Considerando que o sofrimento psíquico não envolve apenas o âmbito individual, estando diretamente relacionado com valores e normas sociais e históricas, compreende-se que pode ser construído socialmente. A cultura em que cada indivíduo está inserido pode exigir um enquadramento que negligencia aquilo que é inerente à condição humana, aprisionando-o a papéis que não lhe permitem a expressão de toda sua complexidade. Martinhago e Queiroz (2016) observam que existem prescrições sociais impostas sobre a masculinidade e que tais prescrições se relacionam aos papéis centrais que o trabalho e a sexualidade ocupam na vida do indivíduo. Diante disso, parece pertinente oferecer aos homens um espaço para reflexão e ressignificação da masculinidade, validando aspectos de sua constituição que são subjugados por valores e normas culturais.
O Grupo de Saúde Mental do Homem na Atenção Básica tem como objetivo oferecer aos homens um espaço para reflexões sobre a masculinidade e suas expressões sociais, emocionais, comportamentais e cognitivas, com possibilidades de desconstrução de crenças e conceitos limitantes e produtores de sofrimento psíquico.

Após triagem realizada em 2 encontros em grupo e a identificação da demanda, os participantes são direcionados ao Grupo de Saúde Mental do Homem. O grupo é aberto, sendo possível que novos integrantes iniciem a participação a qualquer momento; é homogêneo no que se refere ao gênero, mas heterogêneo no que se refere às queixas iniciais (ansiedade, depressão, uso/abuso de SPA, etc). É heterogêneo também no que diz respeito à faixa etária, sendo o único critério a idade mínima de 18 anos. Não há um número de encontros pré-estabelecidos, sendo o desligamento do grupo avaliado individualmente conforme percepção do próprio participante, bem como da profissional, mediante a possibilidade de olhar para si mesmo de uma forma mais compassiva e ajustada ao próprio contexto social. Cada encontro tem a duração de 90 minutos e são abordados temas como: validação emocional, regulação emocional, crenças disfuncionais, relações interpessoais, papéis sociais, assertividade, agressividade, passividade, autoconhecimento, comunicação interpessoal, entre outros.

Foi possível observar o impacto de alguns fatores terapêuticos (Neufeld, 2017) como universalidade (percepção de que não estão enfrentando seus problemas sozinhos), compartilhamento de informações (trocas entre os membros do grupo na forma de aconselhamento, orientação e encorajamento), altruísmo (apoio mútuo entre os membros), aprendizagem interpessoal (intervenção resultante da interação entre os membros do grupo), coesão grupal (atração que os membros têm pelo grupo e seus participantes, importantes para o desenvolvimento, a confiança e o apoio grupal).
Os participantes se apropriaram do espaço oferecido, usando-o para elaborar suas angústias e refletir sobre o ser homem. Para alguns participantes, o espaço homogêneo traz a possibilidade de expressar-se com mais naturalidade, visto que não há a preocupação de se enquadrar nas expectativas associadas à interação com o gênero oposto.

Compreendendo que o sofrimento psíquico é multifatorial, abrangendo aspectos neurológicos, fisiológicos, sociais, culturais, religiosos, filosóficos e econômicos, parece pertinente oferecer um espaço para a reflexão a respeito de todos esses aspectos criando, assim, oportunidade de construção de recursos de enfrentamento e a possibilidade de expressão mais ajustada à sua condição humana.

Principal

Joelma Elenice Alves de Jesus

joelma.alves.psi@gmail.com

Psicóloga em Saúde

A prática foi aplicada em

Mogi das Cruzes

São Paulo

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Rua Manuel de Oliveira, 30 - Vila Mogilar, Mogi das Cruzes - SP, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Joelma Elenice Alves de Jesus

Conta vinculada

02 jul 2024

CADASTRO

01 ago 2024

ATUALIZAÇÃO

17 jun 2019

inicio

07 mar 2020

fim

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

Arquivos

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