Os Centros de Convivência e Cooperativa (CECCOS) são unidades ligadas à Rede de Assistência à Saúde do município de São Paulo e se constituem em espaços de sociabilidade e inclusão de pessoas com transtornos mentais, idosos, deficientes, pessoas em situação de rua junto à comunidade. As atividades artísticas, culturais, artesanais e esportivas desenvolvidas nestes serviços se constituem em estratégias de sustentação às diferenças e singularidades, visto que são o elo entre os participantes a constituição de grupos é dada não condição social ou de saúde, mas pelo desejo de pintar, cantar, dançar, jogar. Contribuem assim, para o estreitamento de laços sociais e afetivos. O CECCO Bacuri tem na Oficina de Canto uma estratégia de aproximação dos frequentadores com a música brasileira, acolhendo quem gosta de cantar, tocar, ouvir música. Dela participam pessoas da comunidade e também moradoras e moradores das residências terapêuticas (ligadas à Secretaria Municipal de Saúde) e das residências inclusivas (ligadas à Secretaria Municipal de Assistência Social) do território. A construção do repertório é feita pelos participantes, abrindo espaço para surgirem afetos, identificações, memórias afetivas. Instrumentos de percussão garantem a participação de todos. O distanciamento social adotado no município de São Paulo para mitigar a pandemia do COVID-19 levou à suspensão das atividades grupais dos serviços de saúde. Inicialmente, para garantir a manutenção do vínculo dos usuários no Cecco, a equipe gravou músicas do repertório do Canto, enviando para frequentadores por aplicativo de mensagem de celular. Muitos retornaram com gravações próprias, cantando as músicas. Os moradores destas residências têm grande dificuldade de acesso aos recursos tecnológicos e tiveram no distanciamento uma ruptura importante com serviços que realizam este trabalho no território. A equipe do CECCO resolveu realizar serenatas na rua, em frente às residências, com o mesmo repertório que era cantado cotidianamente na oficina para trazer à memória dos moradores o vínculo com o serviço e com as profissionais.A Serenata no Portão resgatou os repertórios da Oficina de Canto e produziu, após meses de afastamento, uma reconexão com o serviço e com a equipe. A importância da escolha do repertório, bem como a conexão com a memória que produziu, ficou clara quando, ao ouvir a música que escolheu, o morador passou a dançar e/ou a cantá-la deixando claro o reconhecimento de pertencimento deles ao grupo. Houve até quem pedisse BIS da sua música preferida. A escolha das músicas na Oficina de Canto faz reviver memorias e emoções nos frequentadores. Em sujeitos que passaram por anos de exclusão do convívio social pelo asilamento institucional, é um recurso que concede um lugar de escuta a histórias singulares que muitas vezes não conseguem ser verbalizadas pelos sujeitos.
O cuidado às pessoas vulneráveis depende de dispositivos que assegurem pertencimento, acompanhamento sistemático, vinculação. Moradores de residências terapêuticas e inclusivas tiveram no distanciamento uma ruptura importante com serviços que realizam este trabalho no território. A proposta de resgatar as oficinas que os moradores frequentavam no Cecco Bacuri por meio das serenatas objetivou manter o vínculo entre os moradores e a equipe de trabalhadores do Cecco por meio do repertório musical trabalhado na Oficina de Canto.
A partir do repertório musical desenvolvido na Oficina de Canto do Cecco Bacuri e com a necessidade de realizar o distanciamento social em função das restrições sanitárias durante o período da pandemia pelo Coronavirus, a equipe de profissionais passou a fazer serenatas para moradores das residências terapêuticas em frente ao portão das casas, garantindo a manutenção do vínculo com o serviço.
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