A Casa Reviver, situada no coração do Morro do Estado em Niterói, foi fundada em 2006 pelo casal Vinícius de Souza e Karina da Silva, após a perda trágica do irmão de Vinícius devido à violência ligada ao tráfico de drogas na região. Com o objetivo de prevenir que outros jovens trilhassem esse caminho, o casal iniciou um trabalho comunitário e socioeducativo.
O público-alvo da Casa Reviver são crianças, adolescentes e suas famílias, atendidos em atividades socioeducativas que buscam ampliar horizontes e promover sonhos alcançáveis em um ambiente inclusivo e de paz. Durante a pandemia, as atividades presenciais foram suspensas, mas o vínculo e as ações continuaram remotamente, utilizando aplicativos de mensagens e videochamadas. Em 2024, foram 250 pessoas participantes das diversas atividades e oficinas propostas.
O principal objetivo da Casa Reviver é fortalecer vínculos familiares e comunitários por meio de atendimento social e programas educativos. Oficinas de apoio educacional para crianças e adultos, abordando direitos da criança, promoção da cidadania e outros temas. A Roda de Gestantes oferece suporte pré-natal e conversas sobre desafios da gestação, em parceria com universidades e unidades de saúde locais. O programa Maternando visa formar uma rede de apoio para mães da comunidade, enquanto o Ler o Mundo promove letramento e desenvolvimento em jovens e adultos.
Todo esse trabalho é viabilizado graças ao apoio da comunidade, estudantes universitários e colaboradores voluntários, seja por meio de participação, apoio financeiro, campanhas ou outras ações voluntárias. O foco é promover criatividade, autoestima, senso crítico, cidadania e consciência cultural nas famílias atendidas, contribuindo para a transformação integral da comunidade.

O Morro do Estado, composto pelos morros Estado, Arroz e Chácara, representa uma das maiores comunidades de Niterói, tanto em população quanto em densidade demográfica (IBGE 2022). Apesar da presença de serviços públicos como UBS e unidades escolares, o acesso a serviços básicos ainda é precário, com relatos frequentes de desabastecimento de água e falta de saneamento adequado.
Durante a matrícula de 2023, um questionário socioeducativo foi aplicado para traçar o perfil socioeconômico dos usuários da Casa Reviver, revelando que 75% se identificam como negros ou pardos. Cerca de 22% não possuem renda fixa, enquanto 17% sobrevivem com menos de um salário mínimo. Em relação à moradia, 20,2% utilizam telha de amianto, 8,1% não possuem banheiro e 12% sofrem com desmoronamentos. Alarmantemente, 51,6% bebem água diretamente da torneira. Em relação à energia elétrica, 74,2% não possuem medidor, aumentando os riscos de curto circuitos. A pandemia agravou a saúde mental de muitos moradores.
Na última Roda de Gestantes, 73% estavam com exames de pré-natal pendentes e 40% não tinham todas as vacinas recomendadas, com a renda sendo o maior desafio enfrentado. Já que a maioria delas não estava trabalhando ou inscrita em programas de transferência de renda.
Esses dados respaldam os objetivos da proposta, visando ampliar o acesso à informação em saúde, mitigar a saúde mental e a defasagem escolar, além de aumentar a adesão ao pré-natal. Com o mapeamento no território, espera-se obter informações mais específicas para propor intervenções eficazes na melhoria da comunidade.

O projeto proposto a essa Chamada Pública prevê a realização de ações que visam mitigar os efeitos observados no pós pandemia do COVID, especialmente no que se refere à saúde mental e defasagem educacional. Além disso, visam fortalecer vínculos afetivos, contribuir para a melhoria das relações familiares, ampliar o acesso à saúde, promover ações de cidadania no território, aumentar a visibilidade dos desafios vividos pelos moradores de favelas e propor soluções inovadoras para a ampliação do cuidado com a saúde.
As atividades acontecerão no formato presencial, na sede da Casa Reviver, com a realização de um evento em uma unidade de ensino, além do mapeamento socioeconômico dos próprios moradores da favela.

As ações sociais previstas serão monitoradas a fim de verificarmos se o que foi previsto obteve o sucesso esperado. Essa avaliação mensal nos possibilitará fazer alterações sempre que necessário para atingirmos nosso público-alvo da melhor maneira possível. 18 de 24
O longo histórico de atuação no Morro do Estado e bom relacionamento com as famílias assistidas nos assegura a continuidade das ações sociais graças a articulação em rede com nossos parceiros e equipamentos públicos, que contribuirão para o sucesso do projeto proposto, mesmo se houver quaisquer tipos de desafios.
Espera-se impactar diretamente 160 indivíduos do Morro do Estado, sendo 80 crianças, 30 gestantes, 20 mulheres, 15 adultos e/ou idosos e 15 jovens, além do público da unidade de ensino que pode somar mais 50 indivíduos. Os resultados obtidos e as lições aprendidas neste projeto piloto serão essenciais para a viabilização da aplicação da metodologia em outras favelas do município e regiões vizinhas.

A dica de ouro para qualquer tipo de proposta social é ouvir atentamente a comunidade. A partir dessa escuta ativa, é possível traçar um plano de ação e articular com diversas iniciativas, públicas ou privadas, a fim de mitigar riscos e promover o desenvolvimento comunitário.
Quando se trata de saúde na favela, nossa prática tem se mostrado eficaz na promoção de atividades e oficinas de letramento em saúde para todos os públicos. Com o conhecimento básico sobre o cuidado de si e do outro, o indivíduo passa a ter mais consciência e autonomia no cuidado da própria saúde, além de buscar informações verdadeiras sobre determinados temas.
Outro ponto importante é a articulação com a unidade de saúde mais próxima ao ambiente de trabalho, promovendo ações conjuntas com o objetivo principal de cuidar da população.
Rodas de conversa com profissionais facilitando discussões sobre temas relevantes também têm se mostrado uma ferramenta eficaz. Os grupos de apoio que surgem a partir dessas iniciativas são sólidos e promovem ajuda mútua.
Além disso, atividades que colocam as crianças no centro do processo, tornando-as multiplicadoras do conhecimento, também geram bons resultados. Sobretudo no âmbito da saúde mental e justiça climática/racismo ambiental.

Principal

Karina da Silva

gabriela@semprecrianca.org

Coordenadora Geral

Coautores

Karina da Silva, Vinícius Souza, Lia Castanho, Gabriela Veras.

A prática foi aplicada em

Niterói

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Rua Padre Anchieta, 156 - São Domingos, Niterói - RJ, Brasil

Uma organização do tipo

Terceiro Setor

Foi cadastrada por

Gabriela Veras de Moraes

Conta vinculada

06 mar 2025

CADASTRO

06 mar 2025

ATUALIZAÇÃO

06 jun 2006

inicio

Condição da prática

Andamento

Situação da Prática

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