Objetivo geral:
Estruturação da rede de cuidado e atenção psicossocial às crianças e adolescentes com TEA ou em processo de diagnóstico e suas famílias e desenvolver ações que promovam qualidade de vida. Estimular o debate sobre diversidade e construir estratégias de enfrentamento às variadas formas de preconceito.
Objetivos específicos:
Ampliar e garantir acesso do público alvo ao cuidado na atenção primária e saúde mental;
Implementar serviço pautado na lógica da Atenção Psicossocial no ambulatório de saúde mental;
Constituir rede de apoio para as famílias;
Realizar o trabalho de modo intersetorial;
Garantir a integralidade do cuidado;
Realizar matriciamento junto aos pontos da Raps;
Promover Educação Permanente em Saúde e Saúde Mental no campo da infância e adolescência;
;Ampliar e diversificar a oferta de cuidado, com ênfase na autonomia do público alvo;
Implementar protocolos e fluxos em todos os níveis de atenção;
Valorizar práticas centradas nas necessidades do sujeito, reconhecendo sua singularidade, distintas de intervenções pautadas em padrões e ideais comportamentais
Para estruturar a proposta e apresentar o plano de trabalho, foi realizado levantamento de dados para realização de diagnóstico situacional, com identificação de casos com laudo ou em investigação de TEA no município e mapeamento dos pontos de atenção da RAPS. Foram realizadas visitas nas escolas de rede municipal/estadual/privada de ensino; na Apae, na qual é ofertado o serviço de estimulação essencial para crianças com atraso no desenvolvimento; levantamento de informações junto às unidades básicas de saúde. Identificamos quantitativo total de casos c/ laudo e aqueles em investigação. Realizamos contato telefônico com todas as famílias identificadas, para conhecimento prévio da situação atual em saúde do público em questão. A análise dos dados coletados foi articulada com os indicadores geográficos e epidemiológicos oficiais. Em janeiro de 2023, apresentamos à gestão o diagnóstico preliminar e um plano de trabalho, com proposta de ampliação das equipes, criação de dispositivo em saúde mental e articulação dos pontos da Raps. Foi realizado evento para profissionais de toda rede de serviços pública e privada e familiares para apresentação do referido material. Foi realizado primeiro ciclo de capacitação sobre Autismo para toda a rede municipal de serviços:
– 12 de Abril – “Enlaçando Redes: olhares para o cuidado de crianças e adolescentes com funcionamento autístico
Palestrante: Marcela Decourt (Projeto Pipa e Rabiola)
– 15 de Maio – Autismo: Perspectiva, Experiências e Modos de Cuidar
Palestrantes: Bárbara Costa Andrada; Paulo Armando E. Martins Viana; Kátia Wainstocfk dos Santos
– 22 de Maio – “Educação Física Adaptada para crianças e adolescentes com autismo”
Palestrante: Daniel Carmo
E, posteriormente, o segundo ciclo, que contou com:
– 19 de Setembro – Considerações sobre a importância do brincar com as crianças e o cuidado colaborativo para a construção de redes psicossociais
Palestrante: Leandro França Pacheco
“Autismos: história, perspectivas e a psicopatologização da infância”
Palestrante: Rossano Cabral Lima
“A linguagem na infância: atrasos, transtornos e as possibilidades de intervenção em rede”
Palestrante: Roberta Vieira
– 30 de Outubro – A experiência do Projeto Circulando (UFRJ)
Palestrante: Kátia Alvares de Carvalho Monteiro
Foram realizadas Reuniões regulares para a elaboração dos fluxos de gestão e assistência, de modo desburocratizado, buscando enfatizar o trabalho humanizado. Os encaminhamentos para ambulatório de pediatria, neuropediatria, nutrição e fisioterapia, de crianças e adolescentes em acompanhamento interdisciplinar na rede especializada, são realizados diretamente, através da Saúde da Criança e do Adolescente.
As coordenações da Saúde da Criança e Adolescente e da Saúde Mental se constituíram como responsáveis pelo ordenamento da demanda e implementaram o serviço de atenção psicossocial no ambulatório de saúde mental – espaço no qual as crianças possam produzir e se expressar livremente através de recursos variados e materiais/ferramentas que auxiliem na construção de laços e uma maior interação com o mundo. O trabalho vem sendo realizado através de: acolhimento individual ou coletivo; atendimentos psicoterapêuticos individuais ou coletivos; oficinas de música semanal; reuniões regulares com famílias/cuidadores; reuniões intersetoriais regulares; atividades culturais e de lazer; visitas domiciliares; reunião quinzenal da equipe; e formação permanente.
