Enfrentamento aos Desafios da Baixa Cobertura Vacinal: um Relato de Experiência

A presente pesquisa consiste em um relato de experiência fundamentado nas vivências de uma estratégia adotada no município para melhoria da cobertura vacinal na cidade de Pombal-PB. Dessa forma, podemos concluir que a vacinação é uma estratégia coletiva, assim como relata a OMS, os serviços do município devem trabalhar articulados para sensibilizar a população quando a necessidade da imunização. Além disso, ficou evidente que as baixas coberturas vacinais está ligada, em sua maioria, a pessoas assistidas por programas sociais como bolsa família, ou seja, pessoas em situação de vulnerabilidade social. E estas só procuraram colocar a caderneta de vacinação em dias por temer a perda do recurso.

Relatar as vivências da equipe de imunização da Secretaria Municipal de Saúde de Pombal-PB na adoção de estratégias diante das baixas coberturas vacinais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Descrever a implantação o Termo de Quitação de Vacina para o recadastramento do Bolsa Família e matrícula escolar no município de Pombal – PB; • Relatar sobre a capacitação com a equipe de enfermagem e ACS da atenção básica; • Descrever a implantação o “vacina móvel” com vacinação itinerante pelas ruas do município de Pombal.

Quanto à metodologia, trata-se de um relato de experiência fundamentado na vivência de estratégias adotadas para melhoria da cobertura vacinal na cidade de Pombal-PB. Iniciamos a realização de reuniões intersetoriais para alinhamento com as Secretarias de Educação e Assistência Social, no qual ficou estabelecido que para realizar a matrícula da criança na escola e o recadastramento do Bolsa Família, seria necessário a apresentação do Termo de Quitação de Vacina (figura 1) expedido pela enfermeira da Estratégia de Saúde da Família que a criança pertencesse. O documento seria solicitado às crianças de 0 a 14 anos e expedido após esquema vacinal concluído. As vacinas são ofertadas de segunda-feira a sexta-feira nas Unidades Básicas de Saúde e Policlínica Municipal, e quinzenalmente aos sábados. Para melhorar a adesão da população, foi realizado um trabalho de educação permanente com enfermeiros, técnicos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Com a equipe de enfermagem, foi realizada capacitação em sala de vacina pela empresa terceirizada “Projeto Salvar” com o multiplicador Clébson Veríssimo da Costa Pereira, no período de 06 a 27 de outubro de 2022, totalizando 80 (oitenta) horas/aulas com atualização teórico/prático sobre vacinas (figura 2). Já os ACS, tiveram capacitação em caderneta de vacinação, na qual puderam identificar as vacinas em atraso dos usurários assistidos. Dessa forma, ao implantar a obrigatoriedade do termo de quitação, tivemos ciência que as equipes estariam aptas para identificar e vacinar as crianças. No tocante à cobertura da COVID-19, diante da problemática de baixa adesão de início e conclusão de esquema vacinal, havia a resistência da população em se deslocar até os pontos de vacinação. Dessa forma, uma ambulância foi equipada, munida de um ambiente propício com ar condicionado, maca, materiais e insumos para realizar vacinas nos bairros. Assim, o município de Pombal foi a primeira cidade da 10ª e 13ª Regiões de Saúde a desenvolver essa atividade (figura 3 e 4). Por um mês, no período de 01/12/2021 ao dia 30/12/2021 foram percorridos os bairros mais vulneráveis do município, as atividades iniciavam às 17 horas e se estendiam até às 20 horas, horário estratégico, pois culminava com o fim do expediente de trabalho de alguns usuários. Ao realizar essa busca ativa de usuários, é possível interagir não só com o usuário, de maneira isolada, mas com o mundo que o cerca, seu espaço e território. Além disso, torna-se possível entender e conhecer as relações que o usuário cria com sua morada, familiares e sociedade, assim como o grau de envolvimento com os mesmos (PEREIRA, et al., 2013).

