A fitoterapia tem se mostrado uma importante aliada na promoção da saúde no âmbito da Atenção Primária, sobretudo em contextos rurais e de menor acesso a medicamentos industrializados. Em São Sebastião do Umbuzeiro-PB, a implantação do projeto Plantar Saúde resgatou os saberes populares e os integrou ao conhecimento científico por meio da implantação da Farmácia Viva. A ação tem como base um laboratório municipal que elabora medicamentos fitoterápicos a partir de uma horta de plantas medicinais cultivada localmente. Os medicamentos são distribuídos pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), com apoio da E-multi e da Secretaria de Agricultura, promovendo o uso racional de medicamentos, sustentabilidade e valorização da biodiversidade local. A experiência iniciou em 2014 e foi fortalecida com ações educativas, ciclos de debates e rodas de conversa com a comunidade, buscando ampliar o entendimento sobre o uso seguro e eficaz dos fitoterápicos. Promover o uso racional e seguro de medicamentos fitoterápicos no município de São Sebastião do Umbuzeiro-PB. Resgatar e valorizar os saberes populares associados ao uso de plantas medicinais, integrando-os ao conhecimento técnico-científico da saúde pública. Reduzir os custos com medicamentos industrializados e ampliar as opções terapêuticas disponíveis na Atenção Básica. Sensibilizar e mobilizar a população sobre o uso correto dos fitoterápicos, fortalecendo o vínculo entre comunidade e equipe de saúde. Implementar uma rede de produção e distribuição sustentável de medicamentos a partir da biodiversidade local, em articulação com as secretarias de Saúde e Agricultura.
Em São Sebastião do Umbuzeiro-PB, município de pequeno porte com forte presença de comunidades rurais, identificou-se a necessidade de ampliar o acesso a terapias seguras e eficazes no âmbito da Atenção Primária, especialmente diante das dificuldades de aquisição e distribuição de medicamentos industrializados. O uso excessivo de ansiolíticos e anti-inflamatórios sintéticos também levantou preocupações sobre a medicalização e os efeitos adversos associados.
Nesse cenário, surgiu a oportunidade de resgatar e valorizar os saberes populares sobre plantas medicinais e integrá-los ao conhecimento técnico-científico da saúde pública, promovendo um cuidado mais culturalmente adequado, sustentável e economicamente viável. A implantação da Farmácia Viva e do projeto Plantar Saúde emergiu como resposta inovadora, unindo práticas tradicionais, ciência e políticas públicas intersetoriais para promover o uso racional de fitoterápicos e fortalecer o vínculo entre a comunidade e o sistema de saúde.
A experiência possibilitou a redução de prescrições de medicamentos ansiolíticos e anti-inflamatórios industrializados, substituídos por fórmulas fitoterápicas com excelente aceitação clínica e popular. Destacam-se a substituição de Diazepam e Clonazepam por fórmulas com Matricaria chamomilla e Erythrina verna, bem como o uso de compostos naturais para tratar distúrbios gastrointestinais, respiratórios, dermatológicos e dores musculares. A prática mostrou-se eficiente, segura e financeiramente viável. Além disso, houve fortalecimento do vínculo entre profissionais e comunidade, com maior adesão ao tratamento e valorização da cultura local. A produção própria reduziu custos da assistência farmacêutica e promoveu maior autonomia sanitária. O projeto demonstrou, ainda, capacidade de continuidade mesmo durante a pandemia, reforçando seu potencial de sustentabilidade. O aumento da variedade terapêutica e a integração dos saberes tradicionais e científicos se consolidaram como pilares da ação.
Recomenda-se a replicação do projeto Plantar Saúde em outros municípios de características semelhantes, sobretudo os de pequeno porte e áreas rurais, como estratégia de fortalecimento da Atenção Primária com base nas práticas integrativas e na valorização dos saberes locais. Para isso, é fundamental:
Investir na implantação de Farmácias Vivas, com cultivo e processamento local de plantas medicinais;
Integrar os saberes populares e científicos, por meio de rodas de conversa, oficinas e validação técnica das práticas tradicionais;
Promover ações educativas permanentes sobre o uso seguro e racional de fitoterápicos;
Estabelecer parcerias intersetoriais, especialmente com secretarias de Saúde, Agricultura e Educação;
Incentivar o registro e acompanhamento farmacêutico das terapias, garantindo segurança e efetividade;
Estimular a participação comunitária como elemento-chave para o sucesso e sustentabilidade do projeto.
A experiência de São Sebastião do Umbuzeiro-PB comprova que é possível gerar impactos clínicos, econômicos e culturais positivos com o uso integrado da biodiversidade local e do saber tradicional, dentro dos princípios do SUS.
São Sebastião do Umbuzeiro, PB, Brasil
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