O estilo de vida contemporâneo não só estimula, mas também induz ao consumo de produtos ultraprocessados, pelo ritmo acelerado em que vivemos, em que cada vez mais os genitores trabalham fora de casa e não têm tempo, por exemplo, de confeccionar biscoitos caseiros e as crianças ingerem alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados no seu lanche. Para além de conservantes, corantes, devemos ficar atentos à presença de açúcar nesses produtos industrializados: refrigerantes, achocolatados, farinhas instantâneas com açúcar, bolos prontos, biscoitos, iogurtes e bebidas lácteas, sucos de caixinha e em pó, sorvetes, barras de “cereal”, entre outros (MINISTÉRIO DA SAÚDE., 2019).
Recomenda-se evitar então a ingestão excessiva de açúcar, priorizar o consumo de alimentos in natura e minimamente processados e evitar o consumo de alimentos ultraprocessados (MINISTÉRIO DA SAÚDE.SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA, 2014). Para formar a consciência das pessoas e provocar sua mudança de atitude mediante esses comportamentos já habituais, naturalizados e reforçados pela mídia e pela publicidade, precisamos trazer esclarecimento as pessoas responsáveis pela educação das crianças, principalmente pais e/ou responsáveis e professores. Por outro lado, crianças que têm uma alimentação empobrecida durante as refeições acabam desenvolvendo processos patológicos, como a cárie dentária e periodontopatias. Entre as crianças, a cárie dentária é o maior problema de saúde bucal e, frequentemente, traz consigo outras comorbidades, tendo impacto não apenas nas crianças, mas também nas suas famílias, na comunidade e no sistema de saúde (CASAMASSIMO et al., 2009).
Tendo em vista que os agravos em saúde bucal possuem impacto na qualidade de vida e nas atividades cotidianas das crianças e dos pais/responsáveis (ZAROR et al., 2021), torna-se necessário reforçar recomendações às pessoas que participam do processo de educação. Esse processo de educação, de promoção do cuidado demanda que todos colaborem com a prevenção em saúde bucal, desde a família – a base estruturada e inicial da vida de uma criança- até os profissionais da educação que dão continuidade à formação desses sujeitos. Assim, essas discussões precisam permear diferentes espaços sociais. Todos precisam conhecer e ser alertados de que a condição de saúde da boca é afetada por diversos fatores.
Por isso, buscou-se trabalhar o tema a partir do Programa Saúde na Escola, pois a escola é o lugar ideal para o desenvolvimento de atitudes e valores que objetivam a promoção de saúde e de qualidade de vida. É fundamental que todos os profissionais envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem estejam engajados na promoção da alimentação saudável e adequada, para que se tenha uma linha de cuidado integral à saúde da criança.
A função dos pais na condução de uma alimentação saudável é vital nesse processo, pois os hábitos só serão adquiridos se a família der o exemplo. Além disso, é o adulto que compra, ou, pelo menos deve administrar e orientar as decisões sobre como vai ser gasto o dinheiro destinado à alimentação familiar. Independentemente da classe social das famílias, hoje todas estão vulneráveis à má alimentação. Em algumas situações pode ser falta de informação, mas na grande maioria é por modismo e acomodação. É preciso entender que as crianças se alimentam mal porque as famílias assim o fazem. Os fast food, alimentos enlatados, industrializados e refinados não tornam o ser humano mais inteligente e sim sujeito a doenças.
Pensando em orientar as crianças para a busca de uma alimentação saudável, a proposta veio ao encontro com projetos já realizados por professores nas diversas instituições, agregando e, de certa forma, reforçando que foi trabalhado. É imprescindível uma parceria responsável entre escola e família para que as crianças eduquem o paladar para alimentos saudáveis e assim passem a sentir prazer em trocar um pacote de bolacha recheada por bolo integral, um refrigerante por uma fruta ou um suco. Isso vai refletir diretamente na saúde bucal da criança.
