Desde a descoberta do vírus HIV, a abordagem no tratamento vem sendo alterada consideravelmente, as novas terapias de antirretrovirais (TARV), possibilitam retardar a evolução da infecção, proporcionando um melhor prognóstico de vida às pessoas que vivem com HIV/AIDS. Porém mesmo com os avanços tecnológicos que proporcionam melhoria e prolongam a qualidade de vida, ainda existem muitos desafios e enfrentamentos, dentre eles podemos citar o preconceito e a falta de conhecimento que podem estar relacionados ao outro e a si mesmo.
Após o diagnóstico de HIV/AIDS as pessoas passam a vivenciar muitos sentimentos que podem gerar angústias, frustrações e um olhar diferenciado sobre sua própria existência. Desta forma , muitos podem reagir negativamente, o que pode contribuir para o surgimento de alterações emocionais, como baixa autoestima, isolamento social, diminuição da libido, sensação de rejeição, aspectos que podem causar sofrimento constante na vida do individuo.
Com o objetivo de proporcionar aos usuários, um espaço de escuta e acolhida, para que os mesmos possam falar sobre as questões vivenciadas a partir do diagnóstico, bem como contribuir na reorganização de possíveis conflitos, sofrimentos e demais sentimentos que interferem em suas vidas. A formação deste grupo pretende contribuir para a compreensão, reflexão e discussão sobre os aspectos psicossociais que envolvem ser soropositivo.
A construção de um abordagem em grupo sempre foi um desafio, pois o perfil dos usuários do serviço sempre foi de receber atendimentos individualizados.
Para atender esta demanda, os profissionais do SAE, foram capacitados, através do Grupo de Desenvolvido Humano – GDH –Serviço de formação de grupos, baseados nas politicas públicas, com finalidades terapêuticas. Receberam esta formação as profissionais Psicóloga e Assistente Social do SAE, no período de 2016 à 2020. A formação foi oferecida pela Secretaria da Saúde do município de Chapecó, sendo conduzida pelo psiquiatra, Dr. Flávio Freitas.
Para desenvolver o grupo, foi utilizada a técnica de grupo operativo, baseado na teoria psicanalítica, que consiste em um trabalho cujo objetivo é promover um processo de aprendizagem para os sujeitos envolvidos. Aprender em grupo significa uma leitura crítica da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas inquietações (Pichon Revière).
Desde o inicio do grupo até os dias atuais, percebemos um avanço muito grande, nas pessoas que se desafiam a participar desta abordagem. O grupo possibilita a melhor adesão ARV, ampliação dos relacionamentos interpessoais, melhor autoconhecimento e aceitação do seu diagnóstico.
Ao se deparar com pessoas que também convivem com o vírus, desenvolvem algo muito grandioso dentro de si, ampliando um olhar sobre seus aspectos emocionais, desenvolvendo empatia e percebendo que os problemas enfrentados muitas vezes não são somente seus. O grupo é como um espelho, que pode refletir suas ações através do outro, auxiliando um crescimento mútuo.
Trabalho com o grupo é sempre desafiador para o profissional e para os demais membros, é necessário desenvolver estratégias de intervenções que possibilitem principalmente um espaço de escuta e acolhimento. As pessoas tem bastante dificuldade em falar de si, muitas vezes projetam o preconceito na sociedade, não conseguindo fazer um movimento de olhar para dentro. O grupo trabalha neste sentido, que a pessoa que vive com HIV/AIDS, precisa inicialmente aprofundar este diálogo consigo mesmo, sobre seus preconceitos e olhares sobre contrair o vírus, e a partir disto provocar mudanças de comportamento. A coordenação do grupo vai desenvolver abordagem que possibilite este contato real e permita o crescimento em todos os sentidos.
Rua Jorge Lacerda, 75 - Centro, Chapecó - SC, Brasil
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