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Imunizar para salvar: fragilidades e potencialidades no Programa de Imunização de Quixadá

O município de Quixadá pertencente a região de saúde do sertão central, sendo um dos municípios maiores da região, com uma população estimada em 2019 de 87.728 habitantes (IBGE) e possui uma área de 2.019,834 km². Distancia-se da Capital, Fortaleza, a 167 Km. A atenção primária a saúde (APS) vista como ordenadora do cuidado, está voltada a melhoraria da qualidade de vida e satisfação dos os usuários, garantindo a resolutividade das ações, tendo como base organizacional o conhecimento do território e da população adscrita o qual embasa a estratégia de saúde da família (ESF) no planejamento das ações. Na composição estrutural da APS de Quixadá, temos um total de vinte (20) unidades básicas de saúde, nove (09) postos de apoio, vinte e uma (21) salas de vacinas ativas, vinte e quatro (24) equipes da ESF, destas quatorze (14) na zona urbana e onze (11) na zona rural, como força de trabalho contamos, com equipes da ESF completas (Medico, Enfermeiro e Dentista), vinte e um (21) vacinadoras e cento e sessenta e dois (162) agentes comunitários de saúde. Para o sistema único de saúde (SUS), a vacinação é uma ação de cuidado individual e coletivo, visto como uma estratégia de custo-benefício e impacto na prevenção de doenças. Partindo deste pressuposto a política nacional de imunização (PNI) atende a proposição de reduzir a morbimortalidade no pais. O município de Quixadá, historicamente pioneiro nas ações do programa saúde da família, sempre teve um olhar estratégicos para imunização, sobretudo por garantir o acesso igualitário e de forma decentralizada das vacinas a população. Frente as diversas atividades que envolve o processo de trabalho das ESF, a imunização é uma ação continua prevista no calendário diário das unidades de saúde, com vista para garantia de direitos, prevenção e proteção da população em geral contra as doenças imunopreveníveis. Nos serviços de saúde, a vacinação de rotina deve ser realizada em conformidade com as normas do PNI, sobre a coordenação e monitoramento de uma equipe local de imunização, sempre abodecendo o calendário de vacinação estabelecido pelo ministério da saúde. Logo, assuntos sobre vacinação passou a ter inúmeros questionamentos sobre sua eficácia, ganhando grande destaque desde 2020 por causa do contexto da pandemia de Covid-19. Assunto que trouxe inúmeras discursões, contudo, para nos brasileiros, a vacinação não é uma novidade, é só lembrar das campanhas para as crianças, muito propagada pelo conhecidíssimo personagem Zé Gotinha. Dada a importância da vacina para nossa vida, muitas vezes passa despercebida a importância da vacinação sendo colocada em plano secundário de prioridade. Essa condição acaba gerando um grande número de usuários faltosos a serviço, levando ao grande risco do retorno de doenças imunipreviniveis no pais. O grande desafio se instala para os municípios, monitorar e ampliar a cobertura vacinal de sua população, que vem caindo desde 2016, com o município de Quixadá, não diferentemente dos demais município da região, por motivos comuns, também apresenta esse cenário. Portanto, fazia-se necessário repensar e replanejar as estratégias locais, frente a um dos grandes desafios da saúde pública, manter elevadas as taxas de cobertura vacinal, agindo de forma eficaz na imunoprevenção de doenças.

