Estratégias de Fortalecimento Das Ações de Imunização: a Experiência da Região Metropolitana Ii do Estado do Rio de Janeiro

A região Metropolitana II do estado do Rio de Janeiro é formada por sete municípios com características bastante diversas: Itaboraí , Maricá, Niterói , Rio Bonito , São Gonçalo , Silva Jardim e Tanguá. Apesar de diferenças significativas entre os municípios, nos últimos anos os resultados relacionados às coberturas vacinais têm se apresentado de forma semelhante, em geral, aquém das metas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Neste sentido, o presente trabalho trata-se de um plano de ação regional elaborado a partir das experiências de cada um dos municípios no desenvolvimento de estratégias que visam o fortalecimento das ações de imunização em seus territórios. O principal objetivo do plano é garantir que a partir de uma matriz de priorização comum e da elaboração consensual das principais intervenções, os esforços individuais se traduzam na melhoria dos resultados de toda a região. Neste sentido, faz-se necessário a aplicação de práticas já conhecidas e bem sucedidas, bem como a incorporação de estratégias inovadoras e criativas, mas, fundamentalmente, a superação de antigas dificuldades para as quais já existem soluções indicadas. A troca de experiências regional permitiu a identificação de pelo menos sete eixos principais de desafios para os quais foram definidas estratégias de intervenção, a saber: infraestrutura e recursos humanos; informatização e conectividade; qualificação e educação permanente; comunicação social e campanhas; monitoramento e busca ativa; ações intersetoriais e abastecimento. Ainda que haja a necessidade de se adequar as ações propostas conforme as necessidades heterogêneas de cada município, espera-se que o esforço coletivo de desenvolvimento do plano de ação regional fortaleça as medidas para o aumento das coberturas vacinais a partir das potencialidades identificadas e que poderão ser mantidas e/ou adaptadas, e das fragilidades, que são passíveis de adequação, conforme as necessidades e realidades locais.

Desde 2015 o Brasil vem experimentando uma queda progressiva nas coberturas vacinais, o que se agravou no período da pandemia em 2020. Com o início da Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 em 2021 foi possível observar um interesse pela vacinação por parte da população, porém, nada que tenha colaborado efetivamente para o aumento das coberturas vacinais. A partir de então, diversos esforços têm sido feitos a fim de identificar quais fatores contribuíram e continuam afetando esses resultados e, considerando a realidade regional, destacam-se como fatores comuns contribuintes para as baixas coberturas vacinais: Deficiências de infraestrutura e de recursos humanos que muitas vezes ainda limitam o número de salas de vacinação, bem como seus horários de funcionamento e a disponibilidade completa de vacinas em cada sala. Informatização incipiente das salas de vacinação (com conectividade e prontuário eletrônico). Necessidade de organizar de forma regular os processos de qualificação dos profissionais da Atenção Primária à Saúde com educação permanente e capacitações rotineiras voltadas para cada etapa do processo de imunização, incluindo o manejo adequado e eficiente dos sistemas de informação. Necessidade de intensificar e qualificar as ações de comunicação e campanhas de vacina voltadas à população, para evitar a hesitação e a recusa vacinal associadas à disseminação de Fake News. Equipes de Atenção Primária à Saúde com fragilidades em relação à cultura de monitoramento (informação em saúde) e à estratégia de busca ativa (gestão de listas). Enfraquecimento das ações intersetoriais, com distanciamento de parceiros estratégicos para o sucesso das ações de vacinação, especialmente os da educação e da assistência social. Déficit no quantitativo de doses recebidas dos imunobiológicos do calendário vacinal para atender as necessidades dos municípios.