Após diagnóstico preliminar da situação da política de saúde para crianças e adolescentes no município e diante da constatação de lacuna assistencial para o público com deficiência ou necessidades específicas em saúde – que refletia a realidade do país no campo da saúde mental infanto-juvenil, principalmente em municípios de pequeno porte populacional que não é elegível para implantação de Capsi, a gestão se mobilizou para estruturar uma proposta de cuidado para crianças e adolescentes com TEA ou em processo de diagnóstico. As políticas de saúde voltadas para crianças e adolescentes se efetivam a partir de diretrizes voltadas ao cuidado materno, da criança, do adolescente e famílias, organizadas em eixos estratégicos como atenção humanizada perinatal, aleitamento materno ao recém-nascido, desenvolvimento integral na primeira infância, prevenção de violências e promoção da cultura de paz, atenção à saúde de crianças em situações específicas e de vulnerabilidade, prevenção e atenção às doenças crônicas e agravos prevalentes na infância, tendo como ordenadoras do cuidado as equipes da Atenção Primária e Atenção Psicossocial no território, portanto as metas do cuidado foram estabelecidas a partir dessas dimensões e parâmetros da Linha de cuidado para a atenção às pessoas com TEA e Linha de cuidado à saúde da PCD. Da atenção primária à especializada, o acolhimento humanizado deve ser viabilizado e o cuidado garantido, através de ofertas que reconheçam o direito à cidadania, a liberdade, a dignidade, com uma clínica onde o sujeito é tratado em sua singularidade, não coadunando com práticas transformam o autista em objeto de uniformização e universalização, como alguém a ser adestrado e treinado.
Tomada de responsabilidade por parte da saúde mental e atenção primária na ordenação da demanda; Ampliação da equipe de saúde mental com 1 fonoaudiólogo,1 nutricionista e 1 educador físico; Sensibilização das famílias e profissionais da rede para estratégias de cuidado sensíveis à complexidade do sofrimento e adoecimento mental e superação do modelo meramente prescritivo; Instituição do fluxo de assistência, com encaminhamentos diretos e agendamento imediato para reabilitação em fisioterapia, ambulatório de pediatria e neuropediatria; prioridade no sistema de regulação de vagas para oftalmologia e reabilitação em fonoaudiologia; Não houve registro de judicialização para atendimento da demanda nos últimos 12 meses; Redução do isolamento familiar e social; Maior participação das família e receptividade em relação às intervenções terapêuticas; Todas as crianças e adolescentes com laudo ou hipótese estão matriculados nas escolas e frequentando regularmente as aulas; Ampliação da permanência das criança e adolescentes na escola; Ampliação dos laços familiares e sociais; Ações educativas sobre diversidade e enfrentamento às variadas formas de preconceito, com crianças, adolescentes e familiares; Aproximação entre as equipes das redes de serviços intra e intersetoriais, envolvidas no cuidado; Apresentação da experiência no Fórum Estadual de Saúde Mental de Crianças e Adolescentes do Rio de Janeiro – A proposta da atenção psicossocial para crianças e adolescentes com autismo e seus familiares: boas práticas e desafios atuais; Produção de vídeo com as famílias de crianças e adolescentes atendidos, com participação especial de Raquel Alves, filha de Rubem Alves.
O trabalho demonstra a importância dos estudos epidemiológicos para a análise da efetividade e estruturação de serviços de saúde voltados para o público alvo, revelando que a organização da rede de cuidado para a atenção psicossocial em municípios de pequeno porte é viável e depende de condições não muito complexas e tecnologias leves (Merhy, 2002) para sua execução, dentre as quais destacamos: posição de compromisso ético político por parte do poder público com essa população, reconhecimento dos direitos legalmente constituídos e da tomada de responsabilidade pela gestão para sua efetivação; o compartilhamento do cuidado “não há trabalhador de saúde que dê conta sozinho do mundo das necessidades de saúde”; necessidade de conhecer profundamente as instituições que historicamente prestavam assistência a crianças e adolescentes para que possam ser reorientadas e compor a rede ampliada de cuidado; a qualificação dos trabalhadores e a impossibilidade de que um trabalho com crianças e adolescentes possa ser conduzido fora de uma articulação intersetorial e sem participação das famílias. As coordenações da Saúde da Criança e Adolescente e Saúde Mental se constituíram responsáveis pelo ordenamento da demanda e implementaram o serviço de atenção psicossocial no ambulatório ampliado de saúde mental, espaço que privilegia a produção e livre expressão da criança, através de recursos variados e ferramentas que auxiliem na construção de laços e uma maior interação com o mundo. E a atuação no território tem possibilitado a construção de uma postura crítica dos setores envolvidos no cuidado: buscando evitar o risco da patologização e medicalização da infância e adolescência e de operar o cuidado de modos segregacionistas; defendendo a necessidade do pensamento plural, aberto, a partir do respeito às diferenças e o direito de escolha dos sujeitos, portanto pelo direito da família de escolher o método de tratamento que considere mais interessante para a criança e adolescente sob sua responsabilidade.
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