860
Safe use of medicinal plants in diabetes mellitus
Flavia Nemezio Mariorro
flavia.mariotto@campinas.sp.gov.br
Brazil
Uso seguro de plantas medicinais no diabetes mellitus
Descrição

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde e suas ações visam promover saúde, prevenir doenças, diagnosticar, tratar, reabilitar, reduzir danos e manter a saúde da população. Assim, a APS desempenha papel importante na prevenção de algumas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) prevalentes na população, como o Diabetes Mellitus (DM).
Sabe-se que a população brasileira valoriza a cultura popular, especialmente o conhecimento sobre Plantas Medicinais, utilizando-as no tratamento e prevenção de doenças e enfermidades, inclusive o DM. As plantas medicinais possuem grande potencial farmacológico e são aliadas da população. Entretanto, seu uso incorreto pode ocasionar problemas de saúde, interações medicamentosas e até reações tóxicas mais graves.
O uso de plantas medicinais com finalidade curativa é uma das formas de tratamento mais antigas conhecidas pela humanidade. Está relacionado ao início da medicina e da farmácia e fundamenta-se no acúmulo de informações transmitidas e aprimoradas de geração em geração. Ao longo dos séculos, as plantas medicinais foram a base para o tratamento e a prevenção de diversas doenças (1). A cultura, a valorização do saber popular e a vasta biodiversidade justificam a grande procura por plantas medicinais no Brasil, onde aproximadamente 82% da população utiliza preparações e produtos derivados delas (2). As políticas públicas e legislações relacionadas às plantas medicinais e fitoterápicos avançaram após a publicação da Portaria nº 971 de 3 de maio de 2006 pelo Ministério da Saúde, que instituiu o Decreto nº 5.813 de 22 de junho de 2006, estabelecendo a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (3,4).
O objetivo deste trabalho foi elaborar material educativo em formato de folder sobre o uso seguro de plantas medicinais no DM, a ser entregue a usuários com essa condição crônica em atendimentos individuais e coletivos.
Foram listadas três plantas medicinais amplamente utilizadas no tratamento do DM: alho (Allium sativum), melão-de-são-caetano (Momordica charantia) e pata-de-vaca (Bauhinia forficata ou variegata). Essas três plantas foram escolhidas por serem de fácil acesso e amplamente conhecidas.

Problemas abordados

A decisão de criar o folder sobre plantas medicinais surgiu a partir da aproximação com a população do Centro de Saúde, durante atendimentos individuais e em grupo de usuários em tratamento de diabetes. Muitos associavam alguma planta medicinal ao tratamento prescrito e, após o uso concomitante, interrompiam a medicação alopática por acreditarem que estava lhes “fazendo mal”. O tratamento convencional do DM é ofertado gratuitamente pelo SUS em todo o país. No entanto, nem sempre é simples gerenciar a farmacoterapia e o controle da doença, pois isso depende de fatores diversos, como: adesão ao medicamento (seja oral e/ou subcutâneo, no caso da insulina), disponibilidade de fármacos na rede e até o nível de compreensão do paciente e de sua família em relação ao tratamento em curso.
Sabe-se, porém, que muitos pacientes buscam outras opções de tratamento, especialmente entre a população idosa. O Brasil é um país de múltiplas culturas e tradições, e entre elas se destaca o uso de Plantas Medicinais. É essencial acolher e valorizar esse saber, pois foi muitas vezes ele que levou a ciência a descobrir novos tratamentos e até curas por meio de compostos químicos encontrados nas plantas.

Resultados (opcional)

Recomendações ou Desafios

Atualmente, oferecer atendimento qualificado à população é um grande desafio, sobretudo aos portadores de DM, que demandam múltiplas ações de controle, visto que é uma doença de alto custo para o indivíduo, a família e o SUS. Os impactos em suas vidas não se limitam ao aspecto financeiro. Quanto mais descompensado o DM, maiores os custos diretos de seu tratamento, devido às complicações relacionadas, que muitas vezes podem ser reduzidas, retardadas ou até evitadas com o tratamento adequado, proporcionando melhores condições de vida aos portadores.
Existem estudos e evidências científicas que comprovam a eficácia e a segurança do uso de plantas medicinais, inclusive para o DM. Contudo, potenciais interações entre medicamentos alopáticos e plantas podem ocorrer. Ressalta-se a importância de os profissionais serem capacitados e conhecerem as plantas mais utilizadas pela população, para orientar sobre seu uso seguro e também sobre os riscos, buscando minimizar interações medicamentosas e contribuir para o uso racional tanto das plantas quanto dos fármacos alopáticos. Isso favorece a adesão ao tratamento do DM e melhora a qualidade de vida dessas pessoas.
O uso de plantas medicinais com fins terapêuticos sem supervisão profissional representa risco à saúde da população. É fundamental que os serviços ofereçam aos seus profissionais capacitação e orientação sobre o tema, por meio de educação permanente, assim como educação em saúde para os usuários. Talvez o maior desafio dos profissionais de saúde hoje em relação ao uso de Plantas Medicinais seja este: conhecer, compreender e não julgar nem afastar os pacientes de suas tradições e crenças.

