O Painel Saúde Fiocruz é uma solução de software desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que fornece feedback de desempenho aos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) utilizando dados locais.
Contextualização e Justificativa
O projeto nasceu da identificação de um problema central na APS: embora os dados de saúde sejam rotineiramente coletados (em formulários de faturamento, prontuários eletrônicos ou anotações de Agentes Comunitários de Saúde – ACS), eles raramente retornam aos profissionais da linha de frente como informação útil, padronizada e acionável para a tomada de decisões. Essa lacuna de feedback dificulta a continuidade e a coordenação do cuidado, resultando em pacientes que perdem consultas de rotina ou acompanhamentos essenciais (como gestantes ou idosos com doenças crônicas).
Objetivos
O objetivo principal do Painel é transformar dados locais em informações sobre a continuidade do cuidado, permitindo que as equipes entendam a demografia da população que atendem e aprofundem o acompanhamento de grupos específicos, como gestantes e pessoas com hipertensão e diabetes. O propósito final é ir além da melhoria geral de desempenho, visando aumentar a equidade em saúde, melhorando o acesso a cuidados de qualidade e capacitando as equipes a focar nos indivíduos com as necessidades mais urgentes e maior vulnerabilidade, cumprindo a missão de “não deixar ninguém para trás”.
Implementação e Desenvolvimento
O Painel funciona como um painel de controle (dashboard) que roda localmente nos computadores dos profissionais ou gerentes de saúde (Windows ou Linux), sem exigir acesso à internet. O sistema é capaz de analisar dados armazenados em bancos de dados locais (SQL) ou arquivos simples (Excel, CSV).
Seu desenvolvimento levou quatro anos e foi resultado de um processo participativo que incluiu entrevistas, visitas de campo e testes de usabilidade com profissionais e gestores de APS.
O problema que motivou o desenvolvimento do Painel Saúde Fiocruz é a ineficiência e a falta de feedback acionável dos dados locais na Atenção Primária à Saúde (APS). Embora os profissionais gerem diariamente uma riqueza de dados sobre seus pacientes, essa informação fica dispersa, carece de padronização e raramente retorna em tempo hábil para a linha de frente de forma que seja fácil de acessar, analisar e interpretar. Essa dificuldade impede que os profissionais acompanhem de forma eficaz a continuidade do cuidado para toda a sua população, resultando em lacunas cruciais, como a perda de consultas de pré-natal ou o abandono do tratamento por pacientes crônicos. A oportunidade identificada é transformar o dado localmente disponível em inteligência de saúde que empodere as equipes de APS para tomarem decisões baseadas em evidências, direcionando proativamente suas ações para as pessoas e famílias mais vulneráveis, melhorando assim a qualidade e a equidade do cuidado.
A solução foi testada inicialmente (2021-2022) em quatro cidades brasileiras com diferentes níveis de informatização (registros em papel, Prontuário Eletrônico do Ministério da Saúde, soluções proprietárias ou uma mistura), garantindo sua adaptabilidade a diversos cenários da APS no Brasil.
Em 2022 foi premiada pelo Massachusetts Institute of Technology na categoria” soluções sociais para a saúde (MIT Solve). Foi a primeira vez que o Brasil foi premiado na área da saúde. O prêmio sustentou o desenvolvimento até meados de 2024, quando a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde passou a adotar a solução como parte da estratégia e-SUS APS https://sisaps.saude.gov.br/sistemas/painelesusaps/
Ao longo de 2024 e 2025 foram desenvolvidos diversos relatórios temáticos (cadastro, hipertensão, diabetes, saúde da criança, da pessoa idosa, e outros). Cpom a divulgação no Portal e-SUS APS o Painel atingiu centenas de municípios em todo o Brasil.
A partir desse ano de 2025 o Painel deixou de estar vinculado à estratégia e-SUS APS para evitar confusão entre o feedback educacional e outros indicadores oficiais incompatíveis com o uso de dados locais: os indicadores de boas práticas, vinculados a financiamento pelo Ministério da Saúde, e disseminados pelo SISAPS. Continua, contudo, sustentado pela parceria entre SAPS e Fiocruz até 2026, como software livre e oferta opcional para municípios interessados em empoderar as equipes locais para a educação permanente em saúde baseada na ciência de dados do cotidiano.
A principal inovação reside na capacidade do software de vincular múltiplos tipos de registros (cadastros familiares, anotações de ACS, relatórios de consultas) para reconstruir o histórico de saúde e identificar quem precisa de intervenção. Além disso, todo desenvolvimento é realizado em software livre e sustentado pela Plataforma Educare de soluções educacionais abertas do Campus Virtual Fiocruz.
Para que o município passe a utilizar o Painel Saúde Fiocruz, o gestor de tecnologia da informação responsável pelo e-SUS APS deve seguir as instruções no nosso repositório no GITHub: https://github.com/CampusVirtualFiocruz/painel-esus
Após instalado e configurado, o município poderá oferecer aos profissionais de saúde acesso a ferramenta pela sua Intranet, que utilizarão o mesmo login e senha utilizado no PEC e-SUS APS. Está sendo desenvolvida a integração ao login único Fiocruz para possibilitar o uso por municípios com prontuários eletrônicos próprios ou contratados e instalações PEC já integradas ao gov.br.
Caso o município precise de ajuda com a configuração, ou queira estabelecer parcerias com nossa equipe para adaptação do Painel ao cenário local, entre em contato conosco na sessão de questões: https://github.com/CampusVirtualFiocruz/painel-esus/issues
Bio-Manguinhos - Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro - RJ, Brasil
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