As ações ocorreram em equipamentos de saúde, assistência social, direitos humanos e educação presentes em bairros de Vitória/ES: São Pedro e Ilha de Santa Maria (Centro de Referência da Juventude); Morro do Quadro (Núcleo Afro Odomodê); Santo Antônio (Centro de Convivência da Terceira Idade); Centro de Vitória (Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos e Centro de Convivência da Terceira Idade); Parque Moscoso (Centro de Referência em Infecções Sexualmente Transmissíveis com o Programa Jovem Aprendiz). O objetivo geral da experiência consiste em promover Rodas de Conversa e ações de testagem e aconselhamento itinerantes com foco na prevenção combinada de ISTs para jovens e idosas(os), especialmente em situação de vulnerabilidade e usuárias(os) de diferentes políticas públicas. Como objetivo específicos, a experiência visou: Promover ações que possibilitem acesso a informações de prevenção combinada de Infecções Sexualmente Transmissíveis; Possibilitar espaço de compartilhamento de experiências e conhecimentos sobre saúde sexual; Promover acesso à testagem e aconselhamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis para populações vulneráveis. As Rodas de Conversa e ações de testagem e aconselhamento foram divulgadas pelas(os) profissionais que trabalham nas políticas públicas onde ocorreram as ações e foram multiplicadas através das redes comunitárias das(os) usuárias(os) dos serviços. Todas as ações foram integradas como parte das atividades corriqueiras dessas políticas públicas. As(os) profissionais que organizaram a experiência eram trabalhadoras(es) do Centro de Referência de ISTs de Vitória em conjunto com as(os) trabalhadoras(es) das políticas públicas onde ocorreram as ações. O transporte das(os) profissionais para os locais das ações, os testes rápidos de ISTs, preservativos, gel lubrificante e material informativo foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde. As atividades foram realizadas na sede das políticas públicas onde ocorreram as ações.
De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV e Aids divulgado em dezembro de 2024 pelo Ministério da Saúde, em 2023 foram notificados 46.495 casos de infecção pelo HIV no país, sendo que 34,7% ocorreram no Sudeste. Nesse período foram registrados 125.753 casos de infecção pelo HIV em jovens de 15 a 24 anos, representando 23,2% do total de casos. Observou-se também um aumento significativo no percentual de casos entre mulheres com cinquenta anos ou mais, que passou de 12,8% em 2013 para 21,1% em 2023, enquanto entre os homens esse percentual passou de 9,0%, para 12,0%. Em 2023, entre os casos notificados, 63,2% foram de pessoas negras e 30,7% de pessoas brancas. Também cabe ressaltar que, de acordo com o Painel PrEP disponibilizado pelo Ministério da Saúde, o acesso à Profilaxia Pré-exposição ocorre de maneira desigual, sendo a população branca e com ensino superior a que mais utiliza essa ferramenta de prevenção. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas contínuas e ações com foco em prevenção combinada, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis direcionadas à faixa etária de jovens e idosa(os), com atenção específica para a população negra e em situação de vulnerabilidade social. No contexto das políticas públicas brasileiras, essa população é majoritariamente usuária dos Centros de Referência da Juventude, Programa de Jovem Aprendiz, Centro de Convivência da Terceira Idade e a Educação de Jovens e Adultos, serviços esses em que foram realizadas as ações de Roda de Conversa e testagem e aconselhamento que compõem a experiência aqui descrita.
Foram realizadas 10 Rodas de Conversa sobre prevenção combinada e compartilhamento de experiências em saúde sexual com um público total de 379 pessoas, principalmente jovens e idosas(os) usuárias(os) de diferentes políticas públicas de assistência social, direitos humanos e educação. As rodas possibilitaram o acesso à informação aos públicos mais vulneráveis ao HIV, principalmente sobre a Profilaxia Pré-exposição (PrEP) e Pós-exposição (PEP) e operam como espaço para questionamentos sobre métodos de prevenção e práticas sexuais. Nas ações de testagem e aconselhamento realizadas após quatro Rodas de Conversa (ocorridas nos Centros de Referência da Juventude e Centros de Convivência da Terceira Idade) foram ofertados testes rápidos de HIV, Sífilis, Hepatite B e Hepatite C para 63 pessoas, possibilitando o acesso à testagem de Infecções Sexualmente Transmissíveis como mecanismo de prevenção combinada para além do espaço físico do Centro de Referência de ISTs. Também foram distribuídos preservativos, gel lubrificante e material informativo para as(os) participantes das ações. As ações realizadas possibilitam contribuir com a redução da transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis nos públicos mais vulneráveis, como jovens e idosas(os) negras(os) e moradoras(es) de regiões periféricas, através do acesso à informação e à testagem de ISTs como ferramenta de prevenção combinada. As ações também possibilitam apresentar os serviços oferecidos na atenção primária e especializadas para a prevenção e o tratamento de ISTs, ampliando o conhecimento acerca da rede de serviços de saúde, da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Pós-exposição (PEP). As ações também fomentaram a intersetorialidade ao romperem com as divisões existentes entre as políticas de saúde, assistência social, educação e direitos humanos, convidando trabalhadoras(es) de outros campos a engajarem nas ações de prevenção combinada nos serviços em que estão atuando.
As ações realizadas com metodologias de caráter participativo, como a Roda de Conversa, possibilitam maior participação e incentivam trocas de experiência, rompendo com formatos pautados apenas na transmissão de informações. As ações realizadas fora do Centro de Referência de ISTs, em parceria com outras políticas públicas, possibilitaram o acesso à conhecimentos acerca da prevenção combinada e sobre o funcionamento dos serviços que oferecem prevenção e tratamento de ISTs, assim como realizar testagem de ISTs para públicos mais vulneráveis. A dificuldade de chamar público para ações coletivas foi reduzida com o apoio das(os) trabalhadoras(es) dos serviços onde as ações foram realizadas.
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