A finalidade do projeto é ofertar um espaço dentro da unidade de saúde às pessoas que fazem acompanhamento nas diferentes áreas profissionais e em algum momento manifestaram o desejo e/ou necessidade de integrar-se ao convívio social e que por algum motivo não conseguem, seja por falta de vontade ou de oportunidade. Algumas delas relatam ociosidade, solidão, abandono familiar, entre outras situações, o que muitas vezes pode mascarar um mal silencioso como a depressão e alguns casos até mesmo culminam com pensamentos ou atos suicidas. Visa enfim, um ambiente com equipe multiprofissional, atenta e principalmente estreitando os vínculos familiares e/ ou comunitários.
Alguns trabalhos manuais foram apresentados como forma de ilustrar a proposta e estimular no processo de criação do formato da oficina. Várias sugestões foram apresentadas, tais como: informática, pintura livre em tecido, bordados, leitura, artesanato com garrafa pet. Durante todo o tempo foi possível perceber o envolvimento do grupo com várias contribuições e entusiasmo e respeito quando o outro fazia alguma sugestão. Os profissionais faziam intervenções, reforçando que este momento permite a troca de saberes e que todos têm algo a ensinar e/ou aprender. A cada encontro foram ofertadas atividades propostas pelos participantes, tais como: confecção de puf a partir de garrafas pet, esta inclusive foi ensinada por uma pessoa que participou apenas no primeiro dia, mas foi prontamente aceita pelos demais com duração de três encontros. Sempre é estimulado a buscar junto aos familiares, algum saber ou até mesmo material que possa ser reciclado e utilizado nas oficinas. Além disso, durante as atividades, há uma intensa troca de experiências o que possibilita aos participantes momentos de reflexão que trazem à tona questões bastante particulares, sendo tratadas por todos como algo natural. O grupo acordou que toda a produção pode ser realizada em duplas ou trios a fim de produzir mais de uma peça no mesmo encontro. Também podem se encontrar fora da unidade e produzir mais peças trazendo somente para finalizar na unidade e apelidaram tal encontro de dever de casa. Destaca-se aqui uma estratégia de criar um vínculo entre os participantes que seja para além do espaço da unidade. Como alternativa para divulgar os trabalhos e motivar os participantes, os trabalhos assim que concluídos são expostos na recepção com cartaz divulgando e convidando outros participantes.
O grupo possui público flutuante com média de quatro pessoas por encontro. A primeira oficina ocorreu em 17 de janeiro de 2014, perfazendo um total de nove encontros e onze participações até o dia 28 de março. Após identificar o perfil, o profissional apresenta o espaço e faz o convite ao possível participante que normalmente pergunta sobre o público alvo. Nesta hora é que surge uma curiosidade, pois se respondemos se
O projeto teve inicio com um grupo de pacientes que fazem acompanhamento de saúde mental com profissional de psicologia, sendo convidados para o grupo com a proposta de ofertar meios para desenvolverem trabalhos manuais no formato de uma oficina de artesanato. No primeiro encontro foi realizada uma pesquisa de interesse durante aproximadamente uma hora e meia. Estiveram presentes nove pessoas acompanhadas pela equipe que participaram ativamente do momento expondo suas sugestões e experiências quanto à participação em atividades do tipo arteterapia, principalmente relatando os desejos ou habilidades para artes de um modo geral. Diante do resultado, a proposta foi alterada e que posteriormente foi ampliada para as outras equipes da unidade com intuito de promover encontros que ultrapassem habilidades manuais, e auxiliem no acompanhamento individual no sentido de promover mudanças, autonomia, empoderando os participantes. A atividade fazia parte do Projeto Oficina de Sonhos com previsão de um encontro semanal, toda quarta-feira das 9h30min às 11h durante o ano de 2014. No formato inicial, a proposta não atendeu a expectativa nem da equipe profissional e nem tampouco dos participantes que se apresentavam um tanto quanto apáticos e dessa forma nos levou imediatamente a uma avaliação e reconstrução da mesma. A partir de então, agrupamos os participantes de duas oficinas em uma só e desta vez com o nome de Oficina de Talentos. A atividade prevê um encontro semanal, sendo toda sexta-feira das 9h30min às 10h30min durante o ano de 2014.
O espaço permite a participação de qualquer público atendido na unidade e comumente pessoas de diferentes idades após verem algum objeto exposto na recepção, procuram maiores informações. Com isso, percebemos maior aproximação com a população com utilização de uma linguagem amistosa, pois usa algum tipo de artesanato, o que pode servir de quebra-gelo entre pacientes e serviço. A implantação desta abordagem é recente e tem sugerido um caminho bem interessante para ampliar o olhar sobre o cuidado em saúde de diferentes profissionais, inclusive possibilitando maior integração entre as equipes da unidade de saúde. Isto vem refletindo diretamente no fazer de cada área de atuação e despertando o sentimento de pertença, tanto nos usuários do SUS quanto nos profissionais. Esperamos que a medida que o projeto se consolide haja maior adesão de usuários. Esta experiência tem se apresentado de forma inovadora dentro do serviço de saúde e ainda como recurso terapêutico na Atenção Primária. Assim entendemos que há necessidade de investir em atividades semelhantes com maior destinação de recursos, tanto materiais como humanos, e na formação de profissionais para a utilização desta ferramenta.
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