A gestão compartilhada nas oficinas Previne Brasil: a Atenção Primária à Saúde que temos não é a que mostramos

A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser por definição a porta de entrada dos usuários ao Sistema Único de Saúde (SUS). O ano de 2021 foi marcado pelo início da nova gestão municipal, assumindo indicadores péssimos de saúde em cenário de pandemia. As equipes da APS estavam sobrecarregadas, pois além da assistência aos territórios, havia uma demanda muito grande de testagem e ampliação da vacinação a covid-19. Em Volta Redonda temos 46 unidades básicas de saúde da família, dessas apenas 30% são informatizadas. O que prejudica a qualidade do envio direto das informações ao Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab), fonte para o cálculo dos indicadores do programa de financiamento da APS, o Previne Brasil. As fichas do sistema de Coleta de Dados Simplificada (CDS), preenchidas incorretamente e o prontuário eletrônico subutilizado, aliada a alta rotatividade dos profissionais da assistência, e a sobrecarga de trabalho das equipes durante a pandemia, provocaram uma queda nos indicadores do Previne Brasil. Era preciso montar uma estratégia de melhoria desses dados, que apesar das fragilidades mencionadas, não refletiam de fato a realidade municipal. A coordenação da APS se reuniu e propôs a construção de uma oficina para a sensibilização das equipes sobre o impacto dos resultados ruins dos indicadores de saúde. Foram realizadas até o momento 10 oficinas com foco nos profissionais e na qualificação dos registros. Objetivo geral: sensibilizar as equipes de APS para a melhora dos indicadores de desempenho do programa Previne Brasil. Objetivos específicos: fomentar a qualificação dos registros em prontuário eletrônico e nas fichas CDS. Identificar fragilidades para o registro adequado dos dados da produção das equipes.

As oficinas foram projetadas para acontecerem nas unidades básicas de saúde da Família (UBSFs), envolvendo todos os profissionais. Estes se dividem em dois momentos para não prejudicar o fluxo da unidade, na primeira hora e meia participam metade da equipe e logo após a outra metade. O trabalho utiliza a metodologia da aprendizagem reflexiva, onde direcionamos a reflexão na ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. Nos primeiros 30 minutos o condutor da oficina realiza uma exposição sobre o financiamento da APS, registro adequado em prontuário eletrônico e fichas de atendimento, apresenta também, o resultado dos indicadores municipais e daquela unidade, e as consequências da cascata de problemas que a manutenção desse quadro pode gerar. Os profissionais durante o processo, fazem suas colocações, se surpreendem e explanam as dificuldades dentro de suas realidades. Ao final cada participante, faz uma avaliação com uma palavra do processo reflexivo de ensino e aprendizagem.

Nesse sentido, as oficinas levaram as equipes à reflexão sobre o que realmente eles trabalham e o quanto isso não é mostrado pelos indicadores, justamente pela qualidade ruim dos registros. Os profissionais puderam conhecer melhor e entender onde estavam fragilizados. Além disso, os encontros provocaram um resgate ao sentido de trabalho em equipe, maior comprometimento e implicação no processo de melhora, reconhecimento da importância dos pares, entendimento do significado de gestão compartilhada. Cada grupo trabalhou de forma a organizar um plano de trabalho integrado para a melhoria dos indicadores, dentro de sua realidade. Entre as palavras deixadas pelos participantes na avaliação final destacam-se a vontade de voltar no tempo e refazer os registros inadequados, a alegria de estar mais perto da gestão e a clareza sobre o que representam as ações que eles realizam na unidade para a Atenção Básica como um todo no município. Assim, modificar um indicador de saúde sem entender como o processo se desenvolve na ponta, não é possível. As oficinas trouxeram a gestão compartilhada e de forma horizontal, no sentido de mostrar â rede que a APS que temos não é a que mostramos e pode ser ainda melhor do que imaginamos.

Principal

Jussara Moreira de Oliveira

silviarjj@gmail.com

Coautores

Jussara Moreira de Oliveira

A prática foi aplicada em

Volta Redonda

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde

Volta Redonda, RJ, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Sílvia Mello dos Santos

Conta vinculada

04 dez 2015

CADASTRO

18 set 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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