Era observado em nosso município que a cada boletim de cobertura vacinal emitido pela regional de saúde, nunca estávamos com bons índices, mas na realidade e sempre acompanhando nossa população real cadastrada no e-SUS APS, sempre estávamos cumprindo entre 90% e 100% das coberturas de todos os principais imunobiológicos do calendário nacional de vacinação entre crianças de 0 a 5 anos. Surgiu então o questionamento: o problema só pode estar nos sistemas de informação, ou do município, ou do Ministério da Saúde. Em busca de soluções para o problema, encontramos finalmente o que vem acontecendo não só com Medina, mas com grande parte dos municípios brasileiros que, após implantação plena do e-SUS APS ou outros sistemas de prontuário eletrônico, enfrentam queda na sua cobertura vacinal.
Acompanhando os indicadores do programa Previne Brasil, nosso município conseguia ótimo desempenho em todos os indicadores, com exceção do indicador 5 (Proporção de crianças de 1 ano de idade vacinadas na APS contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B, infecções causadas por haemophilus influenzae tipo b e Poliomielite inativada). Mediante essa problemática, identificamos o problema pelo relatório de “Apoio ao cuidado” de crianças do SISAB, presente na ferramenta e-Gestor do DATASUS. Através dessa ferramenta, identificamos diversas crianças duplicadas no sistema CADSUS WEB, crianças estas que não estavam duplicadas no e-SUS APS, dando-nos uma falsa sensação de que tudo estava certo quanto a vacinação, porém, ao unificar um cidadão no e-SUS APS, sabemos agora que essa unificação não ocorre automaticamente no CADSUS WEB, rotina essa que deve ser feita manualmente, identificando os cidadãos duplicados um a um e unificá-los para resolver definitivamente o problema da cobertura vacinal fora da realidade. Pelo relatório de “Cadastros vinculados” do SISAB no e-Gestor, buscando relatórios de todos os cidadãos do município e organizando a tabela por data de nascimento decrescente, observamos que só entre crianças de 0 e 5 anos, o município de Medina tinha vinculados ao fim de agosto de 2022, 1787 crianças, dentre elas 231 duplicadas necessitando de unificação. Unificando todas essas crianças manualmente no CADSUS WEB, ao fim de dezembro de 2022 ficamos com 1556 crianças cadastradas e identificadas por este mesmo relatório.
Com a unificação de 231 cadastros duplicados entre as crianças de 0 a 5 anos, finalmente conseguimos números satisfatórios e adequados a realidade cadastral do município, pois seria impossível alcançar qualquer cobertura vacinal com 15% a mais de cadastros nessa faixa etária, que é a mais acompanhada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Como exemplo de experiência exitosa, destacamos o aumento de 10,54% nos índices de cobertura vacinal do município, saltando de 81,09% ao fim de 2021 para 91,63% ao fim de 2022 (fonte: Tabnet – Imunizações Cobertura Brasil – Cobertura vacinal por imuno segundo município). Finalmente alcançamos também com as unificações, o indicador 5 do programa Previne Brasil (Proporção de crianças de 1 ano de idade vacinadas na APS contra Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B, infecções causadas por haemophilus influenzae tipo b e Poliomielite inativada) fechando o 3º quadrimestre de 2022 com 99%; antes alcançando 75% no 1º quadrimestre e 77% no 2º quadrimestre de 2022; dando-nos a confirmação de que as duplicações eram a raiz do problema.
Com o alarme nacional da queda de cobertura vacinal, vimos que parte desse problema pode sim ter sua raiz nos sistema de informação do Ministério da Saúde e alertamos para que essa problemática seja repassada aos municípios de maneira emergencial para que assim consigam identificá-lo e saná-lo. Lembramos e destacamos também que com o crescimento da utilização de prontuários eletrônicos no Brasil à partir de 2017 por meio da obrigatoriedade da utilização desse novo método de registro imposta pela Resolução CIT nº 7 de 2016, a facilidade de se criar novos números de Cartão Nacional de Saúde (CNS) foi aumentada através do sistema e-SUS APS, ferramenta disponibilizada gratuitamente pelo Ministério da Saúde a amplamente utilizada por grande maioria dos municípios brasileiros. O e-SUS APS por ter integração direta ao CADSUS WEB trouxe também problemas, onde profissionais criam diversos CNS para o mesmo cidadão que posteriormente não são unificados, aumentando assim exponencialmente o número de cadastros duplicados dos municípios em todos os sistemas oficiais. Assim sendo, alertamos sobre esse problema e pedimos solução aos responsáveis para que estudem alternativas para que isso não ocorra, evitando que esse problema seja perpétuo no SUS. Indica-se assim que ao unificar um cidadão no e-SUS, esse cidadão também seja automaticamente unificado no CADSUS WEB, ou que a integração do e-SUS APS com o CADSUS WEB não permita criação de novos números de CNS.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO