Consulta ouro: uma prática efetiva de garantia de acesso e permanência ao pré-natal na Amazônia

Historicamente, o Amapá, e especialmente a capital Macapá, enfrenta desafios significativos na saúde de mulheres e crianças, refletidos nas altas taxas de mortalidade materna e infantil.Tais taxas sofrem grande influência das condições de assistência ao pré-natal, parto e puerpério. Os motivos para a não adesão ao pré-natal podem ser inerentes à gestante e principalmente a fatores extrínsecos. As disparidades no acesso ao pré-natal são determinadas por fatores geográficos e sociais, situação que ocorre, por exemplo, com os povos da Amazônia; a dificuldade à adesão da gestante ao pré-natal e o baixo número de consultas realizadas por essa população resultando em índices elevados de morbidade e de mortalidade materna. A demora para o agendamento da 1ª consulta, retornos e exames são obstáculos relevantes à não adesão precoce e à continuidade do pré-natal. Sabe- se, que o acesso e a permanência ao pré-natal qualificado durante a gravidez são cruciais para a redução da mortalidade materna. Considerando tais fatores, e a universalidade e integralidade na oferta dos serviços do SUS, a Consulta Ouro surge com a intenção de facilitar a adesão e permanência no pré-natal. O projeto consiste em priorizar o atendimento das gestantes nas UBS, fazendo com que a usuária no primeiro momento que procure a unidade comece de imediato seu pré-natal, sendo atendida por todos os colaboradores da equipe multiprofissional. O projeto começou em junho de 2023 e continua em execução, buscando melhorar a saúde materna e infantil na região.

OBJETIVO GERAL: Facilitar o acesso à primeira consulta de pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde, bem como garantir a adesão continuada deste serviço.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
➢ Melhorar os indicadores do pré-natal para o Previne Brasil;
➢ Fomentar a cultura do atendimento espontâneo e interdisciplinar para as grávidas nas UBS;
➢ Aumentar a adesão ao registro correto e completo no prontuário eletrônico – PEC de todos os atendimentos;

O projeto Consulta Ouro iniciou em junho de 2023, com registro de 18 edições. Estima- se que 1.601 grávidas já foram atendidas. Até o momento, nos dias da Consulta Ouro, já foram contabilizadas 1.222 consultas médicas; 878 consultas com nutricionista; 1.972 consultas de enfermagem; 852 consultas odontológicas; 645 assistente social, 288 atendimentos com educador físico; 288 consultas com fisioterapeuta; 525 consultas com psicólogo. Além disso, foram realizados 868 testes de HIV e sífilis; 1.736 testes de hepatite B e C e foram atendidas 395 receitas. Destaca-se que, todos os atendimentos descritos, são oriundos de demandas espontâneas na Quarta Ouro, sem agendamento prévio de consultas e/ou procedimentos citados. As usuárias adentraram as UBSs, solicitaram os atendimentos e prontamente foram atendidas. Outro fator que orienta os resultados alcançados são os indicadores do Previne Brasil. Por ser um projeto recente, temos disponível a comparação do ano de 2023, optando em comparar os dados do Q1/2023, quando ainda não tínhamos a Consulta Ouro, e o Q3/2023. Em relação aos testes rápidos para ISTs tivemos um aumento de 17% no Q3 (70%) em relação ao Q1 (53%). Sobre saúde bucal, tivemos um aumento de 20% no Q3 (44%) em relação ao Q1 (24%). No que se refere ao indicador 1 (6 consultas de pré-natal) tivemos um aumento de 6% no Q3 (23%) em relação ao Q1(17%). Os dados aqui apresentados nos orientam sobre as condutas necessárias para a continuidade dos cuidados no pré-natal.

São satisfatórios os achados quantitativos à adesão da Consulta Ouro. Elenca-se, a necessidade da busca ativa às grávidas nos territórios, possibilitando o cuidado assistencial ainda no 1º trimestre da gestação e consequentemente melhora no indicador 1 do Previne Brasil. A Consulta Ouro tem proporcionado às gestantes o atendimento multiprofissional, ampliando a rede de cuidado materno infantil. As capacitações nas UBSs facilitaram a adesão às novas práticas do pré-natal. Os treinamentos ofertados pelo E-SUS, facilitaram a compreensão dos profissionais sobre a importância dos cadastros das no PEC, bem como os registros corretos dos seus atendimentos. Contudo, ainda é notável que os números de consultas registradas nos prontuários físicos são superiores aos lançados no PEC, gerando inconformidade de dados. Este projeto é inovador, visto que, não há no Estado do Amapá nenhuma ação que se direcione de forma tão específica e prioritária à saúde materno infantil, solidificando-se assim como relevante política de cuidado. Os resultados alcançados mostram-se satisfatórios e evidenciam a aplicabilidade do projeto, facilitando o acesso e a permanência ao pré-natal e com potencial de diminuição de morbimortalidade materno infantil.

Principal

Larissa Penha Moraes

Coautores

Larissa Penha Moraes

A prática foi aplicada em

Macapá

Amapá

Norte

Esta prática está vinculada a

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Monique Melo Gomes

Conta vinculada

25 set 2024

CADASTRO

25 set 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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