O Município de Quixadá tem na sua estrutura de rede assistencial, uma maternidade filantrópica conveniada ao SUS, onde mesma é referência obstétrica para a região de saúde. A partir disso outra problemática é vivida pelo município de Quixadá no que diz respeito ao registro de vacinação BCG, pois todas as crianças são vacinadas ainda na maternidade, e esse registro a nível de sistema de informação não era realizado, gerando prejuízos nos dados e indicadores de cobertura vacinal local. É evidente o grande desafio posto para a imunização local, durante um longo período a vacinação era agenda garantida no cotidiano da população, para tanto, um grande momento de instabilidade se instalava na saúde pública, a pandemia do COVID-19, podemos evidenciar que durante a pandemia, foi necessário ressignificar os processos de trabalho, dentre eles a reorganização da APS, sendo necessário priorizar o atendimento as síndromes gripais, algumas ações perderam força, entre elas a rotina de vacinação das crianças, desta forma resultando em baixa adesão e consequentemente refletindo em números baixíssimos nos indicadores das coberturas vacinais. Ainda como problemática podemos elencar a ausência de agentes comunitários de saúde (áreas descobertas), implicando também nessa complexidade de alcance da cobertura vacinal. Outro problema evidente é quantidade de crianças com cartão de vacina atrasado. Isso de alguma forma impacta diretamente nas margens preconizadas na cobertura vacinal. Durante todo o processo de identificação e listagem das crianças foi possível perceber a existência de inconsistências de cadastro populacional, sendo outro fator problema, havendo a vinculação do cadastro das crianças entre os documentos CPF e CNS na atualização do cadastro, visto que avaliando as informações nos dois sistemas utilizados pelo programa, prontuário eletrônico do Cidadão (PEC) para digitação e Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) para avaliação dos indicadores, constatamos que muitas vezes as crianças são cadastradas com CPF e vacinadas com CNS, ou vice versas, tendo como consequência a não contabilização dessas doses impactando para cobertura vacinal. Portanto, ao analisar os indicadores referentes ao ano de 2021, com reflexo destas problemáticas já mencionada o município de Quixadá apresenta índices de cobertura vacinal bastante preocupantes, tais quais 7,13% (BCG); 31,05% (Hepatite B); 31,42% (Poliomielite); 30,05% (Penta); 29,60 (Pneumocócica); 27,93% (Meningocócica);31,78% (D1 – SRC) e 21,09 (D2 – SRC); 28,29% (VORH); 2,11% (Febre Amarela). Desta forma, fora necessárias medidas urgentes para melhor atingir as coberturas vacinais e, por conseguinte ter a população devidamente imunizada.