Essa maneira de envolver todas as pessoas que fazem parte do processo de educação tem surtido efeitos positivos desde o planejamento com professores, os questionamentos nas reuniões de pais até a discussões com merendeiras sobre como conduzir e despertar o interesse por alimentos não conhecidos e pela prevenção em saúde bucal.
OBJETIVOS:
Promover a educação em saúde, por meio da formação de hábitos alimentares nutritivos evidenciando a importância desses na manutenção da saúde bucal.
Desenvolver hábitos alimentares favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento.
Sensibilizar os pais, professores e alunos sobre a condução de uma alimentação saúdavel.
Incentivar as crianças a descobrir as características dos alimentos.
Incluir a multidisciplinalidade e a transversalidade nas atividades entre saúde e escola.
Capacitar os profissionais responsáveis pelo preparo da alimentação nas instituições de ensino, a promover na criança o interesse pela nutrição saudável através da valorização da aparência do preparo dos alimentos tornando-os atraentes.
Reconhecer a relação entre uma alimentação equilibrada e a boa saúde bucal.
Valorizar o potencial humano fazendo com que as crianças participem das atividades educativas propostas.
DESENVOLVIMENTO
As atividades começaram a ser realizadas no início do ano com palestra para professores e pais, cujo o tema central abordava a Alimentação Saudável relacionada à Saúde Bucal. Buscou-se sensibilizar os professores para essa questão, uma vez que o aluno precisa ser considerado em sua totalidade, nos processos de ensino e aprendizagem. Uma criança bem nutrida tem mais disposição para aprender e estará menos vulnerável a diversas doenças típicas da infância.
Já os profissionais responsáveis pelo preparo da alimentação também receberam uma capacitação que tinha como objetivo obter o engajamento dessas pessoas, para que reconhecessem seu papel na orientação das crianças para a nutrição saudável, não só na elaboração de pratos saborosos, mas também no zelo do preparo para que fossem alimentos atraentes para as crianças. O fator estético mostra-se um importante aliado que precisa ser considerado no preparo dos alimentos para as crianças, pois envolve fantasia, ludicidade e valoriza o momento da refeição.
A partir de conversas com os professores, foi proposta a sensibilização da comunidade escolar sobre o risco de ingerir alimentos não nutritivos como: refrigerantes, produtos industrializados com conservantes, produtos com corantes artificiais, embutidos e enlatados, doces industrializados, café, chás artificiais, frituras, alimentos muito salgados (evitar salgadinhos e usar sal com moderação) e adocicados (balas, guloseimas). Priorizou-se essa ação, uma vez que, mesmo que essas informações já fossem do conhecimento dos professores, acabam passando despercebidas no cotidiano escolar, uma vez que muitas demandas no contexto educacional de tarefas, cumprimento de conteúdos currículos.
Para além disso, com os alunos, propôs-se um teatro que levava o nome de “E a bruxa dançou”, o qual relatava a história de uma bruxa e que envolvia a temática de educação em saúde, alimentação saudável e qualidade de vida. Essa intervenção, de forma lúdica e descontraída, propunha interação, sociabilização e aprendizagens.
Também foi proposta a leitura de histórias infantis tratando a temática, músicas envolvendo alunos que tocam instrumentos, caixa tátil na qual os alunos identificaram o alimento pelo tato. Por fim, as crianças participaram do preparo dos alimentos: vitamina saudável, espetinhos de frutas. Durante a pandemia foram realizadas intervenções de modo virtual através de teatros e explanações sobre saúde bucal, as quais foram compartilhadas junto as atividades escolares (grupos de pais e alunos). Este processo de preparo produz envolvimento e interações que contribuem muito para o engajamento dos pequenos na causa.