Considerando os principais problemas elencados como desafios comuns a todos os municípios da região e considerando também que muitas estratégias já vêm sendo desenvolvidas ou planejadas para fortalecer permanentemente as ações de imunização e garantir os índices desejáveis de coberturas vacinais, destacam-se: Ampliação do número de salas de vacinas com oferta regular de todos os imunobiológicos previstos no calendário de vacinação, com ampliação também de seus horários de funcionamento (horário estendido no turno noturno e finais de semana) e das ações “extra muro”. Esta ampliação também deve prever a adequação de toda rede de frio com aquisição de câmaras frias e estruturação das unidades de saúde, dando suporte na parte elétrica com geradores as unidades que não possuem, além de qualificar a cadeia de logística e de transporte para auxiliar nas demandas de vacinação, inclusive com disponibilidade diferenciada para territórios rurais e/ou remotos. Informatização completa das salas de vacinação (com conectividade e prontuário eletrônico), garantindo a descentralização dos registros em tempo oportuno. Estruturação de cronograma/calendário anual e regular de qualificação dos profissionais da Atenção Primária à Saúde com educação permanente e capacitações rotineiras voltadas para cada etapa do processo de imunização, incluindo o manejo adequado e eficiente dos sistemas de informação. Intensificação e qualificação das ações de comunicação e campanhas de vacina, a nível estadual, regional e municipal, de modo a atingir a população através de fontes alternativas e locais de consumo de informação, inclusive comunitários, considerando o “Movimento Nacional pela Vacinação” já lançado pelo Ministério da Saúde. Incentivo à formação de equipes distritais de vigilância ou núcleos/polos descentralizados de vigilância, maximizando a integração da Vigilância em Saúde com a Atenção Primária à Saúde, possibilitando melhorias na organização das salas de vacinas; realização periódica de educação permanente, de modo que os profissionais recebem com mais agilidade e precisão as informações e mudanças decorrentes das ações operacionais contra a covid 19 e as vacinas do calendário básico; vacinadores mais confiantes; fortalecimento do vínculo entre a população e os profissionais de saúde; melhor reconhecimento e identificação do usuário com a sua unidade de saúde de referência; registros vacinais realizados de forma correta; qualificação dos registros de ESAVI; melhorias nos índices de cobertura vacinal; potencialização da vacinação segura; fortalecimento da capacidade das equipes de Atenção Primária à Saúde no que diz respeito às ações de monitoramento (informação em saúde) e às estratégias de busca ativa (gestão de listas). Fortalecimento das ações intersetoriais, com reaproximação de parceiros estratégicos para o sucesso das ações de vacinação, especialmente os da educação e da assistência social. Na educação é fundamental a aproximação com as escolas para que haja intensificação das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa Saúde na Escola (PSE) voltadas à imunização, e para que seja possível lançar mão de outras estratégias como a utilização da matrícula escolar como oportunidade não só de solicitação das cadernetas de vacinação, mas de avaliação das cadernetas pelas equipes de saúde, que poderão atestar a situação vacinal do escolar, identificando as pendências e agendamentos das vacinas que porventura estejam atrasadas. Com a assistência social, o estreitamento das relações com equipamentos como CRAS, CREAS, Conselhos Tutelares e as diversas instituições de abrigamento é fundamental para o alcance da população mais vulnerável, assim como para que ocorra o devido acompanhamento dos beneficiários do Programa Bolsa Família. Regularização do recebimento de doses necessárias para suprir as necessidades dos municípios, superando o desabastecimento de alguns imunobiológicos do calendário (Estado e União).

Tendo em vista o impacto positivo das vacinas na saúde pública e na erradicação e/ou redução das doenças imunopreveníveis e pensando em estratégias para alcançar os índices das coberturas vacinais dos municípios da região Metropolitana II do estado do Rio de Janeiro, decidiu-se pela articulação regional como principal ferramenta de planejamento integrado, capaz de potencializar a identificação de problemas e desafios comuns e de definir, de forma compartilhada, as principais ações para o fortalecimento da imunização na região. A sobrecarga ocasionada pela pandemia do Covid-19 impactou diretamente os sistemas de saúde em todo o mundo e gerou a necessidade de repensar o modo de gerenciamento das ações de saúde, em especial das ações de vigilância em saúde. Reconhecendo a importância da imunização como forte instrumento de proteção à vida, torna-se fundamental o desenvolvimento de ações que ampliem e promovam a vacinação. Neste sentido, faz-se necessário a aplicação de práticas já conhecidas e bem sucedidas, bem como a incorporação de estratégias inovadoras e criativas, mas, fundamentalmente, a superação de antigas dificuldades para as quais já existem soluções indicadas. A troca de experiências regionais permitiu a identificação de pelo menos sete eixos principais de desafios para os quais foram definidas estratégias de intervenção, a saber: infraestrutura e recursos humanos; informatização e conectividade; qualificação e educação permanente; comunicação social e campanhas; monitoramento e busca ativa; ações intersetoriais e abastecimento. Ainda que haja a necessidade de se adequar as ações propostas conforme as necessidades heterogêneas de cada município, espera-se que o esforço coletivo de desenvolvimento do plano de ação regional fortaleça as medidas para o aumento das coberturas vacinais.

Principal

Carmen Regina Colonese

Coautores

Brena Gabriella Tostes de Cerqueira, Jéssica Araujo Muniz, Sabrina da Costa Rêgo, Katiuscia Campos Dutra Lessa, Fernanda Martins Queiroz, Fábio Rodrigues Sampaio, Ana Cláudia de Azevedo Chavão, Isabelle Braga Ribeiro C. Santiago, Rafaela de Moraes P. Leite, , Marilete Ancelino de Souza, Gláucia de Oliveira Pinheiro Capibaribe, Thainá Jhulia Jandre Bicego Fratane, Raquel Santos de Queiroz Elaine Conceição Tavares Damasceno de Paula, Jane Lima do Amaral Cunha e Souza, Lidiane Medella Araújo, Nelimar da Silva Vieira de Lacerda, Amanda Gonçalves da Silva Henriques, Priscilla Pires da Silva Machado

A prática foi aplicada em

Região

Esta prática está vinculada a

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Uma organização do tipo

Instituição Privada

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23 dez 2023

CADASTRO

23 dez 2023

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Condição da prática

Concluída

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