- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
O bloco fora da casinha é uma experiência que vem sendo realizada há um ano na rede de atenção psicossocial de Bauru. Inspirado em iniciativas artísticas anteriores com grupos de saúde mental da cidade e de outros locais, alguns trabalhadores da rede se uniram e pensaram a proposta de um bloco musical. Foi com o intuito de integrar serviços, profissionais, usuários e familiares da saúde mental do município de Bauru que foi criado o bloco fora da casinha. Nessa proposta, busca-se refletir sobre os princípios da atenção psicossocial e da luta antimanicomial e suas implicações no cotidiano dos usuários, familiares e dos serviços de saúde mental.
Expressar sentimentos, desenvolver novas habilidades, fortalecer e criar vínculos, discutir e promover a inclusão social através da música e contribuir no enfrentamento de estigmas, tanto da sociedade em relação aos usuários como entre esses e os trabalhadores. O bloco é composto por equipe multiprofissional, sendo duas psicólogas, duas terapeutas ocupacionais, uma fonoaudióloga, uma enfermeira e conta com participação de usuários, familiares e estagiários do CAPS AD, CAPS I e Ambulatório Municipal de Saúde Mental de Bauru. Os encontros são quinzenais no CAPS AD e tem duração de uma hora e meia. Iniciam-se com roda de conversa e atividades de musicalização, como aquecimento vocal, exercícios de ritmo, percepção, afinação vocal, respiração correta e musicalidade como um todo. A partir das tradicionais marchinhas de carnaval, são criadas composições que transmitem a luta pelos direitos ao tratamento em liberdade e pela cidadania. São executadas as músicas com instrumentos confeccionados pelo grupo.
O grupo fez sua estreia na Semana da Luta Antimanicomial de Bauru, em 2018, e participou de eventos em universidades, no Centro Cultural de Bauru e na Caravana de Saúde Mental e Direitos Humanos, realizada em Botucatu. É possível observar a integração e parceria entre usuários, familiares e técnicos a partir dos encontros promovidos e a desconstrução de estereótipos. Os usuários relatam sentir alegria, orgulho e satisfação por estarem envolvidos nessa proposta, além de aguardarem ansiosamente os encontros. Este trabalho tem colaborado no processo de transformação e enfrentamento do sofrimento psíquico, com melhora na autoestima, fortalecimento de vínculos e minimização de estigmas quanto ao transtorno mental e o uso de substâncias psicoativas. O bloco fora da casinha tem apresentado outras possibilidades de inserção dos usuários da saúde mental na sociedade e o reconhecimento desses como pessoas capazes de produzir vida, saúde e arte. A integração da Rede de Atenção Psicossocial de Bauru mostra que é necessário superar certas dificuldades específicas dos serviços e construir projetos coletivos para a saúde mental baseados nos princípios da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial.
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