1 – APRESENTAÇÃO:
O relato de experiência apresentado refere-se a uma ação emergencial implementada no município de Mendes/RJ durante um período de calor extremo, de 19 a 21 de fevereiro de 2025. A situação crítica, identificada pela Vigilância Epidemiológica Municipal, demandou uma resposta rápida e eficaz por parte da gestão pública local, com foco na proteção da saúde da população, especialmente dos grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos.
2 – OBJETIVOS:
Os objetivos da experiência foram delineados para atender a uma necessidade urgente de saúde pública, visando promover a segurança e o bem-estar da população durante um evento climático extremo. Os objetivos gerais e específicos foram:
2.1 – Objetivo Geral:
Reduzir a incidência de desidratação e hipotensão graves na população durante os dias de onda de calor.
2.2 – Objetivos Específicos:
a. Garantir o acesso à hidratação adequada por meio da distribuição de água potável em áreas vulneráveis.
b. Monitorar atendimentos nas unidades de saúde para avaliar os efeitos do calor na saúde pública.
c. Avaliar e registrar casos de hipotensão e desidratação, assim como as intervenções necessárias.
d. Promover campanhas de conscientização sobre a importância da hidratação e cuidados em períodos de calor extremo.
3 – JUSTIFICATIVA:
A implementação dessa experiência foi justificada pela necessidade de um atendimento imediato diante dos riscos à saúde associados às altas temperaturas, que podem levar a quadros de desidratação e hipotensão, especialmente em populações vulneráveis. A ação visa não apenas responder a uma emergência, mas também estabelecer um modelo de atuação para futuras situações similares, ressaltando a importância de um planejamento proativo e da colaboração entre diferentes setores da saúde pública.
4 – METODOLOGIA:
A metodologia adotada foi centrada na criação de pontos de hidratação em locais estratégicos da cidade. Três pontos foram selecionados: Praça Carlos Gomes, Centro de Imunização e Parque Linear, escolhidos por sua alta circulação de pessoas. Esses locais foram equipados com banners informativos, e a localização foi amplamente divulgada nas redes sociais da Prefeitura, garantindo que a informação chegasse a um número significativo de cidadãos.
O monitoramento da situação foi uma ação contínua, realizada por Enfermeiros Gerentes das Unidades de Saúde da Família, SAMU e Hospital Municipal, que enviavam boletins diários com dados sobre atendimentos e intervenções. Além disso, foi realizado um levantamento das condições de climatização nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e assessoria sobre a importância de vestimentas leves, especialmente para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Controle de Endemias (ACE).
As visitas domiciliares foram agendadas para horários estratégicos, evitando o pico de calor, e focando na educação da população sobre a importância de uma resposta rápida e adequada em situações de calor extremo.
5 – PROBLEMAS ENFRENTADOS:
5.1 – Riscos à Saúde: O aumento das temperaturas elevou os riscos de desidratação e hipotensão, especialmente entre populações vulneráveis como crianças e idosos.
Acesso à Hidratação: A necessidade de garantir acesso à água potável em áreas vulneráveis foi uma preocupação central, indicando que a população não tinha fácil acesso à hidratação adequada.
5.2 – Capacidade de Monitoramento: A necessidade de monitorar atendimentos nas unidades de saúde e a avaliação dos efeitos do calor na saúde pública indicam uma possível falta de dados em tempo real sobre a situação de saúde da população.
5.3 – Conscientização e Educação: A necessidade de promover campanhas de conscientização sobre a importância da hidratação e cuidados durante períodos de calor extremo sugere que o conhecimento da população sobre essas questões era insuficiente.
6 – OPORTUNIDADES DE MELHORIA:
6.1 – Criação de Pontos de Hidratação: A implementação de pontos estratégicos de hidratação em locais de alta circulação foi uma ação positiva que pode ser expandida em futuras situações, garantindo o acesso à água potável.
6.2 – Educação da População: As campanhas de conscientização e o foco na educação da população sobre a importância da hidratação e cuidados durante o calor extremo podem ser ampliados e incorporados a programas de saúde pública contínuos.
6.3 – Monitoramento e Avaliação: O estabelecimento de um sistema de monitoramento contínuo e coleta de dados sobre atendimentos e intervenções pode ser uma melhoria significativa para futuras ações de saúde pública.
6.4 – Planejamento Proativo: A experiência pode servir como um modelo para desenvolver um planejamento proativo para futuros eventos climáticos extremos, envolvendo colaboração entre diferentes setores da saúde pública.
