O CTA/SAE Fora dos Muros é um projeto desenvolvido desde março de 2024 com o propósito de levar informação e conhecimento sobre os serviços ofertados pelo Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado (CTA/SAE) e sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) de forma leve, acessível e humanizada. A iniciativa surgiu da necessidade de ampliar o alcance das ações de prevenção e cuidado, aproximando a população dos serviços disponibilizados pela unidade e promovendo acolhimento e escuta qualificada para além do espaço físico do CTA/SAE. O objetivo geral do projeto é ampliar o acesso da população às informações e aos serviços oferecidos pelo CTA/SAE, por meio de ações educativas e de promoção da saúde realizadas fora dos limites físicos da unidade. Entre os objetivos específicos, destacam-se a divulgação dos serviços prestados pelo CTA/SAE junto à comunidade, a disseminação de conhecimento sobre ISTs, HIV e hepatites virais de forma leve e acessível, a redução de estigmas relacionados às ISTs e ao uso do CTA/SAE, o estímulo à prevenção e ao diagnóstico precoce, o incentivo ao autocuidado e ao protagonismo em saúde sexual, além do fortalecimento de parcerias intersetoriais com instituições públicas e privadas.
As ações do projeto são realizadas em diferentes espaços da comunidade, como escolas de ensino médio, técnico e superior, unidades básicas de saúde, empresas privadas, feiras livres, comunidades terapêuticas e outros ambientes estratégicos. Durante as atividades, são promovidas rodas de conversa, palestras interativas, dinâmicas educativas e distribuição de materiais informativos, além de orientações sobre prevenção combinada e encaminhamento para os serviços de saúde quando necessário. O ambiente é planejado de forma leve e acolhedora, valorizando o diálogo e a troca de saberes, o que contribui para a quebra de preconceitos e a redução do estigma em torno das ISTs e do uso do CTA/SAE.
Antes da implementação do projeto, observava-se que grande parte da população desconhecia os serviços prestados pelo CTA/SAE e não buscava, de forma espontânea, orientações ou testagens para HIV, hepatites virais e outras ISTs. Entre os principais fatores identificados estavam a distância geográfica, o estigma associado à procura do serviço de referência e a ausência de estratégias educativas externas voltadas à comunidade. Essas limitações impactavam diretamente o acesso à prevenção e ao diagnóstico precoce, evidenciando a necessidade de desenvolver ações fora dos muros da unidade, com foco na promoção do cuidado integral e na redução das vulnerabilidades sociais e de saúde.
Para o acompanhamento e avaliação das ações, foram coletados e monitorados os seguintes indicadores: 11 encontros realizados, com a participação de 835 pessoas de diferentes faixas etárias, incluindo adolescentes, adultos, idosos e trabalhadores da saúde. Foram distribuídas 2.372 unidades de preservativos e 800 unidades de materiais informativos, fortalecendo a disseminação de informações e práticas de prevenção.
Os resultados obtidos demonstram impactos expressivos, como o aumento da procura pelos serviços do CTA/SAE após cada ação externa, maior visibilidade do serviço como referência em ISTs no município, participação ativa de escolas, profissionais de saúde e empresas como multiplicadores de informação, além da redução de barreiras relacionadas ao estigma e da percepção de maior acolhimento por parte dos usuários. Observou-se, ainda, o fortalecimento da rede de atenção à saúde, consolidando o papel do CTA/SAE como espaço estratégico na efetivação das políticas públicas de prevenção e cuidado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
A experiência do CTA/SAE Fora dos Muros demonstra que é possível ampliar o acesso à prevenção e ao cuidado em ISTs de forma criativa, acolhedora e integrada à realidade local. Para outras equipes que desejem desenvolver iniciativas semelhantes, recomenda-se começar com o mapeamento de territórios e públicos prioritários, construindo parcerias com escolas, unidades de saúde, instituições e lideranças comunitárias. A escuta ativa, o diálogo e o respeito às especificidades de cada grupo são fundamentais para o êxito das ações. Além disso, é importante planejar atividades que unam informação e acolhimento, utilizando linguagem acessível e espaços de convivência que aproximem o serviço da comunidade. Pequenas ações contínuas, realizadas com empatia e compromisso, podem gerar grandes transformações e inspirar novas práticas de promoção da saúde no SUS.
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