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Busca Ativa: Impacto na Cobertura Vacinal Contra Poliomielite

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da Poliomielite em 1994, no entanto a doença não foi erradicada no mundo e existe risco de reintrodução do vírus importado no país.1 O mesmo aconteceu com o Sarampo, que foi reintroduzido no país e culminou em uma nova epidemia em 2019, mesmo após o Brasil ter recebido o certificado de eliminação em 2016. As baixas coberturas vacinais refletem um cenário de risco eminente para retorno de várias doenças imunopreviníveis. Em 2020 a cobertura na Campanha Vacinal contra poliomielite foi de 78,57% e de 76, 89% em 2021 no esquema primário, refletindo queda significativa na cobertura vacinal. Diante desse contexto, a Secretaria Municipal da Saúde/Responsável pelo Programa de Imunização em 2022, desenvolveu estratégia de vacinação em parceria com as Escolas Municipais e Privadas do Ensino Infantil com estratégia de “Busca Ativa Vacinal” in loco. Tal estratégia resultou em melhora na cobertura vacinal contra a Poliomielite bivalente alcançando 82,17% (n=9.238) das crianças entre 01 e 04 anos de idade, sendo uma das melhores metas atingidas no Estado de São Paulo. As fragilidades e problemas criteriosamente apresentados pelo ImunizaSUS, nos remete a necessidade de implementar ações estratégicas envolvendo os profissionais das salas de vacinas e representantes da sociedade, educação permanente efetiva, qualificação dos dados no Sistema de Informação-PNI e ampliação do acesso à população.

A queda da cobertura vacinal no Brasil e consequentemente em seus municípios, vem acontecendo não somente com a Poliomielite, mas também com outras vacinas do calendário básico de imunização, se caracterizando assim, como um fenômeno multifatorial. A análise da equipe gestora municipal vai de encontro com os resultados apresentados na Pesquisa Nacional do Projeto ImunizaSUS, que traz os seguintes fatores: a falsa segurança em relação à necessidade da vacinação na medida em que ocorre o controle de doenças; o desconhecimento dos esquemas vacinais preconizados nos calendários, horário de funcionamento das salas de vacina; desabastecimento de insumos; o número insuficiente de profissionais de saúde para atender à demanda e sua deficiente capacitação e manutenção insuficiente do sistema de informação do PNI.

Diante do Risco de Reintrodução do Poliovírus Selvagem (PVS) e Surgimento do Poliovírus Derivado Vacinal (PVDV), o município não está em situação confortável. Em 2020 a cobertura na Campanha Vacinal contra poliomielite foi de 78,57% e de 76, 89% em 2021 no esquema primário, refletindo queda significativa na cobertura vacinal. Este cenário sensibilizou os profissionais de saúde a desenvolver estratégias para melhoria dos indicadores. Como parcerias entre a SMS/Responsável pelo Programa de Imunização e o Rotary Club de Marília, que contribuiu na divulgação da Campanha contra a Poliomielite e carreatas em pontos estratégicos de grande circulação de pessoas. As Escolas Municipais e Privadas do Ensino Infantil foram fundamentais neste momento, permitindo a vacinação in loco como “Busca Ativa Vacinal” no horário de entrada das crianças nas escolas e na presença dos pais. Sendo esta, uma ação em saúde coletiva, os alunos da residência em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA, foram inseridos neste cenário e atuaram de forma efetiva junto as Unidades Básicas de Saúde – UBS e Escolas, realizando leitura de carteira de vacinação e administração da vacina contra a VOPb 1 e 3. Os profissionais de saúde das UBS realizaram intensificação de busca ativa de faltosos no território de abrangência. A cadeia de ações desenvolvida no município culminou no aumento da cobertura vacinal contra a VOPb 1 e 3 que atingiu 82,17% (n=9.238) das crianças entre 01 e 04 anos de idade, quando comparado à 2020 que vacinou 78,57%. Os esforços empregados resultou em um dos melhores do Estado de São Paulo. Muito embora os indicadores para VOPb 1 e 3 não tenham atingido resultados satisfatórios (95%), é relevante enfatizar que todos os esforços impactaram ainda a cobertura vacinal de outras vacinas do calendário básico. (Gráfico 1) Faz-se necessário salientar que a imunização com VOPb 1 e 3 em crianças com 4 anos no município de Marília se destaca em relação as demais faixas etárias, coincidindo com o período escolar compulsório. (Gráfico 2) Um outro ponto relevante observado durante as ações de imunizações nas escolas, foi de que as crianças matriculadas na rede pública apresentaram calendário básico mais completo, enquanto as crianças matriculadas na rede privada apresentaram maior necessidade de atualização do esquema básico vacinal. Muito embora tenha sido identificado maior necessidade de atualização de calendário de crianças da rede privada, houve dificuldade de acesso a vacinação dessas crianças por meio da Busca Ativa, especialmente nas Instituições privadas de grande porte.

Considerando o risco de reintrodução do Poliovírus Selvagem (PVS) e surgimento do Poliovírus Derivado Vacinal (PVDV) no Brasil pela baixa cobertura vacinal, é imprescindível refletir sobre as fragilidades e fortalecer as potencialidades das equipes de saúde para reconhecer o território e suas vulnerabilidades praticando a equidade. As iniciativas devem ser elaboradas e implementadas em conjunto com segmentos da sociedade com objetivo de alcançar altas taxas de imunização preconizada pelo Programa Nacional de Imunização. Diante de tantas demandas recorrentes aos profissionais de saúde da APS, a vacinação é mais um serviço complexo e contínuo que deve ser fortalecido e ampliado. E os gestores têm como responsabilidade se sensibilizar para o acolhimento das fragilidades e transformá-las por meio do escopo do Planejamento Estratégico Situacional – PES com apoio da Rede de Atenção a Saúde – RAS.

Principal

JULIANA CARVALHO BORTOLETTO GOMES

Coautores

Alessandra Arrigoni Mosquini, Camila Reis Paris Servoni, Flávia Bueno Pelozo, Esther Pateise Yamashita Alves , Luciane Yara Sales Ferreira , Neuza Kawashima , Alessandra Aparecida da Silva Pereira Souza , Suellen de Oliveira Ferreira Crepaldi , Angélica Thabet Martins , Marilza dos Santos Ferreira Domingues , Cristiane Aparecida Salgueiro Ferreira, Maria Aparecida de Souza Kuvabara , Patrícia Helena Baldassin Rodrigues Girotto , Gisela Aparecida Omete Ferreira , Anderson Urban Lemos da Silva , Amin Ibn Chahrur

A prática foi aplicada em

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Esta prática está vinculada a

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Uma organização do tipo

Instituição Privada

Foi cadastrada por

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ideiasus@gmail.com

A prática foi cadastrada em

23 dez 2023

e atualizada em

23 dez 2023

Início da Execução

Fim da Execução

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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