O lúdico e a declaração de vacinação elevam coberturas vacinais em Monte Castelo (SC)

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O município de Monte Castelo, segundo o IBGE (censo 2010), possui 8.346 habitantes e está localizado a 402 km da capital Florianópolis em Santa Catarina. A estimativa populacional de crianças e adolescentes abaixo de 14 anos é de aproximadamente 2.250 pessoas, de 15 a 64 anos, 5.139 pessoas e idosos são 770 pessoas. Contudo, se haviam dificuldades em trazer o público adulto para as salas de vacinas, o desafio de trazer o público infanto-juvenil também começou a ser observado nos últimos anos. A crescente repercussão das fake news a respeito das vacinas da covid-19 e o aumento de adeptos aos grupos antivacinas fez com que gestores e coordenadores repensassem como trazer os munícipes para perto deste método tão eficaz de prevenção. A criação de estratégia lúdica para atrair crianças e adolescentes iniciou na VE através de pedido ao Secretário Municipal de Saúde da aquisição de produtos e serviços. A solicitação de uniformes, adesivos e balões personalizados, banners, fantasias, pirulitos, brinquedos e contratação de carro de som foi acatada e através de recursos próprios e portarias específicas referentes à vacinação, como a 526 e 527 foi possível à aquisição para o projeto, cujo montante foram investidos cerca de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Com o passar do ano as campanhas mobilizaram três UBSs, Central, localizada na área central e conta com duas Estratégias Saúde da Família (ESF), Rodeio Grande e Residência Fuck localizadas em área rural com uma ESF cada. Atrelado ao movimento pró-vacina foi elaborado pelo gestor municipal de saúde após conversa com a Coordenação da Atenção Básica e VE, a introdução de documento comprobatório e atualizado de vacinação em setores pertencentes ao atendimento público, dentre eles, assistência social e Secretaria de Educação. Estes solicitavam que as declarações fossem retiradas nas salas de vacinas, após a avaliação do vacinador o documento era emitido ou a aplicação de imunobiológicos em atraso era efetuada. Assim procedeu na Secretaria Municipal de Saúde, onde solicitávamos a declaração, enfatizando sua importância. Deste modo, para que a liberação de exames ocorresse, ou outro agendamento fosse autorizado os munícipes deveriam portar a declaração. Programas como Bolsa Família, acompanhados pela Assistência Social também foram objeto da proposta, conduzindo assim os beneficiários a procurarem as salas de vacinas. Na rede pública de ensino as declarações foram preconizadas no ato da matrícula dos alunos e não mais as cadernetas como ocorria anteriormente. A negação ou resistência dos responsáveis na aplicação de vacinas em menores foram conduzidas pelo Conselho Tutelar, onde a legitimização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) elevavam a reflexão e a responsabilização. Mesmo com dificuldades no convencimento da sua importância na prevenção de doenças, e da legitimidade da portaria do Ministério da Saúde, ECA e dos recursos públicos oriundos de indicadores vacinais, o sucesso obtido foi o aumento considerável de doses aplicadas, quando comparadas há meses anteriores. Observa-se que os montantes utilizados foram irrisórios, porém sua utilização teve enfoque no artístico, ou seja, a presença de cores, música, alegria e entretenimento, promovendo um ambiente acolhedor e alegre, onde sentimentos como medo e insegurança eram substituídos por gargalhadas e descontração. Fazendo com que após a aplicação do imunizante não houvesse a vontade de ir pra casa ou escolher o colo da mãe como consolo, mas sim de tirar a foto com a Frozen ou até mesmo dançar Boaideira com o palhaço. De fato, quando a motivação ocorre ora por parte do gestor, ora por parte dos profissionais, as ações e projetos que visem à promoção da saúde e prevenção de doenças tendem a ser um sucesso. No contexto do projeto ImunizaSUS o município de Monte Castelo tem em seu exemplo uma fortaleza de recursos que podem ser utilizados pelos municípios de todo o Brasil na busca de coberturas vacinais satisfatórias. O primeiro passo é contar com uma gestão parceira de ações, onde o recurso financeiro destinado não seja utilizado erroneamente e a autonomia pelas coordenações se faça de modo a trazer o maior número de aliados na busca dos objetivos as serem alcançados.

