Trata-se da construção de um trabalho no qual se aposta que pessoas com transtornos mentais graves podem estar em serviços residenciais terapêuticos, mas também em casas geridas de forma autônoma podendo contar com o apoio e o acompanhamento de profissionais do Caps. Tais usuários terão em seus projetos terapêuticos singulares uma intensificação de ações focadas na administração e bem-estar em suas casas. Chamaremos aqui de Moradias Assistidas estas casas geridas pelos próprios usuários em parceria com os profissionais do Caps. Visitas domiciliares e acompanhamento terapêutico são exemplos de ações específicas a serem realizadas nestas casas pelos profissionais.
As moradias assistidas são especialmente indicadas para pessoas que passaram por internações de longa permanência e usuários dos CAPS, que por este motivo perderam ou fragilizaram os vínculos sócio familiares, ou ainda que possuem família, mas o convívio se mostra muito conflituoso ou inviável, havendo, portanto, a necessidade de um espaço alternativo de moradia. Estas moradias seriam assim um espaço não institucional, inserida na comunidade que poderá ser chamado de lar, para incentivar o resgate da autonomia do sujeito, incentivando-o a assumir uma posição de agente ativo de produção de vida.
O projeto João de Barro construído pela equipe do Caps 2 Vonica visa promover novas formas de inclusão social e autonomia de seus usuários, compreendendo os modos de morar e habitar a cidade através de estratégias articuladas intersetorialmente no município de São João de Meriti. Este projeto é uma tentativa de construir, junto aos sujeitos, um lar, uma vez que deste foram expropriados de alguma forma em sua história de vida. Incluir na rede de cuidados com usuários de saúde mental a possibilidade de viverem em Moradias Assistidas como mais uma etapa de seus projetos de vida. Trata-se de implementar no município de São João de Meriti práticas consonantes ao projeto de mais de trinta anos de Reforma Psiquiátrica em curso no país.
No ano de 2018 iniciamos esse trabalho com a criação de 2 residências totalizando 2 moradores, atualmente o município de São João de Meriti conta com 5 moradias assistidas em saúde mental, com total de 8 moradores. O processo de construção desses espaços precisam cumprir uma regra prioritária, a participação ativa do usuário na decisão de morar sozinho, na escolha de sua casa, do seu enxoval e de qualquer ação que defina seu lar e a construção de seu projeto de vida diário. Esse projeto abriu novos caminhos e oportunidades para usuários que estavam em situação de rua, em constante conflito familiar, e principalmente oportunizando moradores de residência terapêutica a construir uma nova história em sua jornada de vida.
Estamos falando de uma casa, onde o morador vai pagar seu aluguel, fazer suas comprar, arrumar seu espaço, fazer sua comida, entre outras ações do cotidiano de um cidadão. O morador precisa de autonomia mínima para morar sozinho ou em grupo, esse deve estar inserido em algum dispositivo de saúde mental. Importante pensar na formação de uma equipe com atuação direta nas moradias assistidas em saúde mental, composta por coordenador e acompanhantes territoriais, esses precisam atuar em conjunto com os centro de atenção psicossocial – CAPS, e precisam ter planejamento para construção de ações diárias dos moradores, considerando sempre o desejo do mesmo, sua necessidade terapêutica e seus objetivos, visto que a participação do morador é a base fundamental para seu desenvolvimento e desempenho.
Rua Antero Pinto Pereira, 20 - Jardim Meriti, São João de Meriti - RJ, Brasil
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