Fortalecimento do Vínculo Vacinador/Usuário como Estratégia para Cobertura Vacinal

Relato de experiência das estratégias de fortalecimento das ações de imunização no município de Itaberaí diante do cenário das crises que tensionam a saúde pública brasileira, sobre os baixos índices de cobertura vacinal e a dificuldade de sensibilização das campanhas públicas estabelecidas. Trata-se de um relato de experiência do tipo descritivo com abordagem qualitativa, em relação às estratégias de fortalecimento do vínculo vacinador/usuário desenvolvidas para aumento da cobertura vacinal no município de Itaberaí. Considerações finais: Através da vivência nas estratégias observou-se um grande alcance nas coberturas vacinais, onde as equipes de sala de vacina tiveram a oportunidade de atualizar seus conhecimentos e promover a universalidade e a equidade da oferta de imunobiológicos à população.

Os fatores que implicam a não adesão vacinal, segundo Mesquita JAB (2020) em sua pesquisa constatou que das 12 literaturas aos quais revisou, todos atribuíram a falta de conhecimento do usuário como o principal fator responsável pela desvalorização e insegurança em relação à ação, findando por seguinte a não aderência a vacinação. Agregando podemos citar mensagens transmitidas pela mídia e ACS insuficientes, inadequadas, de difícil interpretação e/ou equivocadas; Enfatizamos ainda que o profissional da saúde munido do conhecimento adequado é um dos determinantes do sucesso da cobertura vacinal, visto que através de sua orientação, o usuário adquire maior autonomia e discernimento para tomar decisões conscientes e esclarecidas acerca do seu processo saúde-doença (CERQUEIRA ITA e BARBARA JFRS, 2016). Outra situação observada foi a deficiência na composição familiar associada a dificuldades financeiras e ao retorno das(dos) mães/pais ao mercado de trabalho – após o término da licença (maternidade/paternidade) – contribuindo diretamente com a não participação do responsável na continuidade dos esquemas de imunização. Cada vez mais, estudos observam altas taxas de atraso na aplicação das vacinas, a partir dos seis meses de vida. Associando ainda um modelo de atenção à saúde que prioriza as condições agudas de saúde, nota-se que o horário de funcionamento das salas de vacina conflitante com a disponibilidade do usuário adjunto às dificuldades de locomoção dos usuários de áreas de difícil acesso e/ou com composição familiar de número elevado de filhos de diferentes faixas etárias implicam diretamente da procura espontânea destes. Importante salientar ainda a incorporação dos sistemas de informatização que evidenciaram falha nos registros das salas de vacinas. Ademais, a circulação massiva de Fake News tem se mostrado como uma das causas expressivas do aumento na baixa cobertura vacinal. Constantemente, essas notícias falsas se colocam contra os métodos de imunização, disseminam a percepção enganosa de parte da população de que a vacina é dispensável porque as doenças desapareceram do nosso meio, desvalorizando o conhecimento científico e colocando em dúvida os avanços das atividades acadêmicas em direção à preservação da vida.

