Considerando o aumento do índice de gestantes de alto risco cadastradas na ESF Rita de Souza no município de Assunção (PB), verificou-se a necessidade de estabelecer o uso da ficha de estratificação de risco gestacional durante todas as consulta de pré-natal realizadas na unidade de saúde como instrumento de classificação de risco, avaliação esta executada pela enfermeira da unidade desde o mês de março de 2023 até os dias atuais, possibilitando que as gestantes tenham a atenção certa, no lugar certo, com qualidade certa; contribuindo para assegurar a qualidade da assistência e direcionar a gestão do cuidado compartilhado, visando a redução da mortalidade materna.
O objetivo geral da pratica é realizar vigilância contínua durante o período gestacional das mulheres cadastradas na ESF Rita de Souza utilizando estratégias da Atenção Primária à Saúde para qualificar e direcionar o cuidado compartilhado, diminuindo os índices de mortalidade materna. E como objetivos específicos temos, identificar precocemente os fatores de riscos relacionados às características individuais das gestantes vinculadas na área de abrangência da ESF Rita de Souza; melhorar a qualidade do acesso aos serviços de referência de pré-natal de alto risco; assegurar o desenvolvimento saudável da gestação.
Sabendo que a porta de entrada do serviço de saúde pública é a Atenção Primária à Saúde, e que ela é capaz de fazer o elo entre toda rede de cuidado de atendimento do SUS, vemos a importância de manter um processo de trabalho bem elaborado e construído com outras redes de apoio, principalmente quando falamos de pré-natal e redução de mortalidade materno. Nesse cenário a atuação da equipe multidisciplinar da Estratégia de Saúde da Família em conjunto com a Equipe da Atenção Especializada, viabilizam condições de promoção e prevenção da saúde, potencializando um cuidado integral e com maior resolutividade na saúde da gestante permitindo um olhar ampliado, responsabilidade compartilhada, e propiciar desfechos favoráveis no pré-natal, parto e puerpério.
O intuito dessa pratica é ter uma atenção dinâmica e contínua com relação a evolução da gestação, identificando precocemente fatores de risco relacionados às características individuais da gestante, condições socioeconômicas e familiares, antecedentes obstétricos clínicos e morbidades de risco atual, sejam elas obstétricas e ginecológicas. Todas essas informações são adquiridas através do Instrumento de classificação de risco gestacional na Atenção Primária à Saúde, aplicado pela enfermeira e realizado em todas as consultas de pré-natal realizadas na ESF. Com essa linha de cuidado objetiva-se definir os riscos obstétricos precocemente, possibilitar o atendimento certo, e o encaminhamento adequado em tempo oportuno, ofertando a esta mulher uma assistência de qualidade, durante o ciclo gravídico-puerperal.
Cabe ressaltar que a ESF Rita de Souza apresenta elevado número de gestações de alto risco, sendo a doença hipertensiva da gestação, diabetes gestacional e obesidade as morbidades mais prevalentes, além disso existe um considerável número de gestantes com sobrepeso. As gestantes em situações de alto risco exigirão, além do suporte no seu território com abordagem multiprofissional, cuidados de equipe de saúde especializada. Esse cuidado, ainda que compartilhado, deve continuar a ser ofertado por ambas redes de cuidado, reduzindo a probabilidade de novas intercorrências e permitindo a melhoria nos resultados dos indicadores de mortalidade materna.
O pré-natal representa uma janela de oportunidade para que o sistema de saúde atue integralmente na promoção e prevenção da saúde das mulheres. Dessa forma, a atenção e o cuidado prestado deve ser qualificado de acordo com o risco gestacional, o objetivo da estratificação de risco gestacional é predizer quais mulheres têm maior probabilidade de apresentar intercorrências durante a gestação. Após a realização da estratificação de risco gestacional na ESF Rita de Souza durante todas as consultas de pré-natal, conseguimos observar uma melhoria no fluxo da marcação nas consultas para o pré-natal de alto risco, agilidade na marcação de exames, facilitando o rastreio para pré-eclâmpsia e a nossa conduta enquanto APS onde podemos iniciar a profilaxia em tempo oportuno de pré-eclâmpsia na maior parte dos casos (onde já encaminhamos a gestante para o PNAR com a profilaxia iniciada e fornecida pela farmácia básica do município), maior clareza no diálogo com o suporte da rede cegonha quando necessário realizar o compartilhamento do cuidado com esse apoio, e quando por ventura a gestante requer uma assistência imediata de urgência/emergência, com a aplicabilidade da ficha de estratificação de risco gestacional o direcionamento do cuidado fica de forma mais acessível e clara, de maneira que essa gestante possa ser acolhida rapidamente. Todo esse processo serve como um dos fatores determinantes para a redução das mortes maternas, onde a maior parte são de causas evitáveis.
A estratificação de risco gestacional busca que cada gestante receba o cuidado necessário às suas demandas, por equipes com nível de especialização e de qualificação apropriados. Tais predições podem ser usadas para otimizar os recursos em busca de equidade no cuidado de maneira que se ofereça o atendimento necessário para quem precisa dele, evitando assim intervenções desnecessárias e concentrando os atendimentos/recursos para quem mais precisa dele. Após a estratificação de risco gestacional e direcionamento do cuidado, a ESF Rita de Souza preconiza que todas as gestantes de alto risco mantenham o seguimento na unidade de saúde de origem, visto que a unidade de referência da APS deve ser a responsável pelo acompanhamento longitudinal dessa gestante. Durante o compartilhamento do cuidado é fundamental que entre as redes da assistência de pré-natal a referência e contrarreferência seja contínua e eficiente, mas nem sempre vemos isso acontecer. Pois, isso contribuiria potencialmente para assegurar a integralidade da assistência de todas as gestantes que tivessem sendo acompanhadas em conjunto com a Atenção Primária e o pré-natal de alto risco com vistas à redução da mortalidade materna, impactando positivamente nesse indicador.
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