6. 5 – Condicionamento das Unidades de Saúde: Avaliar as condições de climatização nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) pode levar a melhorias na infraestrutura, garantindo ambientes mais confortáveis e seguros para os atendimentos.
6.6 – Visitas Domiciliares Estratégicas: A realização de visitas domiciliares em horários estratégicos pode ser uma prática que, se mantida, contribui para a educação e o suporte à população em situações de calor extremo.
7 – RESULTADOS:
Durante a implementação das ações de hidratação e monitoramento em resposta à intensa onda de calor, foram distribuídas 1.896 garrafas de água mineral de 500 ml ao longo de um período de três dias.
Nos dias 19 e 20 de fevereiro, registraram-se 9 atendimentos médicos vinculados aos efeitos do calor extremo.
Embora as previsões do Monitora RJ indicassem temperaturas máximas superiores a 39ºC para os dias 19, 20 e 21 de fevereiro, os termômetros efetivamente marcaram 37ºC nos dias 19 e 20, e 36ºC no dia 21. Essa discrepância nas temperaturas teve um impacto positivo, contribuindo para a redução dos casos de desidratação, insolação e descompensação de doenças crônicas.
Nos dias subsequentes, as temperaturas permaneceram controladas, abaixo de 34ºC, o que foi benéfico para a mitigação dos riscos à saúde da população.
O município continuará a realizar o monitoramento diário das temperaturas, garantindo que medidas rápidas e eficazes possam ser implementadas em face de uma nova onda de calor.
A colaboração entre as equipes de Atenção Básica, Vigilância Epidemiológica, Vigilância das Arboviroses e Secretaria de Saúde, se revelou fundamental para minimizar os impactos do calor extremo e salvaguardar a saúde dos cidadãos. Essas ações refletem um compromisso contínuo com a proteção da saúde pública em situações climáticas adversas.
8 – RECOMENDAÇÃO PARA OUTROS MUNICÍPIOS:
8.1 – Planejamento Proativo: Desenvolver um plano de ação que antecipe eventos climáticos extremos, com definição clara de responsabilidades entre os diferentes setores da saúde pública. A colaboração entre equipes é essencial.
8.2 – Criação de Pontos de Hidratação: Identificar e estabelecer pontos de distribuição de água potável em locais estratégicos com alta circulação de pessoas, como praças, centros de saúde e áreas comunitárias. Garantir que esses pontos sejam bem divulgados para a população.
8.3 – Campanhas de Conscientização: Implementar campanhas educativas que informem a população sobre a importância da hidratação e os cuidados a serem tomados durante períodos de calor extremo. Utilizar redes sociais, banners e outros meios de comunicação para disseminar informações.
8.4 – Monitoramento Contínuo: Estabelecer um sistema de monitoramento da saúde pública que colete dados em tempo real sobre atendimentos relacionados a calor extremo. Isso pode incluir o monitoramento de temperaturas e a avaliação de casos de desidratação e hipotensão.
8.5 – Educação da População: Realizar visitas domiciliares em horários estratégicos, evitando o pico de calor, para educar a população sobre os riscos e cuidados necessários em situações de calor extremo. Envolver Agentes Comunitários de Saúde (ACS) nesse processo pode ser eficaz.
8.6 – Capacitação das Equipes de Saúde: Garantir que as equipes de saúde estejam bem treinadas e equipadas para identificar e tratar casos relacionados ao calor extremo. Isso inclui a avaliação das condições de climatização nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
8.7 – Divulgação de Informações: Utilizar meios de comunicação locais e redes sociais para informar a população sobre a situação climática e as medidas que estão sendo implementadas. A transparência ajuda a criar confiança e engajamento da comunidade.
8.8 – Avaliação de Resultados: Após a implementação das ações, realizar uma avaliação detalhada dos resultados, incluindo a quantidade de água distribuída, o número de atendimentos médicos e a eficácia das campanhas de conscientização. Isso ajudará a identificar pontos fortes e áreas de melhoria para futuras ações.
8.9 – Colaboração Intersetorial: Fomentar a colaboração entre diferentes setores da saúde, como Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Atenção Básica, para uma resposta integrada e eficaz durante eventos climáticos extremos.
8.10 – Infraestrutura de Saúde: Investir na melhoria das condições de climatização nas Unidades Básicas de Saúde para garantir ambientes adequados para atendimentos, especialmente durante períodos de calor intenso.
Seguir essas orientações pode ajudar na criação de um modelo eficaz de resposta a situações de calor extremo, protegendo a saúde da população e minimizando os riscos associados.
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