A dor durante a vacinação infantil é um tema muito comum nas salas de vacinação, onde pais muitas vezes acabam atrasando a aplicação das vacinas do calendário de vacinação devido ansiedade da dor no filho. Estudos mostram que aproximadamente 40% dos pais se preocupam com a dor durante a vacinação e 95% desejam aprender como reduzir a dor durante este procedimento. A Organização Mundial da Saúde publicou, em 2015, recomendações para os programas nacionais de imunização sobre intervenções para reduzir a dor, a angústia e o medo no momento da vacinação; sendo elas a presença dos cuidadores e a prática da amamentação. A amamentação melhora o vínculo entre a mãe e o bebê, fortalecendo o contato pele a pele, além de atuar como analgésico natural. Outros estudos, como ensaios cínicos randomizados mostram que a amamentação de recém-nascidos durante procedimentos dolorosos reduz a dor. Os mecanismos são considerados multifatoriais e incluem sucção, contato pele a pele, calor, som e cheiro da mãe, e possivelmente, opiláceos endógenos presentes no leite materno. Em série publicada pela Netflix “Bebês em Foco”, em estudo sobre o leite materno acredita-se que conhecemos apenas 3% de seus componentes e os efeitos que esta fórmula Fantástica possui nos bebês. A Indústria farmacêutica desenvolveu vários dispositivos que prometem aliviar a dor no momento da vacinação porém estes não estão de livre acesso a todas criança devido alto custo visando a extensão do calendário vacinal Brasileiro e em muitas regiões dificuldade de acesso devido estrutura dos Municípios. Após conhecer este método, estudos bibliográficos e relatos de experiências positivas com o método, o município Arvorezinha (RS) iniciou a campanha “Vacinação com uma dose de amor”, por meio da qual os pais são estimulados a estar perto da criança durante a Vacinação a qual é aplicada durante a Amamentação, para crianças que não tem amamentação materna a aplicação pode ser feita durante a tomada da mamadeira no colo materno e/ou do cuidador. Observou-se que as crianças permanecem mais calmas mesmo após a aplicação da vacina, os pais sentem-se mais acolhidos, além de diminuir o trauma e a agressividade quanto a imobilizar a criança na maca, assim criança para de chorar mais rápido sendo até que muitos não choram, tornando o ato da Vacinação mais humanizado. Este é um método de fácil implantação que exige pouco ou nenhum recurso físico, porém em alguns municípios as salas de vacinação têm uma infraestrutura antiga, com pouco espaço físico e cadeiras inadequadas além de ter número de profissionais reduzidos para grande demanda o que acaba por fazer com que a vacinação demore mais do que a do tempo normal a fim de deixar a mãe terminar o ato de vacinação na Unidade de Saúde. Diante do exposto, a equipe sentiu-se muito feliz com a implementação de vacinação no ato da amamentação e sentiu grande retribuição da população além de não sentir problemas ou dificuldades para implantação deste método.
A covid 19 deixou muitas marcas que serão observadas ao longo de muito tempo. Iniciou-se uma campanha anti-vacinação muito grande no país onde os profissionais foram desacreditados para a prática impactando diretamente nas vacinações obrigatórias básicas do calendário vacinal infantil. Outro fator marcante diante da visão dos profissionais que atuam no município é o congelamento das verbas para compra de materiais permanentes como cadeiras, mesas, computadores, isto muitas vezes torna a sala de vacinação um lugar de imagem antiga, passando ar de local de “dor” pouco humanizado para a vacinação. Grande número de pais que procuram as unidades de saúde questionam quando a inovação/modernização dos locais e adquirir dispositivos de redução de dor local.
Os municípios receberam diversas orientações, e solicitações de novas estratégias de imunizações, estes se aplicados tornam um rastreio efetivo das vacinações, como a busca ativa dos casos de crianças vacinadas com HPV, trabalho nas escolas de vacinação, Reuniões com as coordenadorias de saúde na busca de ampliação do quadro vacinal. Muitas solicitações dos municípios foram atendidas pelo estado como a vacinação do Idoso, que abriu para mais quantidade de grupos prioritários vacinal. Observamos muitas salas de vacinação com difícil acesso, mobília antiga, com profissionais sem treinamento adequado para manuseio da criança .Assim, penso que falta um incentivo na modernização bem como acessibilidade dos pais para salas de vacinação, a fim de incentivar e desmistificar a vacina como ato doloroso e sim implantar a vacinação como ato de amor, de cuidado e prevenção a saúde bem como a capacitação regular de profissionais a fim de incentivar a humanização no momento de aplicação da vacina.
A amamentação é um ato que sempre foi estimulado pelas políticas publicas em saúde. Associar esta prática como instrumento para diminuir a dor e humanizar o processo de vacinação foi uma técnica encontrada pela prefeitura municipal de Arvorezinha (RS) a fim de diminuir a ansiedade dos pais que por muitas vezes pelo “medo” da dor no filho acabavam atrasando o esquema vacinal ou deixando-o incompleto. Este método foi instalado e teve grande êxito, os benefícios foram visíveis e a vacinação já começou e ser vista com olhar diferenciado pelos pais. Os profissionais se engajaram nesta campanha, e todos referiram um incentivo no trabalho onde se sentiram valorizados por ter algo novo para entregar a população. Diante das dificuldades encontradas com a de espaço físico diminuído estas foram sanadas com a criatividade e proatividade da equipe de saúde. Se os profissionais de saúde estiverem motivados e engajados os trabalhos de saúde se tornam muito mais resolutivos e a população fica mais contente com serviços humanizados. Vacinação durante a amamentação é uma prática que deve ser mais dissipada nos municípios pois os benefícios podem ser observados além da diminuição do trauma vacinal mas nas práticas de trabalho diária dos profissionais envolvidos também.
Arvorezinha, RS, Brasil
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