Analisando a cobertura vacinal retirados dos anos de 2022 e o primeiro bimestre de 2023, podemos identificar os dados demonstrados na tabela 1 abaixo. De acordo com a tabela acima, apenas BCG, Pneumocócica, CONJ C e Varicela tiveram cobertura vacinal maior que 90%, já outras vacinas, como Febre Amarela (FA) e Tríplice Viral (D2), não obtiveram nem 80% da cobertura vacinal. Esses dados vão de encontro com a atual situação da Paraíba e do Brasil, que também não atingiram a meta de cobertura vacinal para a maioria dos imunizantes do calendário básico infantil em 2022. A tabela 2 abaixo apresenta os dados da cobertura vacinal do ano de 2023. De acordo com os dados apresentados na Tabela 2, nesse primeiro bimestre, após a exigência do Termo de Quitação de Vacina, observamos um aumento da procura por vacinação e, consequentemente, uma melhora considerável da cobertura vacinal em alguns imunizantes, cuja meta mensal é 28 doses/mês para cada imunizante de crianças até 12 meses. Nesse sentindo, observa-se que a DTP, Febre Amarela, Hepatite A, Meningocócica C, Pneumocócica C e Tríplice Viral obtiveram mais de 100% de cobertura vacinal e as demais seguem em acessão. A queda das coberturas vacinais tem sido atribuída a diversos fatores, entre eles: o sub financiamento do Sistema Único de Saúde, problemas de gestão dos serviços, organização das salas de vacinação e da comunicação em saúde e o aumento de vacinas do calendário. Todo esse cenário acaba resultando em uma maior complexidade do programa, desde a gestão até a administração (DONALISIO MR et al., 2023). Ainda segundo os autores, outros fatores cruciais que contribuem para o contexto de queda da cobertura vacinal é a mudança do sistema de informação de dados de doses aplicadas para dados individuais, o desconhecimento da importância da vacinação, o fortalecimento dos movimentos antivacinas, e a disseminação de fake news, que juntos reforçam a hesitação em vacinar (DONALISIO MR et al, 2023). No tocante à vacinação da COVID-19, durante o período de 01/12/2021 até o dia 30/12/2021 foram registradas 5.120 pessoas vacinadas, na faixa etária de 12 a 102 anos, com esquemas de 1°; 2°; e 1° reforço, sendo respectivamente: 215 doses, 1.853 doses e 3.051 doses. Desse total geral, 30% (1.536 doses) das vacinas aplicadas foram realizados pelo “vacinamóvel”. A ideia de facilitar o acesso às vacinas aumentou em 30% o percentual de imunizados para esquemas de primeira, segunda, e 1° reforço. Nesse sentindo, constatou-se que é de suma importância ampliar as modalidades de vacinação, pois foi comprovada por meio de números, a melhoria da cobertura vacinal. CONCLUSÕES Dessa forma, podemos concluir que a vacinação é uma estratégia coletiva, assim como relata o Ministério da Saúde. Nesse sentindo, os serviços do município devem trabalhar articulados para sensibilizar a população quanto à necessidade da imunização. Ficou evidente que as baixas coberturas vacinais estão ligadas, em sua maioria, a pessoas assistidas por programas sociais como Bolsa Família, ou seja, pessoas em situação de vulnerabilidade social que só procuraram colocar a caderneta de vacinação em dias após a solicitação do setor, por temer a perda do recurso. Podemos, então, reafirmar a importância da implementação de uma estratégia de vigilância em saúde abrangente, que contemple ações intersetoriais de promoção da saúde, controle e redução das doenças e agravos à saúde, de população e ações específicas. Segundo Teixeira e Pinto (2023), essas ações voltadas aos diversos níveis de atenção do SUS tem ênfase na consolidação de uma atenção primária resolutiva, na organização de redes territorializadas de serviços de saúde e ações de comunicação em saúde, que contribuem para a consolidação de uma consciência sanitária fundamentada na valorização do conhecimento científico e no reconhecimento do direito universal à saúde, em defesa da democracia e da garantia de uma vida digna para todos os brasileiros. A utilização desses instrumentos, acoplados ao conjunto de medidas epidemiológicas utilizadas, foi fundamental na estruturação de uma consciência sanitária específica, fortalecendo a visão da vacina como um bem público, de caráter universal e equânime, incorporando às práticas do município uma visão de novas ações institucionais que gerou ótimos resultados. Contudo, percebemos que algumas pessoas ficaram na espera da vacina dentro de sua residência, perdendo o compromisso de se vacinar nas unidades básicas de saúde. As ações implantadas no município tiveram um impacto positivo e de bastante relevância para o aumento da cobertura vacinal contra a Covid-19, e o município segue se reinventando e adotando novas estratégias para melhoria da cobertura vacinal. REFERÊNCIAS DONALISIO MR et al. Vacinação contra poliomielite no Brasil de 2011 a 2021: sucessos, reveses e desafios futuros. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 2, 2023. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2023.v28n2/337-337/pt acesso em 10 maio 2023. MACIEL, E. et al. A campanha de vacinação contra o SARS-CoV-2 no Brasil e a invisibilidade das evidências científicas, Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 3, 2022. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2022.v27n3/951-956/pt, Acesso em 01 maio 2023. PEREIRA, M.O. et al. Busca ativa para conhecer o motivo da evasão de usuários em serviço de saúde mental, ACTA Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 5. 2013. Disponível em: https: //www.scielo.br/j/ape/a/PnCzppCWLzFFFKrfqhtNTcx/abstract/?lang=pt. Acesso em 22 maio 2023. TEIXEIRA, C. P.; PINTO, I. C. M. Análise de modelos e estratégias de vigilância em saúde da pandemia da COVID-19. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 2, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/GW3LSzZysCLTcNxdgBkvSbT/?lang=pt#. Acesso em 22 de maio 2023. TEMPORÃO, J. G. O Programa Nacional de Imunizações (PNI): origens e desenvolvimento. História, Ciência e Saúde, v. 10, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/XqLKLcj6NYjHdywSF6XPRZs/?lang=pt. Acesso em 22 maio 2023.

Principal

Rayane Pereira Bandeira

Coautores

Andreza Charlyane Neves Ferreira de Melo , Mayara Pereira Bandeira, Fabiana dos Santos Lins, Nome Maria Rita Alves Lopes, Lucimeire da Costa Ribeiro

A prática foi aplicada em

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23 dez 2023

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Concluída

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