Diante dos resultados adquiridos com as estratégias praticadas no ano de 2022, também vale mencionar as dificuldades apresentadas no decorrer do projeto das quais se destacam: • Receio dos Secretários Municipais de Saúde em se indispor com a população; • Falta de conhecimento legal a respeito da legislação sanitária, Estatuto da Criança e do Adolescente e do Estatuto do Idoso; • Inacessibilidade por parte das coordenações aos recursos financeiros destinados às ações de imunização; • Centralização do dinheiro público com vistas aos métodos curativos (média e alta complexidade) e não preventivos; • Motivar profissionais de saúde à métodos criativos e projetos inovadores; • Cientificar a comunidade da importância das vacinas de rotina na prevenção de doenças; • Convencer a população dos direitos e deveres nas questões de saúde, referenciando os programas governamentais e os indicadores exigidos para fins de financiamento (Previne Brasil, Vigilância em Saúde). • Aplicabilidade do projeto pelos setores parceiros como Secretaria de Educação, Assistência Social e Conselho Tutelar, sem que haja intervenção política e desigual. • Manter boa articulação com o setor de compras a fim de que todos os recursos estejam disponíveis no tempo previsto.

As estratégias elencadas para o fortalecimento em nosso município e que possibilitariam a melhoria das coberturas em todas as regiões do Brasil seriam: • Instituir a declaração de vacinação atualizada para serviços públicos de saúde municipais como agendamentos, exames, consultas eletivas, cirurgias eletivas, etc. • Instituir a declaração de vacinação atualizada nos serviços prestados pela assistência social como Bolsa Família, centro de convivência, auxílio moradia, entre outros; • Instituir a declaração de vacinação atualizada na rede pública e privada de ensino para fins de matrícula e rematrícula; • Aliar o conselho tutelar nas omissões dos responsáveis quando há recusa ou resistência à vacinação dos infantes. • Fiscalizar o uso dos recursos através dos governos estadual e federal quando os repasses forem destinados a vacinação; • Instituir premiações aos municípios que tenham melhorias das coberturas e das ações em vacinação; • Promover a divulgação de matérias sobre a história da vacinação no Brasil e no Mundo e a mudança do panorama das doenças; • Ampliar as vacinas no Previne Brasil e outros programas federais.

Conclui-se que as estratégias utilizadas no município de Monte Castelo abrem espaço para discussões da real necessidade de inovar os ambientes que dispõem de vacinação e centrar o usuário do SUS na cientificação dos deveres e obrigações com a sua saúde e da população onde está inserido. O espaço lúdico em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e ambiente escolar em campanhas e rotinas de vacinação possibilita o alcance de metas, garantem ambiente acolhedor e promovem a motivação na equipe, principalmente nas atividades de finais de semana, onde o dia “D” exige a participação contínua, sem intervalo para almoço. A conquista de porcentagens preconizadas pelo Ministério da Saúde através do esforço de cada membro da equipe eleva o município e garantem divulgações em mídias locais, proporcionando destaque às equipes, em especial, aos vacinadores. Vale mencionar, que o gestor de saúde também deve estar engajado nos propósitos das atividades, pois é através deles que as permissões de recursos públicos proveniente de portarias específicas são autorizadas, garantindo a aquisição de materiais, insumos e serviços. A escolha de materiais com longa durabilidade possibilitará a sua utilização nos anos seguintes e provavelmente garantirá que alcançaremos êxito em outras campanhas de vacinação. No ano de 2022 o público infanto-juvenil sorriu e a prevenção de doenças se fez em nosso município. As parcerias firmadas entre diferentes setores públicos promoveu atualização das vacinas de rotina, possibilitando melhorias das coberturas vacinais e dos indicadores (tabela 1). Apesar de o Datasus ainda não contar com todas as coberturas em seus relatórios do ano de 2022, algumas delas foram possíveis e garantiram índices de aplicação 100% a mais que no ano de 2021. Quando analisadas as produções das salas de vacinas antes da solicitação do documento e após sua implantação os dados alcançados chegaram próximo a 300% de aumento no primeiro mês (tabela 2). A repercussão da exigência do documento, fez com que os munícipes procurassem pelas salas de vacinas e atualizassem os esquemas vacinais, que na grande maioria encontravam-se incompletos ou sem o reforço necessário. Fato também observado entre as gestantes cujo imunizante necessário na vigésima semana de gravidez (tabela 3) também apresentava cobertura insatisfatória. Aqueles que se mostravam resistentes à medida anunciada eram informados das portarias, leis e das obrigações que o município teria com as produções exigidas pelo Ministério da Saúde. Ou seja, o poder de convencimento e de sua importância partia de cada equipe e setor. Assim, com a implantação de um único documento foi possível captar o maior número de faltosos em salas de vacinação e garantir a prevenção de doenças na comunidade. Contudo ainda mostra-se desafiante promover a cultura pró-vacinação em tempos de Fake News e onde encontramos grupos de trabalhadores da saúde incentivando o contrário, talvez este sim, seja o maior desafio dos três níveis de governo.

Principal

Djana Paula Matioski Hoepers

Coautores

Djana Paula Matioski Hoepers

A prática foi aplicada em

Monte Castelo

Santa Catarina

Sul

Esta prática está vinculada a

Projeto ImunizaSUS

Monte Castelo, SC, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Conta vinculada

30 ago 2023

CADASTRO

08 set 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

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