A perda de cobertura vacinal é um problema que vem sendo enfrentado por todas as instâncias em saúde do país. Desde o surgimento da covid-19 e por diversos fatores, incluindo falta de informação e recusa dos imunobiológicos, as metas vacinais propostas pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela Organização Mundial da Saúde não vêm sendo alcançadas. Tendo em vista a grande importância da imunização adequada para o controle e erradicação de doenças infectocontagiosas, como a Febre Amarela e a Poliomielite, é de relevante importância o desenvolvimento, aprimoramento e/ou implementação de estratégias que visem o aumento de tais coberturas, com maior adesão, por parte da população alvo, aos imunobiológicos. A partir dessa premissa, o município de Buritirama, Região de Saúde de Ibotirama, Macro Oeste, através da Secretaria Municipal de Saúde implementou uma estratégia volante contínua de busca ativa de faltosos à vacinação de rotina, de campanha e vacinação especial em seu território, além da viabilização dessa imunização em domicílio, independente de idade e situação de saúde do paciente em questão. Para tal, foi realizado levantamento de demanda junto às Unidades de Saúde da Família (USF), através da Equipe de Saúde da Família (eSF), em especial dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), por serem os membros das eSFs mais próximos à comunidade e, por isso mesmo, com maior vínculo com as famílias e indivíduos de seus respectivos territórios adscritos. Como retorno desse levantamento de dados, visualizou-se um mapa do território municipal no que se diz respeito às coberturas vacinais em todas as faixas etárias, mas, com um olhar diferenciado para a primeira infância. Concomitantemente, os dados vacinais registrados nos sistemas de informação do Ministério da Saúde, como Sistema de Informação sobre o Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) instalado em cada Unidade de Saúde da Família, foram analisados, sendo visualizada uma discordância entre os dados registrados no município e os dados que estavam à disposição no sistema de informação. A estratégia salvando vidas: vacina em casa conta com o apoio integral das eSF e é composta por uma Técnica em Enfermagem devidamente capacitada em Sala de Vacina, um Motorista tipo B e um veículo. O levantamento de dados realizados pela Atenção Primária à Saúde guia o serviço da equipe volante contínua, que desenvolve o percurso a ser feito, cumprindo as metas estipuladas pela eSF de cada território.
Voltar as atenções para a Cobertura Vacinal atual em Buritirama e suas repercussões a nível municipal e regional se mostra necessário. Trazer o usuário para o centro das discussões também. O projeto de busca ativa e vacinação contínua veio para dar esse enfoque ao tema, trazendo, também, agilidade nas ações de imunização e de educação e promoção à saúde. Ao identificar pontos a serem melhorados durante todo esse processo, é possível se fazer manifestar as formas de contorno de problemas, diminuição de riscos e, consequentemente, de danos. A administração de imunobiológicos naqueles de que deles precisam é apenas parte do processo. A equipe volante, bem como seus supervisores, encarna papeis imprescindíveis para o combate às baixas coberturas vacinais, de educadores em saúde e promotores de bem estar em saúde e social. Para que o projeto saísse do papel, além da técnica em enfermagem, do motorista e do veículo, foi necessária a participação ativa de diversos outros atores do processo de assistência em saúde.
Os agentes comunitários de saúde, com seu íntimo conhecimento acerca de cada micro área, trouxeram suas demandas às suas eSF, levantadas a partir da coleta de dados in loco, bem como, através do acesso ao PEC. A partir daí, esses dados foram cruzados com os dados no SI-PNI, junto com os enfermeiros e técnicos de enfermagem das salas de vacina. Assim que confirmada a falta da dose, a equipe volante foi acionada e, com os devidos dados dos pacientes, como nome, número Cartão Nacional do SUS, CPF, endereço e nome da mãe, foi possível realizar a busca ativa e, também, a imunização, quando esta foi indicada. Durante esse processo de trabalho, a Educação em Saúde sempre se faz necessária e presente. Os membros das eSF, sempre que possível, lançam o tema para o indivíduo, família e coletividade, como forma de aumentar o conhecimento, sanar possíveis dúvidas e desmistificar a imunização, tirando o tabu e o estigma acerca das vacinas disponíveis atualmente pelo PNI. Em consonância com o cenário nacional, as vacinas contra o SARS-Cov-2, vírus transmissor da Covid-19, são as que mais encontram resistência em Buritirama. Apresenta-se baixa cobertura vacinal nas doses de reforço dos imunobiológicos, bem como, no esquema vacinal que utiliza a fórmula Bivalente contra o coronavírus. É notória a falta de informação e aversão a esse imunizante em específico, comportamento que pode ser correlacionado com a proliferação de fake news (as notícias falsas) e do estigma acerca das vacinas e do próprio vírus. Em ampla escala, foi possível identificar que o receio, o estigma e a falta de informação foram fatores de importante relevância para as baixas na cobertura vacinal de Buritirama. Esse fato pode ser relacionado à característica de baixa escolaridade do território, conexo, também, à predominância de habitação rural de Buritirama. O acesso aos serviços de saúde, em muitos casos, também é dificultado por conta das longas distâncias entre as comunidades da zona rural e sede do município. O projeto de vacinação volante foi capaz de minimizar esses fatores que tão negativamente vêm impactando nos números de imunização em território municipal. O diálogo mais próximo ao usuário, utilizando de comunicação efetiva, livre de ruídos e totalmente focada no autocuidado e no indivíduo como corresponsável por sua própria saúde e pela saúde de sua comunidade também impactam positivamente no âmbito da vacinação em tempo oportuno e de forma adequada. Uma equipe de saúde mais consciente sobre seu papel frente à imunização de sua população é requisito fundamental para o andamento assertivo do processo. É preciso que se capacite primeiro esses profissionais da linha de frente, não só de forma técnica, mas, também, humanizada, para que eles atuem como promotores de Saúde e multiplicadores do autocuidado e desmistificadores de todas as questões que envolvam imunizantes, independentemente de seu princípio de ação, local de administração e/ou agravos à saúde dos quais previne.
O Projeto Salvando Vidas: vacina em casa que tem como carro-chefe uma equipe volante, é muito mais do que uma técnica em enfermagem que visita indivíduos, famílias e coletividades faltosas à vacinação. É um projeto que intensifica o trabalho de promoção, educação e prevenção à saúde, que coloca o usuário como parte importante de seu próprio cuidado e leva o profissional de saúde envolvido direta ou indiretamente nessa assistência, a pensar de forma mais humanizada e efetiva nas demandas de imunização de sua área. É importante ressaltar que a cobertura vacinal adequada não é apenas o ato de alcançar um número posto como meta, é, além disso, a segurança que se faz ter de que doenças potencialmente perigosas voltem a aparecer. Levar imunização, sobretudo na primeira infância, é fazer garantir a Constituição Federal, a Saúde como direito de todos e dever do Estado, é ressaltar a importância de um profissional de saúde com olhar holístico acerca das demandas que chegam até ele e, ainda, assegurar de que o cidadão faça parte do seu próprio cuidado, de forma ativa, cooperativa, produtiva e eficaz.
Av. Pref. Arival Viana, 265, Buritirama - BA, 47120-000, Brasil
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