A ONU define juventude como a fase entre 15 e 24 anos, ao passo que a OMS define adolescente como o indivíduo entre os 10 e 19 anos de idade. A experiência é realizada por uma Equipe que funciona à tarde com 4.158 pessoas cadastradas, 600 adolescentes, com 54,17% masculino, 0,66% não frequenta escola, 70,17% pardos, 2,66% acima do peso, 1,33% com baixo peso, 04 gestantes, 01 hipertenso e 04 com transtorno mental. Apesar da quantidade expressiva de adolescentes cadastrados observa-se a pouca frequência destes no serviço de saúde, principalmente para ações de promoção e proteção à saúde. Assim decidiu-se criar o Ambulatório de Sexualidade em Saúde do Adolescente como espaço exclusivo e direcionado para adolescentes, estratégia de promoção e proteção, de caráter permanente e porta aberta para garantir o acesso e acessibilidade ao serviço de saúde. Atendimento realizado em 2 momentos: na sala de espera é realizada antropometria, avaliação dos cartões de vacina e vacinação, além de atividade educativa para os adolescentes e pais presentes; em seguida é realizada consulta com privacidade necessária para que o adolescente sinta segurança em falar dos seus problemas, dúvidas, queixas principais e procedimentos como solicitação de exames e encaminhamentos. Em 2024 foram atendidos 128 adolescentes (média de ±10,67 por mês), 55% de 10 a 14 anos e 45% de 15 a 19 anos, 52% Masculino, 42,97% de cuidado continuado, 53,23% com retorno para cuidado continuado, 30,11% com agendamento para grupos, 13,44% de encaminhamento para serviço especializado, 867 exames solicitados e 204 avaliados, 77 pessoas vacinadas (60,16%). Observou-se frequência maior do público masculino, atenção em relação aos temas discutidos, interesse pela atualização vacinal, curiosidade por novos conhecimentos e desejo de participar de novos encontros. Conclui-se a importância do ambulatório para adolescentes como sendo um ambiente exclusivo para eles além do fortalecimento do vínculo com a Equipe de Saúde.
O Ministério da Saúde segue a convenção elaborada pela Organização Mundial da Saúde que considera a adolescência dos 10 aos 19 anos, 11 meses e 29 dias, e a juventude acontece entre 15 e 24 anos. Isso significa que os últimos anos da adolescência se misturam com os primeiros anos da juventude.
Adolescentes são sujeitos de direitos e precisam ser tratados com prioridade nas políticas de saúde. O SUS, alinhado ao ECA, deve garantir o direito à vida e à saúde de crianças e adolescentes. Isso significa que devem receber atenção integral à saúde, que pressupõe o acesso universal e igualitário aos serviços em todos os âmbitos de atenção, de forma integral e integrada.
A adolescência faz parte do processo contínuo de crescimento humano e é marcada por um processo complexo de mudanças físicas, emocionais e sociais. Por isso, é fundamental que profissionais de saúde acompanhem essa fase, considerando influências do ambiente e das características individuais. Esses fatores podem modificar, interromper ou reverter os fenômenos que caracterizam a puberdade.
A experiência é realizada pela Equipe 06 da UBS Santa Maria da Codipi localizada no bairro de mesmo nome, na zona Norte e periférica da cidade de Teresina, com população em vulnerabilidade social. A Equipe possui 658 adolescentes, entre 10 e 19 anos, com 52,58% masculino e 47,42% feminino, 0,76% não frequenta a escola, 33,13% de 5ª a 8ª série, 0,46% com nível superior, 73,25% de pardos, 2,58% acima do peso, 1,22% com baixo peso e 4 gestantes (0,6%).
Apesar da quantidade expressiva de adolescentes cadastrados na área observa-se a pouca frequência destes no serviço de saúde, principalmente para ações de promoção e proteção à saúde. Diante desta realidade, decidiu-se criar um espaço exclusivo e direcionado para as necessidades dessa população na forma do Ambulatório de Sexualidade de caráter permanente e de porta aberta para garantir o acesso e acessibilidade dos adolescentes ao serviço de saúde.
Dessa forma, pretende-se relatar a implantação do Ambulatório de Sexualidade em Saúde do Adolescente (ASSA) que que tem proporcionado um cuidado ampliado à saúde do adolescente masculino, garantindo a acessibilidade e o acolhimento, ações de saúde sexual e saúde reprodutiva, prevenção ao uso de álcool e outras drogas, promovendo a melhoria das condições gerais de saúde da população adolescente.
O primeiro passo foi reunir a Equipe para o estudo dos indicadores da APS e as necessidades da Comunidade. Percebeu-se que havia pouca procura dos adolescentes por ações de promoção e proteção à saúde, assim decidiu-se criar um espaço atrativo para o público e com o aumento de vínculo com a Equipe de forma que o adolescente possa se sentir acolhido e aumente seu interesse por questões de saúde e sexualidade. A Equipe decidiu estabelecer um dia fixo de atendimento como rotina, com demanda livre, sem necessidade de agendamento prévio e com o mínimo de empecilhos possível para garantir a presença do adolescente.
