Síntese de evidências para o enfrentamento do HIV/Aids em adolescentes e jovens

De acordo com o Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas (Unicef), mundialmente, os adolescentes e jovens corresponde uma fração em crescimento de pessoas que vivem com HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), é nessa faixa etária que está a metade das infecções pelo HIV mundialmente. Em 2023, a cada semana, 4 mil adolescentes e jovens mulheres de 15 a 24 anos foram infectadas pelo HIV no mundo. A prevenção combinada do HIV é uma estratégia que integra diferentes abordagens biomédicas, comportamentais e estruturais, aplicadas tanto no nível individual quanto nas relações interpessoais e nos grupos sociais. Essa abordagem busca atender às necessidades específicas das populações-alvo, considerando as formas de transmissão do vírus e promovendo ações adequadas ao contexto de cada indivíduo. Neste sentido, o objetivo dessa estudo é avaliar os benefícios das intervenções comportamentais, biomédicas e estruturais na prevenção do HIV entre adolescentes e jovens, com ênfase na promoção da prática sexual segura e na redução da exposição ao vírus. Trata-se de uma síntese de evidências sobre intervenções comportamentais, biomédicas e estruturais para prevenção do HIV em adolescentes e jovens, onde foram incluídos artigos em textos completos com nível de evidência 1 (revisão sistemática e metanálise), publicados nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa e que abordasse temática. Não foi estabelecido um recorte temporal específico, permitindo assim a inclusão do maior número possível de publicações. A coleta de dados dos estudos foi identificada por meio das seguintes variáveis: código do artigo, autor(s), ano de publicação, país onde o estudo foi realizado (quando presente), objetivos e benefícios da intervenção. Os resultados dos estudos foram classificados de acordo com o tipo de intervenção, sendo categorizados em Intervenções Comportamentais, Intervenções Biomédicas e Intervenções Estruturais. Sendo elaborado três opções para enfrentar o problema de pesquisa. Foram selecionadas 44 evidências que analisam os benefícios de intervenções biomédicas, comportamentais e estruturais para reduzir os riscos de exposição ao HIV e promover práticas sexuais seguras nos adolescentes e jovens, ao modificar fatores individuais, sociais, econômicos e ambientais. Em relação as intervenções comportamentais, as intervenções em escola, por pares, em família e mídias sociais aumentam o conhecimento sobre HIV e reduzem os comportamentos de risco associados, sendo que as intervenções familiares promovem uma melhor comunicação entre pais, adolescentes sobre sexualidade e prevenção do HIV e as mídias favorecem também a realização de testes para HIV e adesão ao tratamento dos adolescentes e jovens com HIV. Sobre as intervenções biomédicas, como a profilaxia pré e pós exposição, o uso de preservativos, circuncisão médica masculina voluntária, testagem e uso de antiretrovirais associadas as estratégias comportamentais, mostraram-se eficazes na prevenção e controle do HIV entre adolescentes e jovens. Essas intervenções precisam ser desenvolvidas reconhecendo as demandas específicas dos jovens, valorizando fatores como adesão, cultura e acessibilidade. As intervenções estruturais, como programas educacionais, incentivo financeiro e campanhas de conscientização, são essenciais para transformar os fatores sociais, econômicos e ambientais que expõe o adolescente e jovem ao risco de infecção pelo HIV. As evidências indicam que ações de prevenção eficazes exigem abordagens interseccionais, territoriais e centradas nos direitos humanos. Os programas de prevenção do HIV para adolescentes e jovens mais eficazes compartilham procedimentos comuns que incluem educação sexual ampla, desenvolvimento de habilidades pessoais, incentivo a autoeficácia, participação ativa e uma abordagem cultural adaptada. Esses elementos são indispensáveis para o. sucesso de programas de prevenção do HIV em adolescentes e jovens.

É imprescindível que haja mudanças nos paradigmas da sociedade em relação a prevenção do HIV em adolescentes e jovens e suas práticas sexuais, em um mundo onde a sexualidade aflora precocemente. Enfatiza-se a relevância da educação sexual na prevenção do HIV/Aids, promovendo práticas sexuais mais seguras e conscientes entre os jovens. Neste contexto este estudo busca elucidar a seguinte pergunta: Quais os benefícios dos programas de educação sexual na promoção de comportamentos sexuais seguros e redução do HIV em adolescentes e jovens?