Tendo em vista que os agravos em saúde bucal possuem impacto na qualidade de vida e nas atividades cotidianas das crianças e dos pais/responsáveis (ZAROR et al., 2021), torna-se necessário reforçar recomendações às pessoas que participam do processo de educação. Esse processo de educação, de promoção do cuidado demanda que todos colaborem com a prevenção em saúde bucal, desde a família – a base estruturada e inicial da vida de uma criança- até os profissionais da educação que dão continuidade à formação desses sujeitos. Assim, essas discussões precisam permear diferentes espaços sociais. Todos precisam conhecer e ser alertados de que a condição de saúde da boca é afetada por diversos fatores.

O desenvolvimento desta proposta de educação em saúde partiu do nosso olhar para uma ação preventiva de doenças bucais. Muito mais do que realizar procedimentos ambulatoriais e orientar o paciente, é preciso educar coletivamente. O deslocamento do profissional da saúde para o ambiente escolar já produz efeitos positivos e, mais ainda, consegue o engajamento de outros profissionais que contribuem de maneira determinante para que a formação seja muito mais abrangente e completa do que aquela que se dá de forma unilateral, dentro do consultório.
As intervenções com as famílias dos alunos, por meio de palestras e conversas informais com pais são parte importante no processo, pois a família precisa dessa formação para que os hábitos incentivados na escola tenham continuidade em casa. A criança passa a ser também um forte aliado na transformação de hábitos familiares.
Há que se destacar, ainda, as ricas intervenções feitas pelas próprias crianças nos momentos de interações, seja ao dialogar sobre a história, sobre o teatro e no momento de degustar o alimento no espaço escolar. São interações com outras crianças, com professores, com as pessoas que confeccionam os alimentos, que são responsáveis pela limpeza e organização dos espaços. Ou seja, multiplicam-se as possibilidades de pensar sobre o tema.
Assim, todos se envolvem para manter uma alimentação saudável e adequada que integre alimentos com nutrientes que dão energia, bem-estar, de modo geral, uma boa saúde. Os relatos são muitos e é isso que faz pensarmos sobre a importância e a viabilidade de propostas como essas para inserirmos assuntos relacionados à saúde. As crianças que estão fazendo parte do projeto questionam nos diversos espaços sobre condutas não saudáveis que outras pessoas acabam tendo.
Além disso, através de atividades desenvolvidas pelos professores, manifestaram – seja em relatos ou desenhos – que, após as intervenções, tiveram mudanças nos hábitos alimentares.

O ensino de Saúde é um desafio para garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos. É preciso educar para a saúde levando em conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes no dia a dia da escola. Por isso, questões ligadas à Saúde Bucal ganham espaço no currículo escolar por meio da transversalidade. O projeto desenvolveu-se com o objetivo de promover ações de saúde no âmbito escolar integrando pais e colaboradores da educação visando melhoria na qualidade da alimentação dos escolares.
Atividades lúdicas e prazerosas para as crianças, tais como contações e dramatizações de histórias, músicas sobre higiene oral com melodias do folclore brasileiro e teatro de fantoches ganham sua importância nesse contexto educativo.
Além disso, a parceria Educação e Saúde é fundamental para o cuidado integral da criança. Envolver os diversos setores da escola, desde a equipe pedagógica, professores, monitores, serventes, cozinheira é desafiador, mas extremamente enriquecedor. Os espaços e tempos de interação e de aprendizagem se multiplicam e são potencializados pelos diversos atores sociais, para além do espaço familiar, cujos hábitos de consumo e de alimentação, muitas vezes, também passam a ser questionados pelas próprias crianças. Para a oferta de cuidado, educação e promoção do desenvolvimento e crescimento saudáveis das crianças, é importante a parceria entre os pais, a comunidade e os profissionais de saúde e de educação.
Essas ações contribuem para que os indivíduos tenham um estilo de vida mais saudável, ampliando as possibilidades de autocuidado com sua saúde bucal por meio do investimento em saúde preventiva, tendo como consequência a diminuição de ações curativas, melhores resultados em saúde a custos mais baixos para o Sistema de Saúde Pública. Portanto, são, também importantes para a racionalização dos recursos financeiros empregados pelo SUS.

Principal

Maria Angélica Lucca

marialucca2022@gmail.com

Cirurgião-dentista

Coautores

Milena Popadiuk, Cleusa Regina Machado, Emilia Schorner Janning, Maria Aparecida Lucca Paranhos

A prática foi aplicada em

Rio do Campo

Santa Catarina

Sul

Esta prática está vinculada a

R. 29 de Dezembro, 70 - Centro, Rio do Campo - SC, 89198-000

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Maria Angelica Lucca

Conta vinculada

07 abr 2025

CADASTRO

07 abr 2025

ATUALIZAÇÃO

16 fev 2014

inicio

20 dez 2019

fim

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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