Nos serviços de saúde, a vacinação de rotina deve ser realizada em conformidade com as normas do PNI, segundo o calendário de vacinação estabelecido pelo Ministério da Saúde. Em vista disso, o município de Quixadá rever seu planejamento e requalifica suas ações na perspectiva de ter sua população com suas vacinas de rotina em dias conforme preconizado. Analisando os relatórios de coberturas vacinais, em março de 2022, foram traçadas algumas estratégias e posta em práticas algumas ações, dentre elas elencamos: – Ações de educação permanente em saúde (EPS) em imunização para equipe de enfermagem das UBs, com vista para atividades da sala de vacinação, pois a mesma deve ser desenvolvida pela equipe de enfermagem, devidamente treinada e capacitada para os procedimentos de manuseio, conservação, preparo e administração e descarte dos resíduos resultantes das ações de imunização. Ainda com ação de EPS um momento especifico foi realizado para fortalecimento e capacitação no que diz respeito a registro de informação no sistema de informação PEC e SIPNI. – Contratação exclusiva de vacinadora para cada unidade de saúde. Chegando a um quantitativo de vinte uma (21) vacinadoras nas UBS. – Desta forma as unidades de saúde da sede do município são informatizadas na perspectiva de melhor realizar os registros nos sistemas de informação da saúde. Ainda com o compromisso de ampliação desta cobertura de maquinas para zona rural, ainda em fase de teste devido a instabilidade de internet. – Monitoramento nominal de todas as crianças até 15 meses, através de formulários apresentados as ESF e distribuídos para busca ativa destas crianças, identificando assim a situação vacinal de todas as crianças, realizando as vacinas em atraso e a partir de então agendamento das vacinas subsequentes com monitoramento mensal das mesmas pela equipe de Coordenação municipal da imunização. – Vinculação do cadastro das crianças entre os documentos CPF e CNS para atualização do cadastro, visto que avaliando as informações nos dois sistemas utilizados pelo programa, PEC para digitação e SIPNI para avaliação dos indicadores, constatamos que muitas vezes as crianças são cadastradas com CPF e vacinadas com CNS, ou vice versas, tendo como consequência a não contabilização dessas doses para cobertura vacinal. – Implantação da digitação das vacinas BCGs na maternidade, a qual é referência para toda região do sertão central e até então, não estava sendo informada no SIPNI as vacinas realizadas. Realizamos busca ativa, através de planilhas próprias de BCG e HB, dos meses de janeiro a março, para resgate dessas informações com o objetivo de inseri-las no sistema. – CARAVANA DA IMUNIZAÇÃO: Durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite e Multivacinação, ocorrida no período de 08 de agosto a 09 de setembro de 2022, utilizamos estratégias de vacinação extramuros, as equipes de saúde realizaram a mobilização territorial e toda uma estrutura foi realizada nas creches, escolas, CRAS e domicílios, profissionais se caracterizaram de personagens infantis, e assim de forma dinâmica e criativa fomos a onde o público alvo estava. – Ampliação do dia e horário de vacinal para atualização da situação vacinal das crianças e adolescentes abrindo as UBS da sede do município, um sábado ao mês para ação exclusiva de vacinação, ampliando e oportunizando a população o acesso deste serviço. – Reuniões mensais com as enfermeiras e vacinadores sobre coberturas vacinais, promovendo feedbacks do resultado das ações realizadas. Entrega dos relatórios de coberturas vacinas e doses aplicadas para as ESF, extraídos do sistema de informação como objetivo de avaliar, acompanhar e traçar novas estratégias de ações a serem desenvolvidas. – Para ampliar a cobertura territorial da ESF o município lançou edital de contratação para novos agentes comunitários de saúde, em fase de seleção, para assim preencher as áreas descobertas e melhor acompanhar e monitorar essa população. Portanto, essas estratégias se consolidam e logo nos apresentam melhores resultados, apresentados a seguir: 87,85% (BCG); 79,32% (Hepatite B); 78,30% (Poliomielite); 79,32% (Penta); 81,22 (Pneumocócica); 79,01% (Meningocócica); 76,16% (D1 – SRC) e 52,88 (D2 – SRC); 78,30% (VORH); 41,52% (Febre Amarela). Vale ressaltar que ao termino da campanha de Poliomielite entre agosto a setembro de 2022, o município atingiu a cobertura de 113,53%.

Neste contexto é possível perceber a influência positiva das estratégias construídas no município, com exponencial aumento da cobertura vacinal, chegando a um aumento de até 60 % dos indicadores de cobertura vacinal. A intensificação da vacinação permitiu a aplicação de inovações locais. Sobretudo houve uma reorganização de fluxos e processo de trabalho bem como ações inovadoras, aproveitadas para o fortalecimento da APS, dos programas de imunização e vigilância epidemiológica local, pilares para a sustentabilidade da eliminação de doenças imunopreviniveis. Esses desafios aqui apresentados e subsequentes colocados em pratica são resultados do somatório do esforço de várias mãos, haja visto que a dinamicidade do fazer saúde necessariamente passar pela integração de muitos parceiros. Até aqui houve sensibilidade e abertura para pôr em pratica essas ações. Portanto, reconhecer a importância da cobertura vacinal para além de dados quantitativos, todavia é o indicativo que as pessoas estão imunes a doenças que muitas vezes não tem cura. Deste modo assumindo o compromisso com a vida da população.

Principal

Ana Valéria Nepomuceno Bezerra Carneiro

ideiasus@gmail.com

Coautores

Ana Valéria Nepomuceno Bezerra Carneiro

A prática foi aplicada em

Todos os Municípios (TO)

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Quixadá

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Esta prática está vinculada a

Projeto ImunizaSUS

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A prática foi cadastrada em

30 ago 2023

e atualizada em

26 set 2023

Início da Execução

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Concluída

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