O atendimento é realizado pela Enfermeira da Equipe, que é Especialista em Sexologia e Sexualidade Humana, em 2 momentos: um na sala de espera para otimização do espaço, onde é realizada a antropometria, avaliação dos cartões de vacina e se for preciso vacinação além de atividade educativa para os adolescentes e pais presentes; um segundo momento é realizado no consultório com a privacidade necessária para que o adolescente se sinta seguro em falar dos seus problemas dúvidas medos aflições queixas principais e procedimentos necessários como exames e encaminhamentos.
Durante a realização da atividade coletiva as agentes de saúde se fazem presentes para aumentar o vínculo entre estas e a população, absorverem as informações explanadas, para unificar o discurso da Equipe em relação à temática da sexualidade, melhorando os resultados e garantindo a efetivação do projeto.
No Projeto são realizadas ações preventivas, com avaliação antropométrica (peso e altura), vacinação, atividades de educação em saúde, atendimento de Enfermagem, solicitação de exames e encaminhamento quando necessário. Tem a finalidade de atuar na redução do índice de gravidez na adolescência e prevenção ao uso de drogas, além de tratar de vários temas relacionados à puberdade, dúvidas próprias desse período da vida e realização de ações de proteção em saúde. A abordagem desses temas é feita tanto em grupo quanto durante o atendimento individual. Os pais também são convidados a participar e são bem-vindos para entenderem do que se trata o Ambulatório e se apropriarem das informações para que o debate sobre sexualidade continue no ambiente domiciliar.
Os dados referentes a execução e acompanhamento do projeto são retirados do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) visto que todos as consultas e procedimentos realizados, bem como as atividades coletivas e vacinação, são registrados oportunamente. O Projeto funciona e se mantém basicamente fundamentado na proatividade e empenho da Equipe visto que demanda o ajuste na agenda da Equipe para encaixar de forma permanente os encontros do Grupo. Para a manutenção do projeto, a equipe sempre se reúne para o planejamento das ações, adequação de atividades e demandas dos adolescentes. A gestão da FMS garante a autonomia e liberdade da Equipe para realizar seu planejamento; garantindo assim a execução do Projeto em todos os meses do ano letivo. Sempre que possível a FMS também divulga em suas redes sociais os resultados do Projeto.
O ASSA teve sua primeira edição dia 24/04/23, à tarde, no auditório da UBS com a participação de 8 adolescentes, com idades entre 08 e 17 anos. Em 2024 nas 12 edições do Projeto foram atendidos 128 adolescentes (média de ±10,67 por mês), que provavelmente estariam invisíveis ao sistema de saúde, 55% de 10 a 14 anos e 45% de 15 a 19 anos, 52% Masculino, 42,97% de cuidado continuado, 53,23% com retorno para cuidado continuado, 30,11% com agendamento para grupos, 13,44% de encaminhamento para serviço especializado, 867 exames solicitados e 204 avaliados, 77 pessoas vacinadas (60,16%) com 64 imunobiológicos: 11 febre amarela, 11 tríplice viral, 10 dupla adulto, 10 HPV, 9 Influenza, 8 Hepatite B e 7 meningocócica ACWY.
Pode-se observar que existe o interesse do público adolescente em participar das atividades de educação em saúde, no entanto por falta do convite ou espaço adequado muitas vezes essa participação não é efetiva. Durante a realização das atividades observou-se a frequência maior do público masculino, a atenção dos jovens em relação aos temas discutidos, o interesse pela atualização vacinal, a curiosidade por novos conhecimentos e o desejo de participar de novos encontros. O formato de roda de conversa utilizado se mostrou eficaz para os adolescentes ficarem confortáveis e dar opiniões, fazer questionamentos, contar seus relatos e tirar dúvidas.
Com a manutenção do Projeto na rotina permanente da Equipe a presença dos adolescentes tem se tornado constante e cada vez mais participativa. Os pais presentes também têm se mostrado interessados tanto em adquirir conhecimentos novos em relação à sexualidade quanto em propiciar ações de proteção à saúde aos seus filhos, transformando-se em parceiros no processo de coordenação do cuidado.
Diante dessa realidade, observou-se que a organização da agenda e a garantia do livre e exclusivo acesso à população adolescente, em especial a masculina, é uma estratégia eficaz para efetivação da proteção da saúde desse grupo específico e de difícil manejo e um momento ideal para prevenção de doenças e orientações de saúde.
Os benefícios e impactos do projeto foram evidentes, tanto para a saúde quanto interação social dos adolescentes. É uma iniciativa que depende apenas da organização interna da Equipe e adequação da agenda para efetivar a garantia de acesso e continuidade do cuidado. O Projeto pode ser facilmente replicado em outras realidades, pois é uma estratégia que gera impacto positivo na promoção da saúde, é pouco onerosa para a gestão e é possível ser implantado em qualquer realidade do serviço de saúde.
UBS Santa Maria Da Codipi - R. Raimundo Dorotéia, S/N - Santa Maria, Teresina - PI, 64012-450, Brasil
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