As intervenções biomédicas, como profilaxia pré e pós exposição ao HIV uso de preservativos, uso regular de antirretrovirais e circuncisão médica masculina voluntária, são intervenções importantes e traz benefícios na prevenção do HIV nos adolescentes e jovens. Em relação ao PreP e PEP, nota-se uma escassez de evidências nas bases pesquisadas sobre esses métodos direcionados a adolescentes e jovens. Ressalta-se também, a importância do desenvolvimento de estudos sobre o uso de preservativo interno entre adolescentes e jovens. A adesão, o acesso e a aceitação social das intervenções biomédicas continuam a ser desafios importantes, por isso é necessário um processo adaptativo aos fatores locais, valorizando os contextos culturais e organizacionais próprios da comunidade onde os adolescentes e jovens estão inseridos. As evidências sugerem que abordagens combinadas e integradas podem ser eficazes na prevenção do HIV para essa faixa etária.
As intervenções comportamentais relacionadas as escolas, educação por pares, família e mídias sociais demonstram benefícios significativos na prevenção do HIV entre adolescentes e jovens. Intervenções escolares oferecem uma plataforma estruturada para disseminar informações precisas sobre HIV e promover comportamentos seguros, aumentando a conscientização e o conhecimento entre os jovens. A educação por pares é eficaz em criar um ambiente de aprendizado interativo e confiável, onde os adolescentes e jovens se sentem mais à vontade para discutir e aprender sobre práticas preventivas, resultando em mudanças positivas de comportamento. As intervenções familiares fortalecem a comunicação entre pais e filhos, promovendo um ambiente de apoio e segurança que facilita discussões sobre saúde sexual e prevenção do HIV. Esse apoio familiar é crucial para a adesão às práticas preventivas. Por fim, as mídias sociais ampliam o alcance das informações educativas, permitindo a disseminação rápida e acessível de conteúdo sobre prevenção do HIV. As campanhas em redes sociais podem desmistificar conceitos errados e reduzir o estigma, incentivando os adolescentes e jovens a adotarem comportamentos seguros e a buscar serviços de saúde sexual, porém é fundamental que essas informações sejam seguras e confiáveis.
Em relação as intervenções estruturais são essenciais para a prevenção do HIV em adolescentes e jovens, pois abordam os determinantes sociais e econômicos que influenciam o risco de infecção. As intervenções estruturais analisadas nesse estudo demonstram que ações integradas, como programas educacionais, transferências de dinheiro, empoderamento econômico e mudanças nas políticas públicas, são eficazes na promoção de comportamentos seguros e na redução das desigualdades que aumentam a vulnerabilidade ao HIV. Intervenções estruturais bem planejadas e culturalmente adaptadas podem ser eficazes na prevenção do HIV em contextos com dinâmicas sociais e econômicas complexas.
A prevenção do HIV em adolescentes e jovens é profundamente influenciada por determinantes sociais que ultrapassam o campo biomédico. Fatores como desigualdade de gênero, discriminação racial, pobreza, estigma relacionado à identidade de gênero e sexualidade, bem como acesso desigual à educação e aos serviços de saúde, configuram um cenário de múltiplas vulnerabilidades. As evidências indicam que ações de prevenção eficazes exigem abordagens interseccionais, territoriais e centradas nos direitos humanos, com investimento em educação sexual abrangente, acolhimento culturalmente sensível e participação ativa das juventudes na construção das políticas.
Os danos potenciais identificados nessa síntese reforçam que não basta replicar modelos “baseados em evidências” sem uma leitura crítica do território, da cultura e das condições estruturais que afetam os jovens.
É importante ressaltar que os resultados encontrados estão em consonância com as recomendações globais da OMS e do UNAIDS, que defendem uma abordagem combinada para a prevenção do HIV.

A eficácia das intervenções depende da capacidade de articular múltiplos níveis de ação (individual, comunitário e político), de promover adaptações culturalmente sensíveis e de garantir mecanismos de avaliação contínua e participativa. Sem isso, mesmo as melhores intenções podem resultar em efeitos limitados ou negativos.
Embora as intervenções tenham potencial de impacto positivo, os danos potenciais identificados evidenciam a urgência de adaptações estruturais, comunicacionais e psicossociais que garantam sua adequação às necessidades e características principalmente para o público adolescente. É fundamental que futuras estratégias sejam desenhadas de forma intersetorial, com participação ativa dos jovens, e sustentadas por políticas públicas que assegurem acesso, proteção e continuidade do cuidado.
Assim, esta síntese reforça a necessidade de que gestores, profissionais de saúde, educadores e formuladores de políticas considerem a evidência científica e as diretrizes internacionais como base para ações sustentáveis e resolutivas na prevenção do HIV em adolescentes e jovens.
Recomenda-se a ampliação de estudos científicos que abordem a prevenção do HIV entre adolescentes e jovens em suas diferentes estratégias, incluindo a profilaxia pré e pós-exposição (PrEP e PEP), o uso de preservativos internos e externos, bem como ações de educação sexual voltadas especificamente para adolescentes e jovens LGBTQIAPN+. Destaca-se, ainda, a necessidade de produção de evidências que contemplem a efetividade das abordagens de prevenção combinada nessa população.

autor Principal

Shirley de Jesus Coelho

shirleyjcoelho@gmail.com

Enfermeira

Coautores

Shirley de Jesus Coelho, Monica Taminato, Julia Yaeko Kawagoe

A prática foi aplicada em

São Paulo

São Paulo

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Rua Napoleão de Barros, 754 - Vila Clementino, São Paulo - SP, 04024-002, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Shirley de Jesus Coelho

Conta vinculada

11 nov 2025

CADASTRO

11 nov 2025

ATUALIZAÇÃO

01 jun 2023

inicio

28 dez 2024

fim

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

Arquivos

TAGS

nenhuma
unblocked games + agar.io