A Atenção Primária a Saúde (APS) como ordenadora do cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS), tem o compromisso de promover a integralidade do cuidado individual e coletivo da população, centrado em relações acolhedoras capazes de produzir vínculo.Dentro do contexto da integralidade, a população privada de liberdade tem o direito à assistência garantida pela Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). A fim de atender esse público historicamente conhecido por ser excluído de seus diretos assistências, a Cadeia Pública Franz de Castro Holzwarth, por meio da equipe de Atenção Primária Prisional (eAPP), presta assistência com equipe multidisciplinar à todas as pessoas privadas de Liberdade, onde desafios são vivenciados diariamente para compreender e atender as necessidades do paciente independente do seu delito, buscando estabelecer vínculo por meio do acolhimento com escuta qualificada considerando a capacidade de avaliar riscos.É válido ressaltar a experiência vivenciada com o início da assistência pela equipe eAPP em novembro de 2020. Durante o processo foi observado resistências ou desconfianças ao que era então desconhecido, tanto por parte da equipe de segurança quanto dos apenados. Essa situação mobilizou a equipe a traçar estratégias para superar os desafios enfrentados objetivando formação de vínculo e desconstrução desse cenário.
Trata-se de um relato de experiência vivenciado na Cadeia Pública Franz de Castro Holzwarth, localizada no município de Volta Redonda, relacionado a assistência à saúde dos apenados realizado pela equipe eAPP do município. Essa equipe é multiprofissional sendo composta por: médico, dentista, enfermeira, técnico de enfermagem, psicóloga e fisioterapeuta. O cotidiano do cuidado visa produção de vínculo necessário na construção ética da diversidade, da tolerância com os marginalizados e da inclusão social onde a escuta qualificada compromete-se tanto com a promoção da saúde e da cidadania considerando a segurança dos envolvidos.Neste contexto, durante a experiência vivenciada até o momento, observou-se que o cenário do confinamento limitava a relação necessária para a promoção das necessidades de saúde pelo comportamento reticente na confiança em declarar suas queixas e que vão além da cultura médico centrista e nas prescrições medicamentosas, tornando-se um desafio a ser superado pelos apenados e também pela equipe de segurança.A persistência no acolhimento com escuta qualificada em cada assistência prestada fortaleceu a formação de vínculo e confiança entre os envolvidos. A equipe entende a importância de acolher, escutar e respeitar a necessidade que cada paciente apresenta, o seu desejo de ser acolhido e compreendido, isso facilita o protagonismo do cuidado nas orientações recebidas pelos profissionais impactando positivamente na saúde e bem-estar dessas pessoas.
O vinculo estabelecido com a população privada de liberdade, equipe de segurança e equipe de saúde, fomenta experiências em ações comunicativas entre gestores, técnicos e usuários do serviço, visando a democratização das relações por meio de um atendimento garantindo a equidade e otimizando os resultados. As ações e atividades de acolhimento e aproximação dos serviços de saúde aos apenados busca a superação dos desafios visando promover qualidade de vida intramuros garantindo os direitos humanos e estimulando a ressocialização.
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