- Atenção Primária à Saúde
Bruno Henrique da Silva Ramos
- 13 nov 2024
A política nacional de educação permanente em saúde (PNEPS) instituída em 2004 tem como base promover a transformação das práticas do trabalho em saúde. A educação permanente em Saúde (EPS) em Volta Redonda no âmbito da atenção primária em Saúde (APS) inicia suas ações voltadas a reflexão permanente à realidade ora através dos matriciamentos, ora buscando soluções inovadoras para as capacitações realizadas, utilizando metodologias ativas criativas capazes de provocar maior sensibilização pela aprendizagem colaborativa e significativa. Entende-se que a universidade provoca uma formação uniprofissional, desarticulada com a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), direcionada para o trabalho em equipe. Nesse sentido a educação permanente no serviço precisa atingir a integralidade, vinculando as diferentes profissões em saúde para o cuidado centrado na pessoa, família e território. Este relato de experiência, busca elencar os caminhos traçados pela APS no município de Volta Redonda nos processos de EPS realizados entre 2021 e 2023 para alcançar as necessidades do trabalho no SUS.
Durante este período, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) elaborou protocolos direcionados aos principais temas para o trabalho das equipes de saúde da família, como por exemplo: tuberculose, saúde da criança, doenças crônicas, entre outros. No entanto, o material escrito precisava ser apresentado às equipes de forma pratica favorecendo o trabalho multiprofissional integrado e a corresponsabilização dos processos de ensino-aprendizagem. A equipe técnica precisava inovar trazendo metodologias ativas de alcance que provocassem esse objetivo.
Os treinamentos foram planejados sempre com o olhar da equipe multiprofissional, com convidados estratégicos e especialistas nos temas. Divididos em momentos de exposição e discussão de casos. Além disso, a equipe condutora mantinha sempre a participação da plenária utilizando metodologias ativas como: tarjetas móveis, nuvens de palavras para ressignificação da aprendizagem, vídeos temáticos reflexivos sobre a práxis cotidiana e casos clínicos capazes de dialogar com o trabalho real dos profissionais de saúde dentro da temática abordada.
Além disso, a apresentação dos protocolos teve como publico alvo simultaneamente: médicos, enfermeiros e até mesmo profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf). Entende-se que o trabalho multiprofissional na APS precisa ser provocado, e as profissões em saúde não podem se fragmentar na assistência, e foi um grande diferencial desta experiência. Para a abordagem dos casos clínicos o foco não era unicamente a conduta clinica, foram trabalhadas ferramentas de abordagem familiar e comunitária, planilhas de intervenção sistemática, método clinico centrado na pessoa, projeto terapêutico singular através da simulação da realidade e atuação conjunta dos profissionais de saúde, após discussão em pequenos grupos, eles apresentavam em plenária a condução dos casos. A avaliação realizada ao final da capacitação teve expressiva satisfação dos profissionais de saúde.
Recomendamos que todos os processos de educação permanente envolvam ao final uma avaliação do processo de ensino aprendizagem pelos participantes. Esta experiência ora utilizava nuvem de palavras, ora a metodologia “que bom que, que pena que e que tal que” , o Google Forms com perguntas direcionadas a incorporação do conteúdo implicado a fim de que os profissionais pudessem colaborar com a melhoria dos processos futuros. Além disso, propõe-se também a apresentação das propostas de capacitação dos profissionais de saúde ao Conselho Municipal de Saúde (CMS) para a transparência dos processos de trabalho que são desenvolvidos fora do âmbito laboral.
Por fim, a EPS ganha enfoque no município, de maneira criativa e reflexiva, mobilizando a educação transformadora e universal, voltada a integralidade do cuidado e a equidade dos direitos favorecendo o quadrilátero- ensino-serviço- gestão- controle social. O processo de aprendizagem associado as tecnologias leves disponíveis aliados aos saberes prévios dos indivíduos, às rotinas dos serviços e às complexidades diárias de um trabalho em equipe visa a transformação do modo de ver e fazer saúde, ressignifica os processos e provoca a reflexão das ações para um novo olhar muito mais horizontal sobre o cuidado.
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