FINALIDADE DA EXPERIÊNCIA:
A Atenção Básica (AB) ou Atenção Primária de Saúde (APS) é tida como a porta de entrada do SUS e o ponto de partida para sua estruturação no âmbito local, com grandes consequências no espaço regional, estadual e nacional. Só uma AB organizada e resolutiva dá acesso aos demais níveis do Sistema, com qualificação e de forma racional e humanizada. Tendo como metas: a interação com as famílias, com grupos sociais e populacionais e com as comunidades, em um território delimitado sobre o qual as equipes de saúde se responsabilizam (BRASIL, 2009). Dentro deste conceito identificamos em nosso território, o processo de estruturação da atenção básica em saúde fragmentado, fragilizado e não resolutivo. Onde o rompimento com a prática assistencial-curativista, ainda não foi totalmente rompido, apresentando graves distorções, no modelo de atenção à saúde pautado na criação de vínculo entre os usuários e as equipes de saúde, o desenvolvimento de ações voltadas aos grupos mais vulneráveis, o acolhimento das demandas de saúde, a promoção de hábitos de vida saudáveis, o reconhecimento e o enfrentamento dos fatores de risco para os indivíduos e para a coletividade, as ações de prevenção específicas, o atendimento às demandas espontâneas e os encaminhamentos oportunos para os demais serviços das redes de atenção.Além disso, as equipes de saúde por ora assumiam posturas defensivas que legitimavam práticas obsoletas e processos de trabalho com excesso de burocratização do cuidado em saúde, não respondendo dentro dos resultados de indicadores a serviços eficientes e resolutivos. Onde este profissional apresentava sérias dificuldades no entendimento das novas práticas integrativas de cuidado, na escuta qualificada e no acolhimento humanizado. Sendo um personagem tão vulnerável, quanto as pessoas atendidas dentro do seu território. Sem vínculos e sem uma coordenação integrada, parceira e co-responsável pela gestão do cuidado.Por tudo isso, identificamos a necessidade de resgatar os princípios norteadores da atenção primária em saúde e o vínculo de co-responsabilização que as coordenações municipais de atenção básica em saúde, tem com suas equipes. Além de renovar o processo de trabalho, implementar o cuidado, fortalecer a APS, com adoção de protocolos de gestão, de linhas de cuidado e protocolos de atenção e clínicos capazes de organizar o processo de atenção à saúde. Portanto significa muito mais que organizar a rede básica, ou as equipes de saúde da família e de agentes comunitários de saúde, mas elevar a atenção básica a um modelo estruturante da rede de atenção através da formatação do Colegiado Gestor da Atenção Básica, que compreende na representação de todas os gerentes e coordenadores de equipes de AB, com o propósito de garantir a integralidade e resolutividade do cuidado, neste caso se expressa na ponderação simultânea das características de cada território, durante o processo de elaboração do projeto de intervenção por todos os atores que podem alterar estas características e suas singularidades. Com perfil de um processo permanente de planejamento.Isso pode nos permitir a construção do diagnóstico sanitário do município e na elaboração de metas estratégicas para a transformação da realidade inicial, na dimensão do sujeito coletivo. Logo, pensar num Colegiado gestor de atenção básica é propor uma forma de planejamento em saúde pautado em uma agenda em constante transformação, alterada pelo acompanhamento e a avaliação da situação de saúde, com o propósito de fielmente modificar os problemas de saúde do município de Abaetetuba. Onde as mudanças do processo de trabalho, com a participação dos trabalhadores das equipes, expressando suas necessidades sentidas e planejando projetos e ações de intervenção, garantam a produção do cuidado.
A atenção básica em saúde como porta de entrada preferencial dos serviços de saúde e ordenadora do cuidado, necessita ser atraente, acessível e resolutiva, para promover o cuidado necessário a transformação das realidades locais de saúde e AB, com valorização de práticas curativista e fortalecimento de serviços de média e alta complexidade como padrão de qualidade em saúde. Além disso, na outra ponta da corda existiam equipes de saúde com práticas de trabalho obsoletas, engessadas e fragmentadas com profissionais descrentes e desacreditados na produção do cuidado.E a partir deste cenário, houve a necessidade de regatar o papel da atenção básica, empoderando estas equipes na produção da gestão em saúde, com a introdução da construção de um planejamento participativo
R. Siqueira Mendes