Palavras-chave
Safe use of medicinal plants in diabetes mellitus
Description

Primary Health Care (PHC) is the main gateway to the Unified Health System and its actions aim to promote health, prevent diseases, diagnose, treat, rehabilitate, reduce harm and maintain the health of the population. Therefore, PHC plays an important role in the prevention of some Chronic Non-Communicable Diseases (CNCD) prevalent in the population, such as Diabetes Mellitus (DM).
We know that the Brazilian population values ​​popular culture, especially knowledge of Medicinal Plants, and uses them to treat and prevent some diseases and illnesses, including DM. Medicinal plants have great pharmacological potential and are allies of the population. However, their incorrect use can cause health problems, drug interactions and even more serious toxic reactions.
The use of medicinal plants focused on healing is one of the oldest forms of treatment known to mankind. It is related to the beginning of medicine and pharmacy and is based on the accumulation of information passed down and improved from generation to generation. Over the centuries, medicinal plants have been the basis for the treatment of various diseases and prevention (1). Culture, the appreciation of popular knowledge, and the vast biodiversity justify the great demand and demand for medicinal plants in Brazil, where approximately 82% of the population uses preparations and products based on medicinal plants (2). Public policies and legislation related to medicinal plants and phytotherapeutics have advanced after the publication of Ordinance No. 971 of May 3, 2006 by the Ministry of Health, which instituted the Decree No. 5,813 of June 22, 2006, which established the Medicinal Plants and Phytotherapeutics Policy (3,4). The objective of this work was to prepare educational material in the form of a folder on the safe use of medicinal plants in DM to be given to users with this chronic condition in individual and group care.
Three medicinal plants widely used for the treatment of DM were listed: garlic (Allium sativum), bitter melon (Momordica charantia) and pata de vaca (Bauhinia forficata or variegata). These three plants were chosen because they are easily accessible and widely known.

Problems Addressed

The decision to create a folder on medicinal plants was made after approaching the population of the Health Center, in individual and group care for users undergoing treatment for diabetes. Many of them associated some medicinal plant in addition to the prescribed medication and after concomitant use, they discontinued the allopathic medication because they believed it was “doing them harm”. Conventional treatment for DM is offered free of charge by the Unified Health System throughout the country. However, it is not always easy to manage pharmacotherapy and control, as this depends on numerous factors, such as: medication adherence (whether oral and/or subcutaneous, in the case of insulin), the availability of medications in the network and even the level of understanding of the patient and their family regarding ongoing treatment. However, we know that many patients seek other treatment options, including the elderly population.
We know that Brazil is a country with numerous cultures and traditions, and among them the use of Medicinal Plants stands out, and it is important to welcome and value this knowledge and practices, as it was often they that led science to discover new treatments and even cures through chemical compounds found in plants.

Results (optional)
Recomendations or Challenges

It is currently a great challenge to offer qualified care to the population, especially to DM sufferers who require multiple actions to control it, since it is a costly disease for the individual, the family and the SUS. The impacts on their lives are not only financial. However, the more decompensated the DM, the higher the direct costs of its treatment due to complications related to the disease, which can often be reduced, delayed and even avoided with proper treatment, giving sufferers better living conditions.
There are studies and scientific evidence that prove the efficacy and safety of using medicinal plants, including for DM. Therefore, we also know that potential interactions between allopathic medicines and plants can occur. It is important to highlight the importance of professionals being trained and familiar with the medicinal plants most used by the population in order to provide guidance on their safe use and also their risks, seeking to minimize drug interactions and contribute to the rational use of both plants and allopathic medicines, and contribute to adherence to DM treatment and the quality of life of these people.
The use of medicinal plants for therapeutic purposes without the supervision of a health professional results in a potential danger to the population. It is important that services offer their professionals training and guidance on the subject through ongoing education and health education for users. Perhaps our greatest challenge as health professionals today regarding the use of Medicinal Plants is this: to know, understand and not judge and distance patients from their traditions and beliefs.

Keywords
unblocked games + agar.io