O processo para aumento das coberturas vacinais adequadas nas diferentes faixas etária, ocorreu através de articulação entre vigilância epidemiológica, atenção primária, conselho tutelar e secretaria de assistência social. O empenho para atingir coberturas vacinais adequadas na população com faixa etária inferior a 05 anostem mostrado êxito com a integração entre as equipes. Gerou-se um processo de padronização dos serviços que identificou a necessidade da continuidade do cuidado do usuário desde o seu nascer para com a vacinação. Desta forma, as salas de vacinas das Unidades Básicas de Saúde do município de Itaberaí foram organizadas para ações de continuidade do cuidado e de acompanhamento e não somente para atendimento de demanda espontânea. Realizando “Buscar ativamente a comunidade por meio dos Agentes Comunitários de Saúde e por meio de fortalecimento de vínculo entre vacinador/usuário. Inicialmente foi analisado o sistema de informação do Programa Nacional de Imunização e Prontuário eletrônico, sendo necessário capacitação dos operadores para fidelidade de dados. “ Informações como o nome completo, endereço, telefone, tipo de vacina aplicada etc., tornam o processo mais complexo e exigindo organização do atendimento ao usuário”. Todas as salas de vacina passaram por padronização do atendimento no que tangia ao sistema de informação. Entender a importância do registro foi essencial para a realização do preenchimento correto dos dados no registro informatizado de imunização, tanto no Sistema de Informações como nas carteirinhas dos vacinados. SÁ et.al (2017) observou que as anotações incorretas dificultam a análise posterior das metas estabelecidas pelo Plano Estadual de Saúde para a cobertura vacinal de um determinado grupo. Portanto, as informações devem ser disponibilizadas de forma abrangente e com qualidade, pois elas permitem identificar o acesso e a adesão da população à vacinação e estratégias para reverter à redução de coberturas vacinais (SATO APS, 2018). Subsidiando as intervenções relacionadas à vacinação é analisado ainda o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC, reunindo informações epidemiológicas referentes aos nascimentos informados em todo município e correlacionando dados com o Prontuários eletrônico para conferência da imunização dos recém-nascidos. Os recém-nascidos listados no SINASC não imunizados; em uma primeira aproximação com o responsável é realizado contato via telefone e/ou visita domiciliar com vacinador da sala de vacina mais próxima a sua residência. Com avaliação de informações do cartório de registro local e SINASC observamos inconsistência de dados, onde identificamos erros de digitação do endereço de residência das declarações de nascidos vivos. Baseado nesse entendimento, após oferta da vacinação in loco, o responsável é orientado quanto aos atendimentos ofertados dentro na unidade básica de saúde e aprazamento das próximas vacinas. Simultaneamente são realizadas campanhas temáticas como forma de abordar valor, envolvendo uma linha criativa de apelo à vacinação. Realizadas em CEMEIS, escolas, espaços públicos e/ou na própria unidade de saúde. Aproveitando-se de temáticas de personagens infantis, datas comemorativas e eventos públicos de outros departamentos. Como suporte são utilizados materiais de apoio de caráter informativo, banners, mídias digitais, propaganda volante, e circulação de informações por entrevistas em rádio com informações claras e objetivas à população. Nas localidades de difícil acesso e/ou estrutura familiar conflitante para acesso aos serviços de imunização, são realizados atividade de vacinação extramuros de forma a garantir proteção com qualidade e segurança. Mesquita JAB (2020) conclui que o enfermeiro é o profissional qualificado para a formação permanente, buscando desenvolver competências individuais e coletivas em seu processo de trabalho. Assim, cabe ao enfermeiro responsável pela ação, o aprimoramento da assistência por intermédio do direcionamento da equipe para a compreensão da temática, como as características do imunobiológico, seus eventos adversos, suas indicações, a fim de aperfeiçoar o trabalho e proporcionar maior qualidade na saúde da população (RODRIGUES D, 2019). Cabe ao enfermeiro a educação continuada e a supervisão do trabalho desenvolvido pela sua equipe, conforme estabelecido pelo Conselho Federal de Enfermagem (n° 302/2005). Sendo assim com apoio da regional de saúde Rio Vermelho, foram realizadas capacitações e atualizações de conteúdos acerca de imunização.

Tais ações buscam incansavelmente meios para que se tenha um atendimento amplo para toda a população, promovendo assim a universalidade e a equidade do serviço de saúde. O propósito destas ações são fortalecer as experiências vivenciadas e adaptá-las a realidade local dos setores do município em cada ação desenvolvida. As estratégias de vacinação de rotina aliada a campanhas têm ampliado a oferta de vacinas e demonstrado alto alcance as populações alvo conforme os calendários de vacinação do país. Tal aspecto traduz-se pela divulgação sobre a efetividade das vacinas para fins de promoção e proteção da saúde, assim como as recomendações para as equipes e profissionais da área. Esforços foram empenhados para atingir as metas previstas e vacinar os usuários com qualidade e segurança, mesmo nas localidades de difícil acesso. Merece destaque ainda a prática da vacinação extra muro que demonstrou acessibilidade e gerou confiança e vínculo com vacinador para que futuras visitas ocorram dentro da própria unidade de saúde. Cabe destacar ainda que a articulação entre unidades básicas de saúde e vigilância epidemiológica, com participação de forma ativa das UBS e seus profissionais foram fundamentais para o aumento da cobertura vacinal no município, contribuindo na prevenção de doenças, utilizando-se de informação e medidas de promoção à saúde em todos os níveis de atendimento e de formação, sobre a importância e os benefícios da imunização.

Principal

VITORIA REGINA DA SILVA RODRIGUES

Coautores

LUCELIA CAROLINA DA SILVA, LUDMYLA CRYSTINE DA SILVA

A prática foi aplicada em

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23 dez 2023

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23 dez 2023

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