- Saúde Mental e Atenção Psicossocial
Gleice Kelly Olanda Cordeiro,
- 03 set 2024
Amapá
Hoje, os psicólogos estão cada vez mais presentes na sociedade, mostrando a
importância de cuidar da saúde mental. Existem profissionais que trabalham em asilos
ou centros de atendimento a crianças; alguns trabalham em penitenciárias, auxiliando na
convivência entre os detentos e no reestabelecimento deles na sociedade. Iniciar um
trabalho em contexto de vulnerabilidade faz com que os profissionais da psicologia
tenham que interagir com questões bastante complexas como situações que envolvam a
pobreza, a violência e o intenso sofrimento humano decorrente das adversidades
vividas. A experiência nesta realidade permite que se desenvolvam habilidades e
competências pertinentes como, por exemplo, a possibilidade de trabalhar em uma
equipe multiprofissional, na realidade de uma política pública, onde há a interação com
problemas sociais e a de se trabalhar para tentar minimizá-los. A exigência, por parte da
equipe e da população, quanto ao papel da psicologia pautado em um modelo
tradicional de atenção em psicologia, em uma perspectiva curativa, exige que a equipe
de trabalho, utilize diferentes espaços. Reconhece-se como sendo muito importante a
presença da psicologia na atenção básica e media complexidade na medida em que este
trabalho fortalece a equipe de saúde e auxilia na compreensão dos problemas de saúde
da população. Em muitos casos, as pessoas buscam atendimento na UBS, seja com o
médico ou outro profissional, a partir do surgimento de sintomas físicos quando na
verdade estão enfrentando problemas extremamente significativos de ordem subjetiva.
Neste sentido, a psicologia através do seu trabalho é capaz de realizar um trabalho de
promoção de saúde, fortalecendo o vínculo do usuário com o serviço de referência,
dando suporte a equipe de trabalho, auxiliando nas discussões de caso, orientando e
possibilitando uma escuta de suas demandas de forma a viabilizar uma atenção em
saúde mais resolutiva.
Há situações que envolvem a disposição afetiva e emocional da pessoa, e o
apoio psicológico tem um forte impacto, no resultado dos tratamentos médicos. A
política de saúde determina o lugar de tratamento institucional dos problemas de saúde
onde o psicólogo vai atuar. É preciso mudar a ideia de que a Psicologia deveria limitar
sua ação aos consultórios. Há a necessidade, de se pensar em fazer políticas de saúde,
para isto, é fundamental a criação de dispositivos, e a criação de espaços entre os
diversos atores que compõem as redes de saúde, exige um estar com o outro, que todos
possam agir em prol do mesmo objetivo. Aqui certamente a Psicologia pode se inserir,
podendo assim, fazer intercessões. O psicólogo tem que começar a se olhar como o
verdadeiro propagador dessa mudança.
Há três interfaces da psicologia com o SUS: O Princípio da inseparabilidade,
pois o projeto de subjetivação se dá num plano coletivo, ou seja, a psicologia como um
campo de saber voltado para a subjetividade, portanto, é impossível separar a clínica da
política, o individual do social, o singular do coletivo. O Princípio da autonomia e da
co-responsabilidade, as práticas dos psicólogos estão voltadas para o mundo, e para o
país em que vivemos, com as condições de vida da população brasileira para promover
a produção da saúde. E o Princípio da transversalidade, a relação de intercessão com
outros saberes, e poderes, e disciplinas. A contribuição da Psicologia pode estar
justamente no entrecruzamento destes três princípios. (BENEVIDES, 2005).
No processo constante de construção e desconstrução de ideias, de conhecimento
e de afirmação de si e do outro, surgem possibilidades de atuação, seus limites e espaços
do campo ainda não explorados. É um contínuo refazer, não de forma aleatória e
responsiva, mas orientada pelo desejo genuíno de afirmação da existência, a fim de
possibilitar uma ação humanizada e humanizante. Ocorre também o rompimento com
uma relação sujeito-objeto, mecanizada e repetitiva, que não se adequa às
especificidades da população atendida, com isso é perceptível a evolução do paciente
atendido e o quanto eles se sentem especiais. Sabemos que o corpo e a mente estão
interligados e um precisa do outro para se manter saudável . Os pacientes atendidos
pelos psicólogos do município se sentem especiais e importantes já que muita das vezes
eles não possuem perspectiva de vida.
A questão da identidade do profissional de Psicologia na saúde pública é algo
que parece perpassar toda a discussão acerca do seu posicionamento na construção do
atendimento prestado à população e mesmo do SUS. Ao reconhecer sua identidade – e,
portanto, seu lugar no sistema -, posicionar-se profissionalmente implica em reconhecer
também a própria responsabilidade pela cogestão do SUS e, assim, um posicionamento
político diante da realidade. Percebe-se, assim, que a prática do psicólogo orientada para
a transformação da realidade se articula fortemente com a atuação política quando
apresenta o princípio ético da inseparabilidade: não há como se falar em cuidado sem
discutir a gestão desse cuidado (Benevides, 2005).
Em relação ao significado do compromisso social, a percepção dos profissionais
está muito ligada ao cumprimento de regras e aos atendimentos individuais, aos moldes
do modelo clínico. Ater-se à psicoterapia expressa uma estratégia de conferir identidade
ao trabalho do psicólogo, que também faz parte de uma certa disputa de poder com os
psiquiatras, uma vez que eles utilizam a escuta para a prescrição farmacológica
(Dimenstein, 2001). A escolha de uma atividade clássica da Psicologia, ao que parece,
está também vinculada a interesses de uma categoria de afirmar-se perante os outros
profissionais de saúde, demarcando seu lugar nesse campo, mesmo que se fechando em
suas próprias práticas.
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